Dona Nona foi embora mais cedo, pois tinha medo de não conseguir passar pela fronteira, já que os movimentos se itensificavam durante a noite e ficavam violentos.
- Tchau querida, e lembre-se...
- Nunca perca a fé!
Completou Blueberry com um meio sorriso.- Isso mesmo, venho assim que puder, ok?
- Ok, vou estar aqui esperando.
Depois de um beijo na testa e Dona Nona ter seguido o seu caminho, a menina suspirou algumas vezes sentada em frente a porta olhando para a estrada que a sua Nona seguiu.
Passou um bom tempo imaginado uma outra vida, onde seus pais estavam bem e as pessoas não eram maus, Blueberry foi procurar pelos doces que a sua querida visita havia trazido.A lua estava no seu ápice, e o barulho das pessoas na praia eram muito alto, ela sabia que em noites assim não deveria sair de casa, mas do mesmo jeito que Dona Nona trazia um pouco de cor quando chegava, levava com ela toda a cor quando partia.
Sentada um pouco afastada das luzes e pessoas, observava o quebrar das ondas, cada batida do seu coração era tão impetuoso quanto aquilo, a luz da lua refletia na aguá tornando o cenário quase mágico, até ouvir algumas risadas se aproximando, a menina despertada, com brutal sinal de perigo, do seu devaneio tentou se esconder entre as pedras, mas já havia sido encontrada.
Era um grupo de rapazes visivelmente alterados, achando graça de tudo, fazendo piadas grotescas que só faziam sentido para eles próprios. Blue pensou e se jogar no mar, mas lembrou-se que aquele lugar era perigoso por causa da ressaca, então se encolheu o máximo que podia.
Até que um deles a puxou pelo braço, tirada do meio do rochedo e ficando em uma área que tinha apenas areia, formando uma roda de garotos em sua volta, enquanto ouvia "até que ela é bonitinha", "vamos Max, que beleza não é" outras coisas eram ditas mas as risadas e a voz grogue a impedia de entender a metade. Depois de um tempo encolhida e escondendo o seu rosto sentiu arder sua face, e uma ordem pedindo que olhasse para eles, depois um soco, jogada no chão vieram os pontapés, nesse meio tempo um apito soou e fizeram os covardes correrem, uma mulher se aproximou vestida de uniforme policial, a menina só ouviu algo como "você vai ficar bem" e apagar.
Com certeza, em dias assim não devia sair de casa, e Blueberry reafirmou mais um vez sobre a sociedade, ela não poderia e nem queria fazer parte dela, não assim.

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Conto de Blueberry
ContoSabemos que o ser humano tem tendência a temer aquilo que não conhece, não viu ou compreende, e com isso acabam por destruir o desconhecido ao invés de o desvendar. Conto de Blueberry trás uma beleza desconhecida que é maltratada, qual será os apren...