Capítulo - 2

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   Sabe o que eu disse sobre não ser tão ruim morar em Vila Nova? Eu realmente retiro isso. Essa cidade é uma merda, esse clima é uma merda, e principalmente, essa escola é uma merda. Nunca gostei de levantar cedo e ainda tenho que olhar para cara dessas mesmas pessoas todo dia. Não gosto de socializar logo cedo.

   -Juli~ - Ouvir meu nome sendo cantarolado por uma voz feminina já conhecida.

   - Oi Lanna. - Guardo meu caderno de desenho na mochila.

   Estávamos do lado de fora da sala esperando o professor chegar. Por algum motivo essa escola deixa as portas trancadas e só podem ser abertas pelo professor responsável, fazendo com que os alunos fiquem jogados pelos corredores até a boa vontade deles tocarem o sinal. Anotar mentalmente que devo pesquisar se isso pode ser considerado algum tipo de crime.

   - O que estava desenhando? - Lanna largou sua mochila no chão e se jogou ao meu lado.

   - Nada de mais, apenas esboços. - Vi ela pegando o celular e dando um sorriso para a tela já ligada. - Mensagem do Diogo? - Ela me olha meio assustada, mas logo sua expressão começa voltar ao normal.

   - Ah... pra falar a verdade não. - Ela desliga o celular. - Sabe, tenho uma coisa pra te contar.

   Eu a olho. Ela nunca me avisa quando tem algo para contar ao menos que seja realmente sério. Pude ver ela ficando meio tensa, acho que eu estava encarando ela demais. Desvio o olhar para o cartaz de motivação que tinha na parede a nossa frente.

   - Vai me dizer que trocou o Diogo por outro? Porquê se for isso eu apoio totalmente. - Brinco e sinto ela ficar menos tensa quando solta sua risada gostosa. Sério, a risada dela é como a de uma criança. 

   - É, isso meio que faz parte do assunto.

   - Ainda bem que você percebeu que esse menino não é pra você. Tipo, quem em sã consciência diz que prefere assistir toda a saga crepúsculo que assistir Barbie moda e magia? - Lanna dá mais risada. 

   Olhei para a loira novamente, ela parecia mais calma e isso era um alivio. Sempre que tínhamos uma conversa séria ela ficava tensa, por isso sempre tentava fazer ela ficar mais calma, tipo um toque de realidade para ela saber que esta falando comigo.   

   - Tá, agora me conta o quê quer me falar. - Ela pegou minha mão.

   - Ok. - Ela respirou fundo. - Meio que eu... 

   O sinal tocou. É, odeio essa escola.

   - Depois você me fala , ok? - Ela assente e nos levantamos do chão.

   Em menos de um minuto o professor chegou abrindo a porta, agora teria que estudar três períodos de português em plena quarta. A semana com certeza não queria passar rápido apenas para brincar com minha cara, queria que chegasse logo fim de semana para ficar no meu quarto pintando e escutando música o dia todo.

   Eu nunca gostei de socializar com muitas pessoas e por esse motivo a escola era um tipo de desafio imenso, ficar a manhã toda tendo que (tentar) conversar com adolescentes cabeças duras que falam coisas que não fazem nenhum sentido era de fato cansativo. Fui até minha mesa no fundo da sala e me sentei pegando meu caderno dentro da bolsa, por algum milagre estavam todos em silencio, passei os olhos por toda sala e todos estavam olhando pro professor que estava com cara de quem comeu e não gostou. É, o dia vai ser longo.

   Três aulas de português é um pesadelo, e fica ainda pior quando seu professor parece que vai comer um vivo. Tá de mal humor? Fica em casa querido! Ninguém esta prestando atenção no que ele diz, se olhar em volta tem gente dormindo, olhando o celular por baixo da mesa, comendo ou só de cabeça abaixada rezando pro sinal tocar e eu sou uma dessas. Levantei minha cabeça e olhei pela janela, tinha algumas pessoas andando pela rua mas nada de tão interessante, até que algo me  chama atenção, parada do outro lado da rua encostada em um poste de luz e com o celular na mão está ela, Esther Rodrigues. 

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⏰ Última atualização: Nov 27, 2021 ⏰

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