| Beck
Quando estava com 15 anos conheci um menino, de olhos acizentados e cabelos escuros, descobri que ele era da minha sala e tinhamos a mesma idade, nos tornamos amigos rápido por termos os mesmos interesses, ele gostava de rock clássico e eu curtia um pouco, então nos primeiros dias tivemos bastante assunto quando ele notou o meu caderno do Guns N' Roses.
Depois que saíamos da escola sempre íamos juntos pra casa, ele morava apenas um quarteirão antes da minha casa, então era algo comum de se acontecer, então eu descobri que ele tinha um irmão mais velho- apenas alguns anos de diferença, mas quando ele me olhou, de algum jeito senti o meu peito acelerar, como nunca tinha acelerado antes.-Beck, você 'tá bem? - meu amigo me perguntou.
-Claro que eu 'tô, porque eu não estaria? - perguntei nervosa e ele apenas me falou que eu estava vermelha, e eu me amaldiçoei internamente por estar sentindo aquilo.Apenas me despedi dele e por um último minuto, olhei para o irmão dele e coloquei na minha cabeça de que eu ainda iria saber o nome dele e de algum jeito me aproximaria dele, eu era nova demais pra perceber o quão tola era naquela época e boba demais por nada entender os meus sentimentos ainda.
Ficava me perguntando se seria ele, quem me daria o primeiro beijo, o primeiro abraço e a primeira vez, se eu seria capaz de me afundar em um lugar que eu nem conhecia direito e hoje em dia eu percebo o quão boba fui de nadar em um lugar tão raso.
O fundamental foi simples, eu e Terry vivíamos juntos, éramos como dois imãs, sempre achavam que éramos um casal, mas eu não o via dessa maneira, passou-se um ano e eu fiz o tão esperado 16 anos e Terry depois de um tempo também fez, mas infelizmente, nós começamos a nos afastar, ele começou a andar com o tipo de gente ruim que você olha e percebe que não são confiáveis, Michael ficava me mandando mensagem perguntando sobre Terry, achando que o seu irmão estava comigo, mas no final a resposta era sempre a mesma, ele não estava.Terry começou a ficar com notas vermelhas e não aparecia direito na escola, eu como sua amiga sempre lhe mandava as matérias, mas ele só visualizava a mensagem e nunca me respondia, eu comecei a perguntar se o problema de tudo, era eu, se eu tinha feito algo e que talvez tudo isso estivesse acontecendo por causa de mim, será que ele me odiava? Eu era tão inútil e insuficiente assim?
Mas, teve um certo dia em que Michael me ligou.
-Beck! - disse Michael, desesperado com uma voz de choro, comecei a ficar nervosa por algum motivo que eu não sabia, mas coisa boa não era, eu estava com um mal pressentimento o dia inteiro e depois da seguinte fala de Michael eu desabei no chão chorando, tremendo e querendo que aquilo não tivesse acontecido e torcendo para que fosse apenas um sonho ruim- O Terry morreu Beck, ele saiu de casa hoje, estava estranho e não me disse para onde ele iria, eu recebi uma ligação do número dele e me falaram que ele sofreu um acidente com aqueles caras com quem ele andava, eu acabei perguntando como me ligaram do celular dele e me disseram que o meu número era o primeiro da emergência- dizia ele chorando e eu estava em choque, todos os momentos passando na minha cabeça e eu estava tentando não acreditar naquilo, que era uma brincadeira de mal gosto de Michael, mas pelo estado em que ele se encontrava eu percebi que infelizmente aquilo era a mais pura e dolorosa verdade.
-Michael, por favor me diz que isso não aconteceu, por favor!- chorando eu implorava, a ficha não caía de jeito nenhum e quanto mais eu pensava, mais o meu coração apertava de saudades, de raiva e da tristeza mais agoniante que já senti em toda a minha vida. Depois da ligação, ele veio aqui em casa e então o primeiro abraço aconteceu na situação mais triste das nossas vidas, o brilho que Michael tinha em seus olhos acizentados se perdeu na escuridão e eu só o abracei e silenciosamente prometi que iria proteger pelo menos ele desse mundo.
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Quando tudo estiver bem. (HIATUS)
Romansa"Era um dia normal, mas só foi ele aparecer que tudo desmoronou.. Comecei a lembrar do que aconteceu entre a gente. "Calma Beck, não pensa nessas coisas, não agora", falava comigo mesma." História em andamento.