2. MY DEAR BEST FRIEND

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A semana que seguiu no hospital não foi muito esclarecedora, Elizabeth mal saía do meu lado, mas ela se recusava a falar mais sobre Tom ou Théo.

Até pedi para ter um celular - eu devia ter um, não?! - mas ela disse que era recomendação médica que eu evitasse ter contato ou ver coisas que eu não gostaria no celular.

De alguma forma, eu sentia raiva e pena de Elizabeth ao mesmo tempo, apesar de ela ser controladora, ela se preocupava demais, às vezes parecia que ela me tratava como uma criança.

- Adivinha o que eu trouxe escondido? - ela chega no quarto com um vestidinho mid esvoaçante, um sorriso no rosto e o cabelo tão alinhado que chegava a dar inveja. Eu me olhei no espelho banheiro duas ou três vezes, e céus! Minha aparência estava péssima.

- Não sei, Lizzie. - Resmunguei, ainda com voz de sono.

- É um croissant e nessa garrafinha aqui... - aponta para uma garrafa térmica que carregava. - Black tea! - exclamou com uma felicidade que, sinceramente, não entendi. Chá preto? Eca! - Com leite! - Falou dando pulinhos.

- Acho que vou vomitar... - Digo me sentando. Eu realmente estava quase vomitando.

- Qual é, Mel? Não seja fresca, você adora. - Disse balançando a garrafinha.

- Eles não tinham café? - Perguntei inocentemente.

- Não, quer dizer, tinham. Mas você sabe que café não faz bem pra epiléticos. - Argumentou.

- Lizzie, eu sempre tomei café, nunca aconteceu nada.

- Nunca aconteceu até acontecer. Ao menos experimenta, teimosa, você vai se surpreender. - Insistiu.

Sem muita escolha, me dei por vencida e tomei um pequenino gole da mistureba.

Surpreendentemente, o amargo do chá preto contratava com o leite doce, causando uma explosão de sensações na boca.

- Hum, é... - disse dando um gole generoso. Elizabeth parecia apreensiva - Bom, muito bom!

- Te disse que você gostava! - Exclamou batendo palminhas. - Tem uma notícia boa. Você vai ganhar alta amanhã! O médico fez algumas restrições, é claro. Você não pode viajar, porque ele precisa te acompanhar e claro não pode ficar desacompanhada, mas isso é pela epilepsia. Meu Deus, Mel, pensei que fosse te perder! Nem acredito que vamos pra casa!

- Isso é maravilhoso, Lizzie! Ele não disse quando poderei voltar ao Brasil? - Perguntei sem querer ser grosseira.

- Na verdade, não... Eu esperava que quando você começasse a ter alguns flashes ou, sei lá, - suspirou - se lembrasse, você continuaria com a gente...

- Hum... - Fiquei um pouco pensativa, não queria magoar Elizabeth, ela tem sido boa pra mim. - E o Tom? Ele mandou notícias? - Sim, era verdade que nessa semana eu pensei nele quase constantemente, mas também no Théo. Se ele me amava, se seu gesto fora verdadeiro, por que ele não mandou por Lizzie nem um "vá a merda"?

- Não. - Disse quase ríspida se levantando. - Espera, não, ele ligou, perguntou como você estava, faz... Acho que uns dois dias, não sei. - Começou a abrir o croissant na mesinha ao lado da cama.

- Tive um flash ontem, ele estava nesse flash, talvez você pudesse me dizer que dia foi...

Elizabeth quase derrubou o croissant e não tirou os olhos do mesmo, não conseguia me olhar, aparentemente.

- É mesmo? Teve algum flash? Ah, meu Deus, isso é ótimo. - Ela falou, mas eu não tinha muita certeza dessa afirmação, já que sua voz parecia trêmula. - E como foi?

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⏰ Última atualização: Sep 27, 2021 ⏰

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