2 Capítulo

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Reflita sobre quem você é, olhe para trás e veja sua trajetória. A minha é péssima, por mais que as vezes eu goste de entregar meu corpo, tem seus prós e contras, nem sempre é flores e não é fácil como dizem para você, é difícil, mas por outro lado, é o único caminho de portas abertas para garotas como eu e foi por isso que eu segui sem olhar para trás, não tinha nada lá trás.

Ouvi muitas vezes de pessoas que não sabem nada dessa merda toda, dizerem: Vou rodar na esquina, só dando mesmo, para conseguir dinheiro. Tolas, tem horas que nem dinheiro algumas recebem, não são tão espertas assim.

Me encosto melhor no assento do aeroporto, eu poderia ir de ônibus numa boa, mas minha madrinha já havia pago pelo avião até lá.

Vejo no relógio que faltavam meia hora ainda, com isso opto por relaxar um pouco, me lembrando de uma cena nada bonita que presenciei na semana passada.

- Você não precisa fazer isso. - Disse à Raika, sabendo que não iria ser do jeito que ela queria, mas sim do jeito que eles querem.

Vão tratá-la mal e vão forçá-la a ter tripla penetração. Ela era uma menina nova, bem mais nova que eu. Raika havia acabado de completar dezoito anos e implorou a Estela que a deixasse fazer programa e voltar para a casa. Minha ex-chefe sabia que a menina iria dar muito lucro por ser novinha, diferente de cada uma de nós, ela deixou a menina fazer programa e voltar para a casa às nove horas.

Raika era muito iludida, eu me preocupava com ela como se fosse uma irmã mais nova.

- Você se sente não é Lilith? Acha que só você pode, mas eu também sou capaz. - disse decidida, olhando para minha mão que segurava seu braço.

Ela se soltou de meu aperto e em seguida foi até os dez homens que a esperavam dentro de um quarto reservado bem nos fundos, onde eu sabia que se ela gritasse, ninguém ouviria.

Olhei para Amélia, que mantinha um sorriso zombeteiro no rosto.

- O que foi? - Pergunta, quando nota que a encaro com seriedade e irritação.

- Ela não precisa disso, Raika não está acostumada.

- Mas ela quer isso, então deixa a menina quebrar a cara, a vida é assim. Ela só vai aprender se lascando. - Ela solta uma risada baixa e sem humor, voltando ao seu posto.

Transei com alguns caras aquela noite, batendo a minha meta de vinte e cinco. Eu estava exausta mas contente com a grana que havia ganhado, eu poderia pagar o aluguel do apartamento. E era só isso que importava no final. Eu podia ser uma louca sem causa, mas sabia priorizar as coisas, não era uma desmiolada, não deixava meu filho passando fome e nem sozinho. Carmen cuidava dele para mim, uma menina que conheci que era de minha total confiança.

Me encostei na parede do corredor que dava para onde Raika estava. Os caras ali tomavam todas, eles usavam suas porcarias para ter o pau duro por muito tempo, algumas meninas usavam drogas para passar por humilhações ou até mesmo para curtir o sexo, mas eu não. Eu preferia ficar sem nada, tinha um pouco de medo de alguém fazer algo comigo, como tinham acabado de fazer com a doce e frágil Raika.

Ela saiu carregada pelo segurança e eu fui atrás, entrando no quarto. O grandão deixou ela na cama friamente e se retirou batendo a porta. Me sentei ao seu lado vendo seu corpo nu e sangue por sua intimidade exposta, aquilo me causou um tremor no corpo e meu sangue estava fervendo de raiva, mas não podia fazer nada.

Fiz um leve carinho em seu rosto no momento que ela olhou para mim, fraca e com o olhar triste.

- Eles me desejaram tanto, me idolatraram. - Disse baixo, fraca, literalmente entregue as drogas.

Um pedaço do seu coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora