↳ I See The Light - Sahyo

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Título: Vejo Enfim a Luz Brilhar (Disney Princess #2).
Casal: Sana e Jihyo.
Gênero: Romance.
"Com ela aqui vejo quem eu sou. Ela aqui me faz sentir que eu sei para onde eu vou."

—x—

A mão pequena da loira não parava quieta de tanto nervosismo. Uma hora ela passava no vestido para secar o suor, outra hora ela enfiava na água, ou somente deixava em seu colo enquanto tremia.

— Jihyo-ah, e se isso quebrar todas as minhas expectativas? — Perguntou para sua companheira, apesar de estar tímida para encará-la nos olhos.

Minatozaki Sana nunca saiu de casa em toda sua vida. Isso não era uma metáfora ou um modo de dizer que ela quase não saia. Não, ela realmente nunca passou pelo batente da porta da frente. Isso era resultado de sua mãe, uma mulher muito controladora e neurótica, que afirmava diariamente o quanto o mundo exterior era perigoso demais e que preferia que seu "bebê" ficasse dentro de casa, onde estaria segura para todo o sempre.

Mas segurança era diferente de felicidade.

Entretanto, como uma boa filha, Sana aceitou aquelas regras sem contestar. Amava a mãe mais que tudo e não queria desrespeitá-la ao lhe desobedecer ou, na pior das hipóteses, deixar a mulher triste e decepcionada com suas ações.

Mas aquele aniversário era diferente. Completar 18 anos era algo especial e Sana somente havia um desejo: ver as lanternas flutuantes que iluminavam o céu todo dia naquela data, que coincidentemente era seu aniversário e um feriado importante em todo país.

Minatozaki não tinha coragem para fugir de casa sozinha, portanto pediu ajuda para sua melhor amiga, Park Jihyo. Elas se conheceram por meio da internet, único método (e bem limitado, considerando o quão rígida sua mãe era para cima de si) que a menina conseguia enxergar o mundo. Morar no meio do nada dificultava mais ainda as coisas, já que nem vizinhos ela conseguia ver. Não havia ninguém ao redor de sua casa.

Quando elas se encontraram pela primeira vez, no início daquele dia, foi muito estranho. Tirar Sana de casa sem a mãe notar foi complicado, mas quando as duas finalmente saíram de perto da casa e tiveram tempo para se olharem, foi um momento inicialmente desconfortável porém reconfortante.

Sem ser sua mãe, Sana nunca havia visto outro ser humano pessoalmente, mas foi uma ótima experiência descobrir o que era um abraço e ainda mais vindo de Jihyo. Já para a coreana, o momento delas foi muito especial, principalmente ao notar que Sana era mais encantadora do que as telinhas mostravam. O cabelo loiro reluzente, o castanho de seus olhos brilhando...

As duas percorreram um grande caminho para chegarem no local onde Jihyo havia organizado especialmente para as duas. Park tinha alugado um barquinho e as duas foram remando até o meio do lago que ficava no centro da cidade, onde dava uma visão perfeita para o evento. O lago estava lotado de outros casais e famílias aproveitando aquele feriado.

Em somente um dia, Sana tinha conseguido viver mais do que em 18 anos.

— Sana, relaxe. Irá superar suas expectativas, você vai ver. — Respondeu a coreana.

— Tá mas... e depois? Durante toda minha vida eu fiquei observando de uma janela essas luzes flutuando no céu, imaginando como seria ver de perto. Agora está prestes a acontecer o que eu mais esperava, mas o que eu vou fazer depois disso?

Jihyo pegou a mão dela e fez um carinho de leve com o polegar. Surpresa com o contato repentino, Sana se virou para encará-la e acabou vendo um sorriso de arrancar seu folêgo.

— Essa é a parte legal de sonhar. Depois que você realiza um, tem que encontrar um novo sonho. — As duas ficaram se encarando profundamente, como se pudessem enxergar a alma de cada uma.

Apesar de não ter nenhuma vontade de desviar o olhar, Hyo viu um pequeno brilho subindo no canto da sua visão, então tratou de olhar para o céu para que sua amiga não perdesse nada.

— Olhe.

Sana seguiu o olhar dela. Bem longe, paralelo a montanha mais alta a vista, uma pequena luz laranja começou a iluminar o céu noturno. Quando a primeira foi lançada, outras milhares começaram a subir juntas, como se a primeira fosse um sinal. Até as pessoas do lago começaram a jogar suas lanternas flutuantes pro céu.

Sana estava maravilhada com a paisagem. Foram tantos dias olhando pelas janelas e presa naquela casa fúnebre, tanto tempo que ela mentiu para si própria, dizendo que não queria ver o mundo...

Entretanto, ali, na luz das estrelas, ela viu qual era o seu lugar. A garota sentiu que deveria estar ali. Não em um barquinho no meio de um lago e sim no mundo. Ela merecia sua liberdade, merecia poder aproveitar o quanto quisesse e viver o quanto pudesse.

Finalmente ela recebeu seu presente e viu aquelas luzes brilharem pessoalmente, passando por nuvens e nevoeiros. E a loira sabia que aquela luz tinha transformado seu mundo inteiro, trazendo uma porção de esperança para seu coração.

Ao pensar nisso, Sana notou que ela tinha uma luz em forma de pessoa. Alguém que sempre acreditou nela e a incentivou a buscar o seu maior sonho. Alguém que inflou aquela esperança em seu peito.

Tudo era novo, pois agora ela via. Jihyo era sua luz.

Aquele momento era tão especial para a loira quanto para a coreana que a acompanhou. Jihyo esteve ao lado de Sana por metade da sua vida, o que era muito tempo. Ela sonhava acordada sobre o momento que finalmente encontraria ela e poderia tê-la em seus braços.

Foi tanto tempo vivendo com um aperto no peito ao pensar no que ela poderia sofrer em casa e não contar para ninguém, ou sobre seus pesadelos que a mais nova sabia que ela tinha mas que se recusava a contar em detalhes.

Ela sabia que Sana era especial e demorou muito tempo para enxergar as coisas do jeito que são para ela. Tinha se apaixonado por alguém que nunca tinha visto e aquilo era assustador.

Com ela, ali, à luz das estrelas, Chaeyoung viu quem era. Foi naquele momento que ela notou que a menina era sua luz guia no meio de uma caverna cheia de escuridão.

Como se seus pensamentos estivessem interligados, ambas desviaram o olhar daquela paisagem incrível e encararam uma a outra. Palavras não foram ditas, era palpável o sentimento fluindo pelo ar.

Jihyo segurou o rosto da menina e acariciou. Ambas sorriram uma pra outra e se aproximaram mais ainda. Não demorou muito para que seus lábios se encostassem, debaixo daquelas milhares de estrelas.

Tudo era novo, pois agora elas viam e sabiam.

Elas tinham sua própria luz.

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