Outono.

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  Outono. És tão belo com os teus tons quentes e ventos frios. As folhas das árvores pintam a paisagem cinzenta com tons de laranja e vermelho, enquanto o céu nublado e etéreo trás um ar um tanto melancólico. Foi nesta época que o vi pela primeira vez, com teu casaco longo e negro, assim como os teus fios de cabelo, tão bem arrumados, mas que eram bagunçados levemente pela ventania de outubro.

  E agora tu senta ao meu lado no campos, ao que observo as folhas caírem das árvores e sinto o teu perfume, tão característico, que dá-me inspiração para este poema que escrevo, meu belo príncipe de quatro trevos.

  Você deita sua cabeça em meu ombro e tenta espiar meu caderno. Eu o repreendo, rindo do beiço insatisfeito que faz.

— Quem é o tal príncipe que você tanto fala nos teus poemas, Doyummie? — questiona, passando os dedos entre os cabelos, de forma casual. E apenas com esse ato já sinto-me terrivelmente mais enamorado de ti.

  Fecho meu caderno de capa em um couro marrom avermelhado, e viro meu rosto para o lado. No entanto, você continua com a cabeça em meu ombro, nossa proximidade me assusta. Neste momento, tu se assemelha a um gato esbelto e cinza, que esfrega a cabeça no ombro do dono em busca de carinho e atenção. Teus olhos de certo parecem felinos ao que os encaro agora, minha respiração está descompassada, e você me encara sério. Você está tão perto, estamos tão perto, como estão perto aqueles dois passarinhos que cantarolam naquela árvore.

— É a minha fonte de inspiração. — respondo-lhe sua pergunta, num fio de voz, sem tirar meus olhos dos seus ou me afastar.

— E quem é a sua fonte de inspiração, pequeno poeta? — tu murmura. Outra pergunta. Meu coração acelera, eu perco o fio da vez, e, como muitas vezes, meus olhos pesam para baixo.

  Não consigo fitar estes teus olhos intensos, que tentam descobrir meus segredos. Teus olhos gentis, mas que são intensos e profundos, brilhantes. Me assustam. E se você descobrir? Como vai reagir? Eu escrevo como um poeta apaixonado. Eu sou um poeta apaixonado. Completamente apaixonado por você, que puxa meu queixo e faz com que eu volte a encarar as tuas orbes, que para mim, são como o soro da verdade, sou impossibilitado de mentir diante delas. Diante de ti.

  Minha boca se abre para responder, mas nenhum som dela sai. Estou nervoso. Meu coração dança num ritmo acelerado. E você tão próximo assim não ajuda-me em nada, príncipe cinzento.

— Se não me disser quem é, vou ser obrigado a descobrir sozinho e ir tirar satisfações com o mesmo, meu Doyummie. — sentenciou, enfim, dando-me espaço para respirar. — Sinto-me enciumado em pensar que há alguém que você chame de príncipe e escreva poemas para e sobre ele.

  Se eu estivesse bebendo algo agora, com toda certeza engasgaria. Tu falas estás palavrinhas que me deixam inquieto com tanta naturalidade, que pergunto-me se não percebes que me deixa louco. Percebo que minha expressão de espanto é deveras perceptível, pois tu dá um risinho e olha para o lado daquele jeito que me deixa tão bobo por ti.

  Agora sinto-me deveras inconformado, pois tua audácia é clara para mim agora. Não sou idiota, príncipe, não mesmo, tu deve desconfiar da minha parte e agora não sei se desconfio da tua ou se fico confuso com os teus dizeres.

  Franzo o cenho, encarando-te. Tu se faz de desentendido, tentando escapar de meus olhos ao olhar o movimento ao nosso redor.

— Você. — a palavra saira baixa de meus lábios, mas ainda assim tu ouviu e se virou para me encarar. — Você é o meu príncipe, Lim Jimin.

 

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