O último suspiro

Capítulo 30

Continuação...

AMYLIA

- o que deu Clark??
Perguntei um tanto ansiosa
- deu positivo Amy, você está grávida.
Me senti tonta e com falta de ar
- Oxigênio...
Pedi ofegante, Clark saiu do banheiro e logo voltou com o oxigênio.
- Não, eu não posso!
Dizia várias vezes balançando a cabeça como forma de negação.
- Você pode tirar...
Clark disse
- Eu não quero tirar, quero ter, talvez seja a única coisa que sobraria de mim quando eu for sabe.
Sorri entre lágrimas, e me olhei no espelho acariciando minha barriga.
- E seu pulmão Amylia?
- Tudo bem se eu não aguentar, mas eu não faço mais quimio então não tem problema algum pro bebê, mas eu não estou pronta para contar para Mikael.
Clark negou com a cabeça, como se não concordasse com aquilo.
- Me promete que você não vai contar Clark?
Ele revira os olhos, mas por fim cede ao meu pedido.
- Eu quero que você seja padrinho do meu bebê quando nascer, e você vai me acompanhar nos pré Natal e tudo, topa?
Sugeri
- Topo.
Ele sorriu e eu o abracei.
- Obrigada.
E agora eu estava pensando em como e quando contar para Mikael, preciso falar com ele que tenho poucos meses de vida.
- Você precisa contar pra ele.
Clark disse afastando do abraço
- Eu sei, mas estou com medo de atrapalhar os planos dele.
- Você já está escondendo isso de mais Amy, precisa contar pra ele...
- Contar o que?
Mikael aparece na porta do banheiro e eu escondo os testes de gravidez numa gaveta do lavatório do banheiro.
- Vou deixar vocês a sós.
Clark sai e me deixa com Mikael.
- Contar o que?
Ele diz confuso e indiquei que fôssemos para o quarto e que sentasemos na cama,era hora de falar com ele.
- Amor...
Segurei suas mãos e olhei em seus olhos.
- Lembra quando fomos na sorveteria pela primeira vez?
- Lembro,o que tem aquele dia?
- Aquele dia eu tinha ido em uma consulta com minha pneumologista,Joe até tinha ido comigo e a minha médica disse que eu não iria viver por muito tempo, porque o câncer evoluiu por isso entrei em coma, e agora só me restam alguns meses...
Ele ficou imóvel,e eu não consigo controlar minhas lágrimas, era difícil ter que lidar com aquilo e eu não queria que ele lidasse com isso também.
- Por que você não me contou Amy?
Ele perguntou com tom de desapontado.
- Por medo...
- Mas eu sempre, sempre deixei claro que você podia contar comigo,já é a segunda vez que você faz isso,quer saber,vou pro Canadá amanhã.
Ele disse furioso
- Isso é sério Mikael?
Levantei da cama e sequei as lágrimas
- Você sempre faz isso Amylia,não tem como continuar assim!
Ele olha pra mim sério
- Você está terminando é isso?
Perguntei e ele assentiu com a cabeça
- Tudo bem!
Comecei a arrumar minhas malas,fui até o banheiro peguei meus testes de gravidez da gaveta e enfiei na mala.
- Sai do quarto por favor,vou me trocar.
Ele ficou imóvel
- Você não vai fazer nada pra impedir?
O mesmo perguntou
- O que eu tenho que fazer?
Não posso te obrigar a ficar comigo,não quero carregar a culpa de ser a causa da sua infelicidade,se você não me quer,a única coisa que posso fazer é ir embora.
Eu disse imparcial e comecei me trocar com ele ali mesmo.
- Você não precisa ir hoje,eu durmo em outro quarto.
Ele disse e eu levantei a mão para que ele parasse de falar.Assim que acabei de me trocar,puxei meu oxigênio portátil de um lado e a minha mala do outro,chegando na porta do quarto eu parei.
- Adeus Mikael, espero que dê tudo certo no Canadá.
E assim me retirei do quarto,passando pelo corredor, me despedi do pessoal e logo Clark veio ao meu encontro.
- Por que às malas??
Ele pergunta
- Ele terminou comigo, eu disse que não era boa ideia falar pra ele sobre os meses restantes, e Clark eu peço por favor que não conte a ele sobre minha gravidez.
Ele assentiu a cabeça
- Vou te levar até seu apartamento.
- Não, aproveite a noite, irei pegar um ônibus.
Eu disse
- tem certeza?
- Preciso ficar sozinha.
Por fim disse
