Está nevando quando eles pegam o trem de volta para o campus, os flocos grandes e fofos passando pelas janelas e abafando o som dos carros deslizando pelos trilhos. Jeno observa seus reflexos na vidraça contra a qual Renjun se inclina, as versões fantasmagóricas deles que olham para trás e imitam suas mãos entrelaçadas e rostos sonolentos. Se ele se concentrar, consegue ver Jaemin também, como uma casca leve sobre si mesmo, os dois descansando no ombro de Renjun, seu casaco vermelho felpudo amortecendo a cabeça deles.
"Espero que eles encontrem as canecas que deixamos," Jeno reflete.
Renjun pega seu olhar pela janela. "Do jeito que seu pai bebe café, eles vão perceber."
"Mas eles vão saber que é nosso, né? Esqueci de deixar um bilhete."
"Eles têm outro filho que estuda em nossa escola e poderia fazer uma compra na livraria do campus? Acho que eles vão saber."
Jeno balança a cabeça contra seu ombro, tranquilizado, e deixa o barulho dos trilhos embalá-lo novamente enquanto ele brinca com os dedos do outro entre os seus. Alguns meses atrás, ele nunca teria acreditado que voltaria para o próximo semestre tendo visto seus pais e compartilhado com eles não um, mas dois namorados, e ambos sendo aceitos apesar de sua natureza desumana. Ele se sente solto, como se tivesse sido congelado e depois descongelado lentamente; Jeno não sabia que podia conter tanta tensão inconscientemente, trabalhando tão duro para manter seus segredos.
Ele está nos dando aquele olhar de novo, querido.
Jeno volta os olhos para a janela, encontrando os de Renjun novamente.
Que olhar?
Mmm... você descreveria... como, nós somos a Terra, e ele é um astronauta que está longe de casa há muito tempo. Como se sua espaçonave estivesse na rota de retorno, tocando a atmosfera, e a descida queimasse, mas ele queria tanto pousar.
Um arrepio percorre Jeno, vendo no reflexo uma luz atrás dos olhos do outro garoto como as chamas brancas quentes do atrito, um pouco receoso, mas determinado a empurrar a resistência, não importa o que queime do lado de fora. E Deus sabe, Jeno resistiu, não foi uma abordagem fácil.
Você consegue sentir a energia emocional que ele exala para nós, Jeno? Consegue? Está lá o tempo todo. Se lançando em nossa atmosfera numa velocidade imprudente, disposto a perder peças no caminho, com medo, mas desesperado para pousar, mesmo que tenha que bater... talvez seja ele quem vem do do espaço, afinal.
"Tá pensando no quê?" respira Jeno, sentindo-se não muito diferente de um planeta girando no vazio.Renjun mantém seu olhar por mais um momento, então muda seus olhos para seu colo.
"Seu pai é bonito."
"Você tá... pensando no... meu pai." O planeta de Jeno para de girar e dentro de sua cabeça Jaemin ri alto.
Um rubor de vergonha sobe pelo pescoço e orelhas de Renjun. "Não, assim não! Não, quero dizer, você se parece com ele. Você é como ele... mais ou menos... calmo, pensativo. Mas também como sua mãe... todo apaixonado. Generoso e atencioso, complacente talvez até de mais. Tem muito deles em você."
Desse jeito, Jeno está girando de novo, a atmosfera abrasadora enquanto um alfinete em forma de Renjun o queima desde sua superfície.
A familiar cócega de Jaemin deslizando ao longo de seu braço sobe em sua pele, e um rosa cintilante desliza sutilmente sobre seu pulso para enrolar em torno de suas mãos entrelaçadas. Se Jeno é um planeta, Jaemin é seu núcleo, às vezes borbulhando e cobrindo-o, derretido, mas sempre lá no fundo e o mantendo unido; sua gravidade.
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Jeno and Hide
Ciencia FicciónJeno tem dois segredos. O primeiro o crush que tem em Huang Renjun desde o primeiro ano de literatura. O segundo é o simbionte ligado a ele, que se refere a ele como "nós" e gosta de chocolate, café e, inexplicavelmente, ursinhos de pelúcia. Ah, e R...