V. when the dead rise from the ashes

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      ALÍPIO ARCHERON

       Alípio tentou ignorar o bombardeiro de olhares curiosos e desacreditados que lhe foram lançados quando ele passou pelo corredor sinuoso da mansão

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       Alípio tentou ignorar o bombardeiro de olhares curiosos e desacreditados que lhe foram lançados quando ele passou pelo corredor sinuoso da mansão. Suas vestes escuras reluziam em constrate com o branco límpido do piso e das paredes, e Alípio parecia um ponto de escuridão em meio ao brilho lustroso do lugar. Com o braço preso ao dele, Reyna parecia tão deslocada e desconfortável quanto alguém em sua posição poderia estar. Embora seus costumes e comportamento remetessem à realeza antiga, Alípio conseguira a transformar em algo elegante o suficiente para que todos a vissem como a princesa que ela era. Pelo menos ela era bem versada sobre as regras de etiqueta. Seria no mínimo doloroso para Alípio tentar dar aulas de formalidade para Reyna e correr o risco que ela furasse seu olho com um garfo.

       - Pare de tentar arrancar meu braço, por favor. Eu ainda o quero - murmurou Alípio entre dentes, puxando suavemente o braço para longe de Reyna, mas ainda sem tirá-lo de seu alcance.

      - Talvez eu devesse arrancá-lo. Afinal, isso tudo é culpa sua - ela grunhiu, a selvageria escondida atrás da maquiagem e sorriso forçado.

      - Oh sim, me desculpe - replicou Alípio, ultrajado. - Esqueci que eu coloquei uma faca na sua garganta e a obriguei a concordar com o plano. Erro meu.

       Reyna revirou os olhos, e Alípio quase a repreendeu. A sorte deles é que já estavam mais afastados do aglomerado de pessoas no salão principal, senão seria no mínimo estranho para os convidados ver o quão desconfortáveis Alípio e Reyna pareciam com a presença um do outro, partindo do princípio que eles eram um suposto casal.

        - Pela Mãe, por que está tão nervosa? - Perguntou Alípio, guiando-a em direção à sala de jantar. - Não sei dizer se é fofo ou assustador.

       Reyna enviou um olhar assassino a Alípio.

       - Assustador, então - o macho murmurou e balançou a cabeça suavemente, como se perguntasse a si mesmo como fora parar naquela situação.

      Enquanto caminhavam, braços entrelaçados e corpos alinhados, Alípio observou os detalhes artísticos do palácio do Grão-Senhor da Corte Crepuscular.

        Naquela noite estaria acontecendo uma reunião de negócios entre as cortes seguida por um jantar. Era a ocasião perfeita para o anúncio do casamento, já que todas as pessoas relevantes do sistema hierárquico estariam presentes.

        - Não gosto disso. - A voz de Reyna o despertou de seu momento pensativo, e ele arqueou as sobrancelhas para ela, sem entender a raiz de sua fala. Ela continuou:

        - Nunca gostei disso, na verdade. A exposição, a obrigação de ser sempre o centro das atenções, a necessidade de validação. Acho estúpido e me deixa desconfortável. Desde que eu era princesa, costumava correr dos bailes para me esconder no meu quarto.

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⏰ Última atualização: Jan 22, 2022 ⏰

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