Chegamos naquela velha cabana, a luz do luar. Carregávamos poucas coisas, havíamos abandonado quase tudo quando o carro quebrou e subimos aquele morro andando. Quase tudo ficou, exceto o essencial para a sobrevivência e a pata do macaco, não podia deixar que ela destruísse a vida de mais alguém.
Encontramos uma casa pequena no alto do morro, lá moravam um moço, sua mulher e seu filho, eles me contaram que tinha um mais velho que estava servindo no quartel e há algum tempo não voltava, logo seu quarto estaria vago para que eles passassem a noite. O rapaz devia ter em torno de 18 anos e muito curioso, perguntou:
- O que é isso na sua mão?
- A pata do macaco, é um objeto místico, dizem que ele 3 realiza desejos mas não devem usá-lo.
- Por que se ele realiza desejos? Posso ficar rico?
- Sim mas terá uma consequência, esqueça isso rapaz.
- Quero usá-la
- Não, eu já disse!!!
O rapaz tomou-a da minha mão, ergueu-a e tolamente gritou: "Desejo ter 100.000 reais.
O vento soprou, o chão tremeu e a casa mal pôde suportar sua estrutura, Jasper jogou a pata no chão, espantado e parecendo um menino, chorou. Ele sabia que o que estava por vir não era bom. Nos próximos 30 minutos houve silêncio e ele já zombava até que o telefone tocou e ele atendeu:
- Residência dos Malcons?
- Sim, quem gostaria?
- Somos do quartel, ligamos pra avisar que durante um dos treinamentos o jovem John Malcons foi morto, lamentamos muito a perda. Como indenização daremos 100.000 reais. Mandaremos o corpo para que o enterrem. Minhas condolências.
Mal acreditei, desliguei o telefone pasmo, sem sangue. Meu irmão estava morto, era minha culpa!! Como diria para a mamãe que matei John?
Em uma semana o corpo chegou e o enterramos no cemitério mais próximo. Mamãe estava desconsolada, o rapaz inerte e papai parecia longe, submerso em pensamentos. Quando chegamos em casa já era noite, mamãe não parava de chorar e eu não sabia o que fazer até que ela teve um ato insano, tomou a pata da vaca, ergueu-a e gritou: "Eu quero meu filho de volta!" Tudo se repetiu e eu sabia que não era bom o que estava por vir, o vento assobiava e fazia as árvores ficarem trêmulas, dessa vez eu não queria zombar, estava com medo, de verdade. Mamãe também parecia assustada e desesperada, ela violou uma lei da natureza com esse pedido, ele estava morto há uma semana, seu corpo não estava em boas condições.
"toc toc" Ouvimos um leve bater na porta, eu quis correr mas meus pés recusaram o movimento. Não sabia quem abriria a porta, talvez ninguém tivesse essa coragem. "Abram pra mim, está muito frio aqui." Disse a voz arrastada e trêmula que eu reconhecia perfeitamente, abri a porta e seus olhos estavam para fora, ele fedia e sua carne havia se decomposto, seu rosto deformado não me lembrava aquele rapaz cheio de vida. Eu corri pelas escadas procurei a pata, ergui e implorei que ela levasse de volta John, ele não devia estar mais entre nós, dessa vez não houve tremor, nem ventos horripilantes, ele só sumiu.