Objeto de troca

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- Você tá me machucando- reclamo me referindo á sua mão que aperta meu punho me puxando.

Ele não parece se importar com isso, pois continua indiferente e nem olha para mim. Preciso fazer alguma coisa, ou vou morrer sem nem ter tentado escapar.

Mal consigo pensar em algo quando sinto novamente alguém tapar minha boca com algum tipo de substância que faz com que eu apague.

Sinto um líquido gelado se chocar contra meu rosto e imediatamente recobro meus sentidos, abro meus olhos e vejo mechas dos meus cabelos pingando água, então levanto minha cabeça e ódio me toma por completo ao ver aquele homem em minha frente novamente. Agora estou em uma espécie de galpão e percebo uma galeria no alto.

Se eu pudesse me soltar, a primeira coisa que eu faria seria estrangular esse maldito, eu o odeio mais que tudo.

- Posso ver a fúria e a sede em me matar em seus olhos, eles até brilham senhorita Soares.

Minha respiração é tão carregada de raiva que sinto como se estivesse flutuando e não me dou o trabalho de respondê-lo.

- Fica muito sexy assim sabia?- seu comentário quase me atingiu- Muito bem, você finalmente vai saber o por quê de estar aqui.

Nesse momento vejo um homem adentrar no lugar e caminhar até nossa direção, com certeza um de seus homens, ele para ao lado do mascarado e fala algo em seu ouvido, assim que termina, sai em seguida.

Meu peito se movimenta em um ritmo descompassado acompanhando minha respiração que custa levar ar aos meus pulmões. Meus olhos estão fixos no homem da máscara a minha frente e por um instante achei que tinha o atingido e conseguido entrar dentro daquela imensidão azul que são seus olhos, porém sua expressão fria volta a ser a mesma em questão de segundos e não sei por que, mas aquilo tinha me atingido.

- Seu sequestro está sendo planejado a tempos Any, e eu não fico com toda a parcela de culpa. Alguém pediu para que eu eliminasse uma pessoa a algum tempo atrás e eu me recusei a fazer isso pois afinal não precisava de mais dinheiro em minha conta, mas ele insistiu, disse que poderia me dar algo melhor que dinheiro. Sendo assim, ele propôs uma oferta e eu avaliei bem, e bom, pensei que valesse a pena, e cá estamos nós.

Balanço minha cabeça e definitivamente não entendi nada.

- O que quer dizer tudo isso? O que eu tenho haver com essa merda toda?

- Você foi o "objeto" de troca!

Meu coração erra uma batida, mas é de desespero. Quem seria doente ao ponto de negociar uma pessoa, e com um psicopata?!

Espera, é claro,- dou um sorriso amargo- quem mais seria a não ser seu querido papai Gabrielly?!

Uma pontada de dor atinge meu peito e eu seguro o nó que se formou em minha garganta, pois sei que se soltá-lo virão juntas as lágrimas e eu não vou chorar na frente desse, argh desse maluco, que aliás agora está me observando com curiosidade.

Eu e meu pai nunca fomos próximos, na verdade só o conheci aos meus dezesseis, o que faz pouco tempo, ele enganou minha mãe dizendo que a amava e então quando soube que ela estava grávida simplesmente sumiu e ela me criou sozinha. A alguns anos ela faleceu, e foi quando ele apareceu, eu senti ódio e mágoa por ele a tanto tempo e agora esse ódio tomou conta de tudo que sentia por ele ainda mais, maldito seja por ter aparecido em minha vida.

Estou de cabeça baixa digerindo a merda toda, quando ouço palmas de alguém que agora está entrando no lugar onde estamos. Levanto meu olhar e não acredito em que estou vendo, ou melhor, quem.

- Olá, filha!

Sua voz sai sem nenhum tipo de afeto ou sentimento. Não esperava isso dele também, o típico homem milionário, vazio e que não tem amor em nada além do dinheiro.

Senhor Sequestrador - Adaptação Onde histórias criam vida. Descubra agora