pessoas do ano 1

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Ele está doente, não saberemos qual é a doença, realizaram uma série de exames porém nunca descobriram. Ao menos ele se perguntou? O quê? Não sabemos.
O ambiente talvez importe, para que -alguém- possa entrar, não em um novo mundo, não em uma fantasia repleta de seres místicos, nem em um certo tipo de ficção científica sobre robôs. É um momento, um certo período do tempo em que as coisas não estavam bem, é real, e poderia ocorrer com -alguém-, lhe desejo um bom momento, neste passado, em fatos atemporais, fatos que poderiam ocorrer até o fim dos tempos, de nosso tempo.

Ano 1

Cobriam-se dos pés a cabeça, o inverno chegara. A dor percorria as mãos, e Jonathan aterrorizava juno colocando sobre a face da pequena garota, suas mãos frias. Juno se contorcia e gritava, prosseguia esmurrando com toda sua força (para uma garota de 8 anos até que ela era forte) as costas e braços de Jonathan, que ficara rindo enquanto a menina anunciava "palavras feias".
Juno com suas grandes mechas louras de cabelo, esguia e pálida, nutria aversão a própria estética, porque ela "queria ser igual a ruby, ela é perfeita". "Mas você já é perfeita do seu jeito, é única juno" dizia sua mãe quando a menina entrava em crise existecial do corpo. Jonathan a chamava de monstrinho, de feiosa, bruxa fedida, coisas que irmãos de 15 anos dizem para suas irmãs mais novas. Ela irritava-se com ele, mas sabia que ele era idiota, era diferente quando uma colega da escola a chamava de algo parecido, o toque daquelas "palavras feias" perfuravam o coração de juno, algumas coisas ela guardava, como uma construção de si mesma, já não sabia quem ela era de verdade, não que ela tivesse feito a pergunta "quem sou eu?", mas não sabia se o que as colegas diziam era verdade. As perguntas ditas eram cruéis, "será que meu cabelo parece crina de cavalo?" "Todo mundo olha pra minha pinta na cara?" "Eu ando torto mesmo?". Um dia, estas mesmas perguntas não eram mais perguntas, mas sim afirmações, e a fez querer ser algo além de si mesma. Logo, as palavras do irmão passaram a ser espinhos que cutucavam sua cabeça, ela começou a levar a sério o que jonathan dizia. A raiva percorreu por todo corpo de juno, e agora ela estava a toda força batendo nas costas e braços do irmão, porquê ele botou as mãos geladas sobre seu rosto, mas também porque ele havia a chamado de monstrinho.
Nos primeiros dias de fevereiro, Jonathan foi levado a experimentar a decadência de uma paixão (sua primeira paixão). Depois da escola, o garoto frequentava o clube de esportes do bairro, todas as crianças da rua frequentavam. Havia futebol, vôlei, mas geralmente jogavam queimada. Havia uma garota, chamava-se rosa. Joanathan começou a reparar nela, quando especificamente,  sem intenção, houve o primeiro toque, o braço de ambos se juntou quando ele tentava pegar a bola que estava prestes a passar da linha da quadra. Havia um garoto magrinho, de olhos grandes e sardas em volta do nariz (luque), que, para se divertir, implicava com as meninas do clube da rua.
- cara de caqui Maria! Hahaha! - gritava ele enquanto prepara-se para correr das meninas "furiosas" com o tal do menino levado. Jonathan o conheceu, travou alguns diálogos sobre jogos e esportes, e viraram amigos rapidamente. Entremeio a amizade, naturalmente Jonathan havia de aderir às práticas maliciosas de luque, logo, ao decorrer dos dias, os dois passaram a implicar com as garotas do clube.
- sabia que tua mãe nasceu pelada careca e sem dente?! - dizia um deles, e corriam pela quadra enquanto as meninas corriam atrás gritando por todos os lados enquanto o professor não vinha.
Numa dessas implicâncias, Jonathan e luque mecheram com rosa, que estava acompanhada de outra garota mais baixa. Rosa era alta pra idade, havia cabelos cacheados, e uma verruga na pálpebra, o que dava margem para "palavras feias". Foi seu maior trauma, até que depois de tantas insistências, sua mãe cedeu dinheiro para uma cirurgia de retirada. Depois disso, ela reparou naqueles outros detalhes que julgava "feio". Enfim, ouve mais toques por parte de rosa para com Jonathan, não certamente toques de afeto, mas de uma consequência às brincadeiras que aqueles dois meninos faziam à elas. Rosa começou com tapas, e partia para arranhões, seu foco era Jonathan, não sabia porque seu foco era ele, mas os dois gostavam da sensação de brigas, tanto que passaram a fazer parte na rotina na quadra de esportes. Corriam um do outro e quando se juntavam, abraçavam-se fingindo fúria, e tapas misturados com abraços aplicavam uma sensação boa, muito boa. Um dia Jonathan tivera noção de que gostava dela, e daquela rotina com ela, seus sentimentos estavam trabalhando a toda força, fazendo do corpo um espaço de emoções estranhas. A antecipação do encontro causava-lhe embaraço, uma coisa no estômago, algo no peito, não era bem o coração, talvez fosse o pulmão. Devia contar a ela, que, acima de tudo queria estar ao lado dela todos os dias a todo momento, pois somente ao lado dela havia sensação de alívio contra aquelas coisas estranhas no corpo todo. Não havia coragem, as expressões de sentimentos ficaram mais fortes, e houve exageros para chamar a atenção de rosa, tanto que um dia, ele jogara a bola com força na cara da menina, e ela gritou da dor, e isso o fez ficar confuso, pois desta vez ela não correra atrás dele para "bater" nem correra na verdade, apenas reclamou da dor e olhou com reprovação para a atitude, o que fez ele ficar triste, aqueles olhos estavam decepcionados com Jonathan.
A quadra de esportes iria fechar, pois não havia mais verbas para manter o local, assim, as crianças foram dispensadas, e Jonathan estava triste por perde-la( perder a rotina com rosa). A dor percorreu por dias, meses, até ele ganhar um celular do pai. Havia um aplicativo para mandar mensagens, era novidade, e por "coincidência do destino" jonathan achou rosa. Ah, era sua chance de dizer que a amava profundamente. Ele fez um compilado de poemas curtos sobre rosa, tantando provar seu amor.
* queria dizer que vc é incrível *
*somos parecidos no mesmo nivel*
*quero dizer que te amo pra sempre*
* e que o amor crescerá como uma semente*
Ele mandou um "oi" e logo em seguida o poema. Ela respondeu com um "oii". E de modo prolixo explicou-lhe que sentia muito mas que não nutria dos mesmos sentimentos que ele, e para completar, disse que gostava de outro alguém.

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⏰ Última atualização: Sep 30, 2021 ⏰

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