Tormento - 23/09/2021

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Não importa quanto tempo passou, ele continua aparecendo nos meus sonhos para me perturbar. Não faz diferença fazer quase quatro anos que eu não vejo a cara dele direito e quase 3 que eu realmente não o vejo em lugar nenhum.

Ele continua, ocasionalmente, eventualmente, incessantemente aparencendo nos meus sonhos. Ele vem para repetir seus atos passados, me ridicularizar, ameaçar, intimidar...

Ele continua surgindo no meio da noite, nos lugares mais óbvios e nos mais improváveis para atrapalhar meu sono, me chamar pelos velhos nomes, me perseguir, bagunçar meus objetos e principalmente para berrar tudo em alto e bom som.

Muitas pessoas aparecem durante meu dormir, muitas. Muitas já não falam porque eu esqueci de como soam as vozes, então é como se comunicassem por telepatia. Mas tenho a memória forte da voz desta pedra no meu sapato.

Antes que pense que estou falando de uma paixão mal resolvida ou um ex namorado tóxico, te adianto que não é: estou falando do garoto que fez da minha existência um tormento por 3 longos anos.

Estou falando do garoto que arrumava uma ofensa e um comentário maldoso para cada centímetro de mim e de tudo que me circundava. Estou falando do garoto que mexia nos meus pertences, gritava no meu ouvido e cada dia mais roubava meu amor por mim mesma até que pouco a pouco, fez com que eu não conseguisse enchergar nada de bom em mim e desacreditar de todos que dizem que me amam, afinal, qualquer coisa era melhor do que eu.

Estou falando do garoto que ontem, no meio de um sono atrapalhado, pesado e agitado, resolveu me perseguir até uma salinha, em algum lugar misturado com a minha residência e o lugar que passei 9 anos da minha vida escolar. Veio bater na porta e tentar quebrar os trincos, querendo alguma coisa de mim, me deixando aterrorizada tamanha a força que a porta batia.

O terror foi tanto que pedi ajuda para outros nomes, nomes que não lembro ter chamado se não para tentar me defender de ataques, nomes de pessoas que também estavam cansadas do comportamento deste garoto. Nomes que por incrível que pareça, pela primeira vez me atenderam, tentaram tirar a ameaça de perto da porta e arrumaram uma brecha para que eu corresse, e eu corri. Corri com toda a energia que eu tinha no meu corpo.
Até chegar em algum outro lugar, outra mistura de lugares, onde tinham adultos e assim acaba o sonho.

Este sonho, porque já foram muitos outros e sei que outros estão por vir.

Este tormento, quero dizer, garoto, já saiu da minha vida faz tempo, mas permanece assombrando minha existência.

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