Twice Shots

↳ Heart Breaker - Jitzu

Título: Heartbreaker.
Casal: Jihyo e Tzuyu.
Gênero: Romance e Drama.
"Em um mundo onde corações humanos só aguentam três decepções amorosas, Jihyo é uma garota que já foi quebrada duas vezes pela sua namorada, mas perdoou todas elas."

—x—

Jihyo's Point Of View

Nervosismo corria em minhas veias. Fazia 4 meses desde que vi minha namorada pela última vez e hoje finalmente iria matar a saudade que eu tinha dela. Ficamos um bom tempo sem nos encontrarmos por conta de nossas faculdades escolhidas que ficavam em estados distintos, entretanto, isso não atrapalhou o nosso relacionamento de anos, que apesar de ter passado por algumas conturbações anos anteriores, ele prosseguia firme e forte.

Mais cedo eu já tinha feito check-in no hotel e deixado todos os meus pertences lá. Meu cunhado tinha me dito em qual alojamento eu poderia encontrá-la e qual horário Tzu já estaria livre de suas aulas presenciais. Sendo assim, eu esperei até o horário para sair de casa.

Na frente do alojamento, bati na porta. Uma menina um pouco menor do que eu abriu e ficou confusa ao me ver. Estendi minha mão em forma de cumprimento, ela provavelmente era uma das meninas que Tzuyu já tinha me dito que morava junto dela.

— Olá, eu sou a Jihyo. A Tzuyu está em casa? — Ao ouvir meu nome, seus olhos automaticamente se arregalaram.

— Ahm... Oi, sou Chaeyoung. — Recolhi minha mão que tinha sido ignorada. — Tzuyu, né? Bom, ela...

Antes que Chaeyoung respondesse, uma risada alta e familiar ecoou dentro das paredes.

— Para! — Era a voz de Chou, reconheci. Como a menor parecia ter paralisado totalmente, empurrei ela pro lado, agradeci com um sorriso tímido e entrei dentro da casa.

— Onde é o quarto dela? — Perguntei esperançosa que ela me respondesse. Não foi o caso, ela continuou estática. Tudo certo, eu acharia sozinha.

Comecei a explorar o alojamento, uma tentativa de encontrar ela. Eu estava doida para vê-la, abraçá-la e encher ela de beijinhos. Eu só esperava que ela gostasse da surpresa e eu não tivesse chegado em uma hora inoportuna e ela estivesse ocupada demais estudando. Estava planejando essa surpresa fazia alguns meses, tive que trabalhar bastante para juntar o dinheiro e arrumar uma folga para viajar, já que ela não ia para minha cidade nunca.

Uma porta estava entreaberta e eu a empurrei lentamente, esperando que fosse a dela. Dentro do quarto tinha uma cena um tanto quanto constrangedora. Um homem estava em cima de uma moça, a beijando vorazmente. Eles não notaram minha presença e eu iria fazer questão de sair sem ser notada, só que eu reconheci aquela saia rodada rosa, pois eu tinha dado aquela blusa a minha namorada.

Não...

Andei para trás até esbarrar na parede do corredor. O pequeno barulho que causei foi o suficiente para que os dois parassem de se beijar e olhassem em minha direção.

"Jihyo!" Ela gritou quando nossos olhos se cruzaram.

Uma dor absurda apareceu em meu peito, fazendo eu soltar um grito. Coloquei minha mão em cima do meu coração e deslizei até o chão, perdendo a força das minhas pernas. Tzuyu correu em minha direção e um garoto a seguiu, parecendo confuso.

— Chaeyoung, chama uma ambulância! — Gritou Tzuyu ao se ajoelhar na minha frente. Minha visão começava a escurecer e a dor não cessava em momento algum.

— Acho que você quebrou meu coração de novo... — Murmurei. Ela pegou minha mão que estava apoiada em meu peito e segurou bem forte.

— Por favor, não me deixe. Segure minha mão. — Tentei fazer isso, mas eu estava sem forças nenhumas.

Não sei como, mas a dor aumentou mais ainda. Era como se alguém tivesse tirado o coração do meu peito e apertasse ele, e esse alguém continuaria a fazer isso até que ele virasse poeira. Eu não conseguia mais ouvir perfeitamente. Os gritos do homem, o desespero da amiga de Tzuyu e os sussurros da própria viraram ecos, que estavam cada vez mais distantes.

Lentamente, meus olhos se fecharam.

Lentamente, meus olhos se abriram.

Eu estava num local totalmente diferente do que da última vez que eu tinha consciência. Tudo estava escuro demais e meu corpo parecia gelatina, igualmente mole como o doce.

Pisquei.

Tudo estava claro demais. Muito branco, muitas luzes, muitas pessoas, todas de branco. Eu estava deitada totalmente, encarando o teto branco enquanto eles discutiam sobre mim.

Pisquei.

Eu não tinha mais esperanças. Entre as idas e vindas de minha consciência, ouvi dizerem que não tinha um coração para me doar e como esse aqui já era... Só restava esperar.

Pisquei.

Mamãe estava chorando. Quando ela tinha chegado? Ela chorou mais ainda ao ver que meus olhos estavam abertos, ela falava algo pra mim e parecia desesperada, mas eu não estava entendendo. Desculpe mamãe.

Pisquei.

Aquele garoto chorava do meu lado. Eu nem o conhecia, por que estava chorando? Agora ele poderia ter sua mulher sem nenhuma interrupção. De qualquer jeito, não o culpava, não sabia sua versão para julgá-lo.

Pisquei.

Minhas duas irmãs mais novas me encaravam assustadas. Cada uma segurava minha mão e derramava lágrimas sob mim. Queria sorrir para poder confortá-los, mas não conseguia. Não tinha motivos para sorrir.

Pisquei.

Papai estava brigando com alguém na porta do quarto. Esse alguém conseguiu entrar no meu quarto contra a vontade dele. Era Tzuyu. Ela chorou mais ainda quando me viu. Quando viu minha situação. Quando viu a dor em meus olhos.

Ao vê-la, meu coração começou a doer novamente. Queria gritar em agonia, mas nada saía de minha garganta. Alguém faça isso parar, façam! Papai pegou Tzuyu pelo braço e a tirou a força do meu quarto.

Pisquei.

Eu não aguentava mais. Meu coração não aguentava mais. Aos poucos, eu sentia suas batidas diminuindo, quase parando. Abri meus olhos pela última vez. Tzuyu estava sentada na minha frente, chorando. Desta vez meu coração não reagiu a ela, porque ele não aguentava mais nada.

— Me desculpe. — Sussurrou ele.

Eu a desculpava, Tzuyu. Você me quebrou, isso era verdade, mas se eu tiver que ir, eu irei sem nenhum assunto pendente ou rancor guardado em meu pequenino órgão que estava virando poeira. De repente não havia mais nada.

A dor se foi. A calmaria voltou.

A luz se foi. A escuridão voltou.

O castanho dos seus olhos se foi, assim como eu.