𝟏𝟎 ⧫︎ 𝐅𝐞𝐫𝐫𝐨𝐮! 𝐄 𝐟𝐞𝐫𝐫𝐨𝐮 𝐟𝐞𝐢𝐨❣

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O policial Hyung-Sik entrou na sala, dessa vez não estava lá fardado, usava uma camisa social meio aberta e um sobretudo preto. Ele se sentou na cadeira de metal em minha frente, apoiando seu pequeno copo de café na mesa, também de metal frio. Assim como as algemas desnecessárias em meus pulsos.

-- Bom, vamos começar então senhorita Lee?

-- Pera, você é quem faz o interrogatório?

-- Claro que sim, sou o detetive.

-- Mas...Mas, lá atrás, você estava...

-- Ah, aquilo? Não, não, só estava ajudando um amigo que sempre chega atrasado. Enfim, você pode começar contando a história desde o início certo?

-- Eu podia ter começado a contar a um bom tempo se o senhor fosse mais eficaz. - Murmurei. - Que parte da história senhor? Não é como se eu tivesse matado alguém.

-- Que temperamento em... - Ele sussurra - Pode começar me dizendo como conseguiu o cachorro.

-- É sério isso?

-- Muito sério senhorita. Esse é um cachorro de raça, você pode ser acusada de roubá-lo e ainda de possível tráfico de animais, mas tenho certeza que não é o caso. Então me diga, como conseguiu a bola de pelos em?

-- Minha irmã mais nova, Hye-ri, ela o achou no parquinho. Ele estava sozinho, ninguém veio procurá-lo, e ela começou a insistir que queria levá-lo para casa e adotá-lo, então eu permiti.

-- E ele não estava de coleira?

-- Não. Nenhuma.

-- E você não desconfiou que um cachorro daquele porte poderia ter um dono?

-- Pra ser honesta, não mesmo, nem sabia que aquele cachorro era um "cachorro de porte". Pra mim todos os cachorros são iguais, e merecedores de amor. - Ok. Não gosto de bichinhos, mas não sou a bruxa verde do oeste né!

-- Ok. É o seguinte senhorita Lee. - Ele se aproximou mais de mim, e com o dedo pediu que eu me aproxima-se também. - O Sr. Kim é um cara bem influente podemos dizer, a senhorita poderia devolver o cachorro pra ele a acabar com tudo isso aqui. O que acha em?

-- Inacreditável. - Voltei a me encostar na cadeira, e olhei através do vidro, onde sabia que o insensível do senhor Kim estava observando a interrogação. - Eu acho que devolver o cachorro assumi que eu o roubei, fato que obviamente não ocorreu. Então não, prefiro ficar com o MEU cachorro. E você pode dizer ao sem coração do senhor Kim a minha proposta, já que é isso que parece que estamos discutindo. Você pode sair dessa delegacia como um louco, ou como um homem que por boa vontade do coração deixou uma criança ficar com seu pequeno cachorro.

-- Eu já volto. - O detetive rapidamente saiu da sala, eu esperei e esperei, esperei tanto que pelos barulhos no teto havia começado a chover de novo, ele levou tempo lá fora, e tempo é uma coisa que com certeza não está ao meu favor hoje. Ouvi um barulho na maçaneta, o que aliviou minha ansiedade. Assim que ele abriu a porta e entrou juro que pude ouvir alguém dizendo "Mas ele é meu cachorro!" ao fundo.

-- Bom. - Hyung-Sik bateu a pasta na mesa e se levantou, virando de costas encarando o espelho. - Parece que isso aqui não vai para lugar nenhum como esperávamos. Senhorita Lee, obrigado pelo seu testemunho, a senhorita está livre até que o Sr. Kim comprove a posse do animal.

-- Sério? - O olhei incrédula e ele fez uma cara de desapontado.

-- Sim. Sinto muito Taehyung.

Ignorei totalmente qualquer coisa que ele tenha dito depois do mero "Sim". Fui até a ala infantil e encontrei os pequenos sentadinhos. Não estavam brincando com as outras crianças ali, Joon segurava sua jabuti no colo e abraçava Hye, que tinha em seu moletom o pequeno cachorro dormindo tranquilamente.

ʚ𝗚𝗹𝗶𝘁𝘁𝗲𝗿 𝗖𝗹𝘂𝗯ɞOnde histórias criam vida. Descubra agora