PRÓLOGO

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Eu tentei me mover, mas por alguns segundos, meus músculos não responderam a mim. Entrei em choque. Eu o matei. Eu matei um ser humano. Mesmo em tais circunstâncias, algo dentro de mim havia morrido, ou pelo menos paralisado. 

Eu olhei para ele, ali, na minha frente, sem vida e senti um peso no meu corpo, como se a gravidade estivesse me puxando mais para baixo. Para baixo da minha melancolia. Eu o matei, era a única coisa que conseguia pensar.

 Eu o olhei mais uma vez. Seus olhos virados para mim, inexpressivos, ficariam, com certeza, para sempre gravados em minha memória. Será que eu conseguiria viver com a culpa? 

Será que existe mesmo a culpa? E se existe, somos capazes de esquecê-la? Sim, a vida é irônica. Uma ironia à qual nos acostumamos desde que nascemos. E qual seria essa ironia? A certeza da morte. Aqueles últimos suspiros de uma vida inteira, baseada em ideias e arrependimentos. Podemos fazer o bem, podemos fazer o mal, mas a verdade é que só sobrevivemos. É exatamente isso que fazemos, é um instinto. Seria errado pensarmos assim, mesmo depois de matar uma pessoa que amamos? É possível carregar o fim dessa pessoa nas costas, uma pessoa que era tão querida, e continuar a ser feliz sem esperar por menos? 



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O Enigma do Lago (Romance - DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora