Capítulo Único

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'ೀ⠀⠀Eijiro acabava de chegar em casa após uma longa viagem. Havia ido para uma convenção de heróis no exterior que duraria somente alguns dias, e estava tudo bem até um vilão atacar o local. Ele foi detido em pouco tempo, porém era exigido que cumprissem com o protocolo de segurança, que foi o que estendeu a estadia da ruiva na China. Ao avisar Katsuki, ela sentiu que seus ouvidos iriam explodir junto à reação da esposa, e em todos os dias, em todas as ligações, ela xingava e ameaçava a promotoria do evento por querer manter Red Riot, a quarta pro-hero do ranking japonês, presa e, principalmente, presa longe dela.

⠀⠀⠀⠀ Por isso, entrava em casa de surpresa, sem ter contado nada a loira e tendo cortado contato por horas sem aviso prévio. Deixou a mala na entrada e caminhou em passos silenciosos, explorando os cômodos inundados pelo cheiro de caramelo que Katsuki espalhava por todo o apartamento. Logo ao chegar à cozinha sentiu seu corpo ser abraçado por trás com força, relaxando quase que de automático com o toque bruto que seria impossível de não reconhecer.

⠀⠀⠀⠀ As mãos de Katsuki se agarravam ao corpo da esposa num demorado abraço repleto da saudade que até então parecia infinita, constantemente nutrida pelo amor que sentia por Eijiro. Estava preocupada, e com muita raiva, e jurou que assim que visse a ruiva a explodiria com toda a força que conseguisse, mas agora que ela estava ali só sabia abraçá-la com força, desejando que nunca mais fosse embora.

⠀⠀⠀⠀ — Eu te odeio — ela murmurou, virando a mulher para poder vê-la de frente. Acariciou seu rosto com cuidado ao tocá-lo e permitiu a sútil aproximação dele contra o seu.

⠀⠀⠀⠀ — Odeia nada. — a outra revida, dona de um sorrisinho bobo que desestabilizava qualquer um.

⠀⠀⠀⠀ Katsuki não contem o sorriso honesto. "Odeio nada", pensou, secretamente entregando-se. Ela passa os braços pelos ombros de Eijiro, fazendo carinho em seus cabelos vermelhos e logo sentindo duas mãos em sua cintura, passeando por ela e então a puxando delicadamente. Escoraram suas testas uma contra a outra, se encarando com ternura por longos segundos, tão demorados, mesmo assim tão rápidos; seria impossível descrever o tempo à visão de quem ama.

⠀⠀⠀⠀ — Senti sua falta.

⠀⠀⠀⠀ A ruiva nada disse em resposta, somente contou um segredo pelos olhos expressivos que foi bem compreendido pela esposa. Seus narizes se encostaram por um momento, como um prelúdio aos lábios que se encontraram num beijo calmo e paciente, e mesmo assim repleto da ansiedade de juntarem-se em único elemento. Estavam ali, vulneráveis uma a outra em uma conexão sem igual, ignorando todo o resto do mundo. Os toques eram carinhosos, leves e pacientes, principalmente pela parte de Eijiro, que tinha a sensação que quebraria a esposa de porcelana caso não tomasse cuidado o suficiente. Está, por outro lado, mais fazia era se irritar com as ações da ruiva que partiam desse pensamento, embora ainda ponderasse fofo e secretamente o adorasse; a situação poderia continuar se repetindo pelo resto de suas vidas, não que ela fosse admitir.

⠀⠀⠀⠀ O beijo foi interrompido pela distração de um corpo gordo e peludo esfregando-se contra suas pernas e então se jogando aos pés de Eijiro. Ela não precisou olhar para baixo para saber o que estava acontecendo e sorriu animada, pegando a gata no colo como se fosse uma criança e a admirando com os olhos arregalados ao som de seus ronronos manhosos. De repente, um coro de miados desesperados foi ouvido da porta da cozinha, vindo de mais três gatos tão mimados quanto a outra. A ruiva então abaixou-se no chão, acalmando os animais e os permitindo fazerem o que bem entendessem com ela.

⠀⠀⠀⠀ — As minhas crianças... — choramingou se curvando para que um deles subisse em suas costas. A risada de Katsuki soava ao fundo. — Vocês sentiram a minha falta? Sentiram? Comeram direitinho?

⠀⠀⠀⠀ — Eles estão bem, só estavam com saudade de você! Não precisa entrar em desespero.

⠀⠀⠀⠀ Eijiro se limitou a olhar indignada para a loira, aumentando seus risos.

⠀⠀⠀⠀ — Tudo bem — suspirou, se recuperando — Eu entendo, são as suas crianças. As nossas, aliás.

⠀⠀⠀⠀ Katsuki se sentou ao lado dela, pegando uma gata que a rodeava no colo e a acariciando. Observou as interações com tranquilidade, relaxou o semblante e deitou a cabeça no ombro da esposa, pegando em sua mão livre e sentindo brevemente a textura lisa da aliança antes de entrelaçar os dedos aos seus. Recebeu um beijo no topo de sua cabeça e fechou os olhos, apreciando a iluminação natural que entrava pela janela aberta e chegava até sua pele clara calorosamente, os miados competitivos misturados com ronronos e o toque suave de Eijiro, que finalmente a fazia se sentir segura e verdadeiramente em casa dentro do grande apartamento.

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Depois de tanto tempo consegui escrever algo que realmente gostei. Foi curto, mas o suficiente para me expressar, considerando que nunca fui fã dos longos. Espero que tenha gostado e obrigade por ler até aqui, isso me deixa muito feliz!

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21-08-22
Hoje, depois de quase um ano desde que escrevi essa one shot, atualizei ela minimamente. Essa estória me motiva a escrever, coisa que não faço há muito tempo, e quando vi as listas de leitura onde ela foi adicionada, os comentários e as estrelinhas (tanto aqui quanto no Spirit), me senti muito grate. Obrigado a todos!♡︎

De volta para casa  !kiribakuOnde histórias criam vida. Descubra agora