- Assim que eu voltar iremos começar o pré Natal.
- Tudo bem.
Disse e fui para a rodoviária mais próxima, pelo menos agora eu não estava mais sozinha, acariciei minha barriga. Cheguei na rodoviária e comprei a passagem para ir embora.
- Obrigada!
Agradeci a moça da bilheteria, e enquanto o ônibus não chegava eu fui comprar um pão de queijo para alimentar meu bebê.Comi o pão com um suco de acerola mas logo comecei a enjoar e vomitei na lixeira ao lado dos banquinhos de espera.
- Tudo bem com você moça?
Uma mulher de cabelos loiros pergunta.
- Tudo sim, só enjoada por causa da gravidez.
Ela sorriu e se sentou ao meu lado
- é o primeiro?
- Sim.
- Já sabe os nomes?
Eu sorri
- Eu descobri a gravidez hoje, mas se for menina vai ser Luna e se for menino será Joe.
- Que nomes lindos, eu tinha um filho chamado Joe, mas ele já se foi...
- Nossa,sério?
Meu melhor amigo também se chamava Joe e morreu por causa do câncer.
O rosto dela logo mudou a expressão
- Ele tinha leucemia?
Assenti com a cabeça.
- Os pais dele foram embora quando descobriram que ele tinha câncer aos três anos de idade.
Eu disse fixando meu olhar para os ônibus saindo da rodoviária.
- Qual seu nome?
Ela pergunta
- Amylia e o seu?
- Julia
Fico imóvel por um momento
- Seu filho tinha leucemia também?
- Tinha, e eu e meu ex marido o deixamos no hospital, me arrependo disso cada dia da minha vida.
Fiquei horrorizada em como ela podia ter feito aquilo com o próprio filho,então pego meu celular e mostro uma foto recente do Joe pra ela.
- Esse é seu filho Julia?
Ela vê e sorri com lágrimas nos olhos
- Sim,esse é meu filho,como você tem essa foto?
- Porque Joe foi meu melhor amigo,por que você o abandonou?
Perguntei
- Meu ex marido não aceitava que ele estava doente,e não tínhamos muito dinheiro na época para pagar o tratamento,eu não queria que ele morresse na pobreza,então deixamos  ele lá.
Meu estômago se revirou novamente
- Independente se estivesse ou não sem dinheiro,não deveriam ter abandonado ele lá no momento em que ele mais precisava,e ainda existe o sus!
Vi meu ônibus chegando.
- Eu sinto muito pelo seu filho Julia,mas sinto ainda mais por você.
Me levantei e entrei no ônibus para ir embora,sentei em uma das primeiras poltronas para eu não ficar tão enjoada.
- Posso me sentar aqui com você?
Julia pergunta.Dou de ombros e viro o rosto,mas ainda sim ela se senta ao meu lado.
- Como você teve coragem de fazer isso com ele?
Inquieta,perguntei.
- Eu...não sei,esses anos sem ele,foram os piores de toda minha vida e quando o diretor do hospital me ligou dizendo que ele precisava de um transplante e eu era compatível,sai o mais rápido possível da minha cidade,só que já era tarde de mais...
Ela disse com um olhar de culpa.
- Joe sempre foi uma pessoa doce,gentil,amável e estava comigo em todos os momentos até quando eu perdi meus cabelos.
Eu disse esboçando um sorriso triste
- E eu jamais iria deixar que alguém o fizesse mal,então sim,eu sinto ódio de você por ter o deixado no momento mais difícil da vida dele,por não ter o acompanhado nas dolorosas aspirações de medula,a quimioterapia a radiação,você não foi e nunca será mãe dele.
Continuei com sangue nos olhos
- Eu entendo seu ódio.
Dei de ombros e fixei meu olhar para o lado de fora da janela.
- Toma!
Julia me oferece um medicamento.
- O que é isso?
- Remédio pra enjoo, para viajar mais tranquila.
Tomei o remédio e fechei os olhos por alguns instantes, respirando fundo.
- Você não deveria viajar sozinha nessa situação?
Revirei os olhos
- Quer dizer doente ou grávida?
- Não quis falar neste sentido, e se acontecer algo e você estiver sozinha?
Ela disse preocupada, o que era estranho pra uma pessoa que abandonou o filho.
- Pode ficar tranquila, tenho alguns amigos e minha mãe.
Dei de ombros e acabei adormecendo em seguida.
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Autora: vou voltar a escrever mais frequentemente, me perdoem kkkk❤