3. UMA FESTA DE VERÃO

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O garoto reparou que já esteve naquela casa, mas distrai-se ao ver Eliza, que já estava ali na expectativa dos amigos. Na residência, uma música alta toma conta do ambiente e toda gente indesejável da escola está ali, paparicando e paquerando no quintal da casa, sujando o chão com os primeiros de muitos copos e garrafas de vidro que darão um baita trabalho para limpar.

 — Por que vocês não disseram que a festa era aqui, na casa do Daniel? – indagou Jeff, ao ver a figura loira e de olhos azuis na foto da parede da sala.

— Se disséssemos, você provavelmente não viria – respondeu Adam.

As dúvidas pairam na cabeça de Jeff como um assombro. Afinal, por qual motivo ir à casa de uma pessoa que só quer o seu mal? E por que os amigos dele convidaram-no para essa festa sabendo da longa história intrigante que Jeff tem com Daniel?

A frase que Adam disse momentos antes na saída da escola deixa o jovem com uma pulga atrás da orelha: “Quero ver as mudanças de alguns... Principalmente do idiota do Daniel”.

— Olha, eu vou embora. Não quero ficar aqui tendo que aturar a cara desse sujeito.

Os olhos dos gêmeos e de Eliza encontram-se num desespero disfarçado, escondendo algo que parecia com o medo de ficarem sozinhos ali na festa.

— Jeff, esqueça disso por um momento. Poxa, terminamos a escola hoje mesmo e agora podemos celebrar um pouquinho aqui. Não acha que já está na hora de deixar esse passado de vocês para trás? O Daniel nem vai notar a nossa presença no meio de toda essa gente – falou Eliza, motivando-o.

— Ela tem razão, Jeff. Ele nem vai notar – concordou Adam.

Adrian continuou calado. Não quer fazer com que Jeff se lembre de seu comentário, pois não quer ser considerado uma pessoa que não cumpre com suas palavras.

O garoto decide ficar esforçando-se para esquecer o bullying sofrido por Daniel desde sempre.

Jeff recorda muito bem das vezes que tentou tomar uma atitude para reverter a situação das implicâncias, mas a aparência constante de bom moço que Daniel sempre demonstrou aos pais dificultava isso. Sendo assim, se expulsassem o valentão, os diretores iriam perder toda a mordomia concedida de bom grado pelos pais dele, afinal ninguém além deles faziam contribuições mensais generosas para a escola. Jeff pensou em mudar de colégio, mas Dona Selena insistia em permanecê-lo ali porque desconhecia os pormenores da situação do filho, devido a boa atuação de Jeff. Para ele, já bastava para sua mãe saber de seu sofrimento pela morte de Rômulo; tentava fazer o máximo para que ela não o achasse um fracassado.

 
***

Os gêmeos encontram um jeito de aproveitar a festa que é agradável para ambos. Adrian começa a beber, conversar com outros colegas da escola sobre assuntos esdrúxulos e uma colega chama-o para dançar, até que a música hipnotizante toma conta de seu corpo.

— O que é isso? – perguntou Adrian para outro garoto que havia se aproximado, referindo-se a um comprimido numa das mãos.

— É para você ficar mais alegre. Vai, toma aí. Não acontece nada de exagerado. Eu mesmo já tomei várias vezes... Causa uma onda legal, vai por mim – insistiu Daniel.

Adrian, que já está com o raciocínio um tanto infértil devido as bebidas que tomou, ingere o comprimido sem precisar que Daniel insista mais uma vez. Em minutos, o entorpecente começa a fazer efeito, e o jeito nada habitual de agir de Adrian chama a atenção de Adam que, ao ver aquilo, dirige-se ao seu irmão para saber o que causa tal atitude pitoresca.

O AMOR DE JEFFOnde histórias criam vida. Descubra agora