-Só uma pessoa muito maldosa diria que você está errada! Cada um tem o seu tempo de luto e recuperação, oras!-Namjoon comentou, com uma expressão de indignação que só piorava conforme eu contava sobre o que estava acontecendo comigo.
-Eu sei, mas às vezes eu entendo a preocupação das minhas amigas! Eu só tenho elas agora, pois minha família nem sequer se comunica comigo e antes, Lisa era minha maior confidente! É isso que eu queria que elas entendessem, que Lisa era o túmulo dos meus segredos e dos meus desejos, era a pessoa mais importante na minha vida, meu porto seguro!
-Meu Deus, será que alguém me ama tanto assim?-Namjoom questionou.
Jackson se inclinou para olhá-lo, erguendo uma de suas sobrancelhas.
-Eu?-ele disse.
-Eu sei, eu sei querido! Vamos Lisa, continue!
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, o telefone fixo começou a tocar. Jackson se levantou para atender, mas disse que ninguém falava nada do outro lado da linha e portanto, encerrou a chamada.
Isso aconteceu mais três vezes, e depois, todos os celulares e os telefones do segundo andar começaram a tocar também.
Quando peguei meu celular para ver quem me ligava, arregalei os olhos e senti um enorme aperto no peito.
Era o número de Lisa.
Fiquei em choque, e de repente os toques repetitivos de telefones que tocavam incessantemente, se tornaram distantes. Eu olhava para aquela tela enquanto minhas mãos tremiam e o choro formava um nó na minha garganta.
Atendi a chamada e posicionei o celular na minha orelha, ansiosa pelo que estava por vir.
Não ouvia nada, só a linha muda como Jackson havia descrito antes.
Depois disso, tudo apagou. Todas as luzes, todos os aparelhos eletrônicos e inclusive nossos celulares. O silêncio nos assustou mais ainda, pois víamos que as outras casas ainda tinham energia.
Às cegas e com certa dificuldade, Namjoon acendeu duas bocas do fogão e foi atrás de velas numa escuridão sem explicação.
-Tenha dó, que entidade invocamos aqui?-ele dizia, enquanto acendíamos as velas.
-Isso é muito estranho!-Jackson comentou.
-Não é possível!-sussurrei.
-O que foi?-Jackson perguntou.
Me faltava ar para conseguir explicar alguma coisa a eles. Me levantei tão rápido que fiquei até tonta, deixando os dois ainda mais preocupados.
Fui em direção a porta e a abri, para correr para rua.
-Jennie!-Jackson me chamava, vindo atrás de mim.
Estava atordoada, sem saber destinguir se o que acabava de acontecer era um sonho ou delírio meu, provocado por saudade terna da Lisa. Corri pelo asfalto iluminado pelos postes da rua, até perceber que por onde eu passava as luzes começavam a piscar.
Quando olhei para trás, os postes e as luzes das casas estavam totalmente apagadas. Parecia tão surreal, paralisei de medo, mas precisava chegar em casa.
Voltei a correr, dessa vez mais apavorada e ansiosa, mal podia conter meus suspiros, a tontura ia e vinha e meus joelhos já começavam a gritar.Estava frio, minha blusa havia ficado estendida na cadeira de madeira da sala de jantar do Jackson, que me acolheu e me viu fugir em uma situação completamente estranha e sem explicação. A corrida foi demorada, e eu sentia meu celular voltar vibrar na minha mão o tempo todo depois de ter apagado por completo, acompanhando minha tremedeira.
Quando cheguei no meu prédio, mal pude segurar a chave para abrir a porta da entrada, quase me rendi a chamar alguém no interfone, mas estava tarde e eu tinha a certeza de que pela manhã a síndica iria esfregar isso na minha cara.
Depois de muitas tentativas, finalmente consegui colocar a chave na fechadura e parti para o outro obstáculo: as escadas.
Não havia ninguém em quem eu pudesse me apoiar, me restou segurar firmemente no corrimão e me forçar a continuar. No meio do caminho eu já estava aos prantos, desesperada para chegar ao meu apartamento.
Finalmente estava de frente para minha porta, destrancando-a. Para meu desalento, ele estava vazio.
Camilo estava encolhido debaixo da cama, as luzes estavam todas apagadas e a porta da varanda aberta, deixando que o vento dançasse com minha cortina branca.
Procurei pela caixa no fundo do guarda-roupa, atrás das roupas da Lisa, no espaço que eu havia guardado só para ela.
Na caixa de sapato das sapatilhas de balé que ela comprou uma vez para mim, estavam fotos, o relógio favorito dela, o óculos que ela usava para ler, a pulseira mais bonita que ela tinha dentre outras lembranças. O motivo de eu ter voltado desesperadamente para cá em busca dessa caixa, foi unicamente para verificar um único objeto: o celular da Lisa.
No dia do acidente, não levamos nossos celulares, então eles ficaram intactos em casa.
Fiquei com tanto frio na barriga, sem conseguir me mexer, olhava apenas para aquele aparelho em minhas mãos.
-Isso não pode ser real, essa droga está desligada, não faz sentido!
A minha esperança era de que ela tivesse voltado, e usado o celular dela para me encontrar. Como o número dela efetuou chamadas para os telefones do Jackson, se ela nem chegou a conhecê-lo? Por que meu celular estava recebendo chamadas do número dela até agora?
O choro do Camilo interrompeu meus pensamentos, ele estava assustado com alguma coisa e não saía de debaixo da cama por nada, nem quando me viu passar pela porta.
Me agachei ao lado da cama com a lanterna do celular ligada, para enxergá-lo.
-Ei, milo! O que foi? Vem cá, vem com a mamãe!-o chamei, tentando alcancá-lo com a mão.
Ele ficou ainda mais agitado, e eu não entendia o motivo, até ouvir um barulho não muito distante de mim. Dessa vez era o celular da Lisa, ligando sozinho.
Depois, o telefone fixo tocando no meio do choro do Camilo e do meu coração batendo desenfreadamente. Para piorar, também pude ouvir o telefone sendo tirado do gancho, como se alguém estivesse atendendo a ligação.
Quando virei a luz da lanterna do meu celular em direção ao telefone, soltei um grito e caí de vez no chão, sentindo Camilo finalmente sair de debaixo da cama e começar a latir em direção a ela.
Eu estava ficando louca, só podia ser isso. O susto foi tão grande que perdi totalmente a consciência.
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KILL THIS LOVE | jenlisa
FanfictionApós sofrer um acidente e ficar desaparecida por meses, a namorada de Jennie Kim, Lalisa Manoban, retorna com mudanças em sua estrutura corpórea, sofrendo modificações tecnológicas e se transformando em uma ameaça para a terra, visando destruí-la. P...