KANEJ ONE SHOTS

Moving on

As luzes das casas da cidade se apagavam lentamente conforme Inej descansava no topo da capela, a mão de Gheze iluminada apenas pela luz da lua. Havia trabalhado a noite toda em uma missão para Kaz, espionando os mercadores do Conselho Mercante em sua reunião anual.

Há quanto tempo fora a vigança com Van Eck? Pareciam ser anos, mas havia sido há apenas um mês. Não podia acreditar que tinham se safado. Inej estava mais feliz do que jamais esteve. Havia reencontrado sua família, e informá-los sobre o que havia acontecido nos últimos três anos fora um alívio para ela. Kaz havia a ajudado a contar a seus pais sobre os acontecimentos dos últimos anos. Ela não estava preparada para a reação diante de seu sofrimento e suas ações, por isso pediu para que ele a acompanhasse. Se sentaram em uma mesa, alguns dias após a chegada dos Sulis, e Inej contou tudo para seu pai e sua mãe. Kaz segurou sua mão em todos os momentos, apertando-a quando Inej contava sobre seus anos no Menangerie. Ele ajudou-a a contar sobre a missão a Casa do Gelo, complementando algumas informações e suavizando outras.

"Você quer contar toda a verdade para eles?" ele havia perguntado antes de saírem da Ripa para o encontro. "Toda a verdade," ela respondera, com convicção. Não queria esconder nada de seus pais, não queria viver em uma mentira. Sabia que eles ficariam decepcionados com suas ações, mas esperava que também se orgulhassem por suas conquistas.

Quando terminou de contar, o silêncio tomou conta do pequeno cômodo que ocupavam no barco Suli. Kaz segurava sua mão, traçando pequenos círculos em seu dorso para acalmá-la. Quando seus pais finalmente processaram todas as informações, levantaram-se de seus lugares e a abraçaram. Sua mãe, que já havia chorado durante o relato, deixou mais lágrimas caírem enquanto apertava Inej contra si. Seu pai também chorava e a abraçava, fazendo carinho em suas costas.

"Não estão bravos?" Inej perguntou quando se afastaram.

"Por que estaríamos?" Seu pai lhe disse. "Inej, você fez tudo o que podia para sobreviver, para que para nos encontrar. Os Santos construíram seu destino com um propósito."

"Não poderíamos estar mais orgulhosos, minha filha," sua mãe disse contra seu cabelo.

Reencontrar os seus pais, poder abraçá-los e conversar fez com que o peso que a consumia há anos diminuísse. Tiveram que voltar para as terras Sulis em uma semana e, assim que partiram, sentindo sua vida finalmente se encaixar nos eixos, Inej começou a planejar sua viagem com O Espectro. Ainda não tinha uma tripulação formada e precisava de mais algumas informações, porém isso era algo que não faria com pressa. Estava também trabalhando com Kaz. Sabia que ele ainda queria sua vingança contra Pekka Rollings e por isso espionava a casa do campo a qual o antigo mercador se encontrava. Os dois se encontravam todas as noites para trocar informações sobre o homem. Ainda não sabia o que Kaz planejava, mas tinha certeza que não seria nada gentil.

Enquanto observava as ruas da Aduala Leste, do alto da cidade, Inej pôde finalmente admirar as ruas que uma vez aterrorizaram. Estava feliz por finalmente terem destruído os negócios de Helleen. Ainda não sabia como agradecer a Kaz pelo o que havia feito.

Os dois haviam mudado muito no último mês. Aos poucos, ela começava a conhecer o menino por trás do escudo. Suas mãos já não eram cobertas com luvas quando estavam juntos. Ela sabia que ele ainda não conseguia ficar sem elas quando tinha que tocar em outras pessoas, mas quando estavam sozinhos, ele segurava sua mão, pele com pele, e ela se sentia especial por isso.

Às vezes, quando os dois estavam em algum beco escuro, Kaz a segurava contra a parede e a beijava. Da primeira vez que seus lábios se encontraram, ambos estavam receosos, e assim que se encostaram, recuaram um pouco para ver a reação do outro. "Está tudo bem?" ele havia perguntado, suas testas coladas. Inej teve um lampejo de memória de sua vida no Menangerie, mas o calor que sentiu quando os lábios de Kaz encontraram os seus a fez perceber que aquelas lembranças do Menangerie já não a assombravam tanto quanto havia pensado. Kaz também parecia ter controlado seus pensamentos melhor, porque quando ela assentiu levemente, encarando seus olhos escuros, ele a beijou da forma mais doce que pode, tornando-se mais intenso conforme o desejo os consumia.