C o m e w i t h m e

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Me lembro que não foram muitos segundos, embora aquela cena tenha durado mais que o suficiente para mim.  Todo aquele meu escandaloso desespero foi silenciado quando quem estava do outro lado conseguiu destrancar a porta do meu banheiro com um truque barato.

-Você roubou minha jaqueta?-Taeyang perguntou, parado em cima do meu pequeno tapete cinza enquanto eu estava paralisada, como braço estendido e armada com uma tesoura pouco afiada, além de segurar a jaqueta como um escudo. Meus olhos estavam arregalados e meu peito dolorido, subindo e descendo enquanto meus pulmões tentavam se recuperar do breve tempo em que fiquei sem respirar.

-Como entrou na minha casa?-perguntei baixo, afinal tinha esgotado minha energia no susto que acabava de levar.

-Acabei de destrancar a porta do seu banheiro!-ele falou, óbvio. Ainda olhava para sua jaqueta e depois, para seu distintivo, carteira e fotos no chão. Então foi a vez dele arregalar seus olhos e cruzar seus braços.

Abaixei a mão e guardei a tesoura em seu devido lugar, me rendendo finalmente.

-Roubou o distintivo de um policial?-ele questionou, sério.

-Achei que fosse querer de volta!-exclamei, esticando o braço para entregar a jaqueta a ele.

-Sabia que eu viria até você de novo?

-Imaginei que sim, só não cogitei a hipótese da sua invasão!-respondi, me abaixando para pegar seus pertences.

-Você é esperta!

-Me ensinaram!-falei.

Ele pegou as fotos e guardou novamente em sua carteira com a maior destreza que já vi. Parecia que em algum momento aqueles dois pedados de memória iriam se desfazer em suas mãos. Então ele a colocou no bolso da calça e depois vestiu sua jaqueta.

-E meus óculos? Estavam aqui nesse bolso!-ele perguntou.

-Os perdi, como deve ter visto, estava fugindo de um bando de lunáticos! Eles não eram repórteres, não mesmo!

-A maioria são donos de blogs ou plataformas que contam histórias aterrorizantes e anormais, é assim que eles ganham o público. Mas iremos conversar sobre isso no caminho!-ele explicou.

-Como?-perguntei, sem entender.

-Por favor, preciso que venha comigo!

-De novo? Você acabou de ser afastado do seu posto por me levar até a delegacia! O que quer de mim agora?-perguntei, parada no mesmo lugar.

Ainda estava receosa, e não daria tempo de correr até o telefone dessa vez. Ele ocupava grande parte da passagem, e eu não o conhecia. Nada, nem seu sobrenome, sua história ou seu real motivo de ter invadido meu apartamento.

-Dessa vez não estou mandando, estou pedindo que me acompanhe!-disse e se virou, saindo de perto de mim. Taeyang andou pelo apartamento, observando cada detalhe como se eu não estivesse vendo tudo o que ele fazia.

Milo latiu para ele e mordeu a barra de sua calça. Depois, veio até mim e parou a minha frente, ainda olhando para Taeyang.

-Acertou em ter um cão de guarda, também tive que dar um a minha filha!-ele falou, mas logo voltou a ficar em silêncio pois estava concentrado demais nas minhas prateleiras, fotos da Lisa e no cinzeiro dourado que ela tinha.

-Está procurando alguma coisa? Porque se tiver e isso for parte de alguma investigação, vou ter que pedir que me mostre o mandato!-exclamei, tentando parecer firme. Ele então me olhou por cima do ombro com olhar fúnebre e vazio o qual sustentou por um longo tempo. Desconfortável, Milo voltou a latir e eu o peguei no colo.

KILL THIS LOVE | jenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora