— Me diz a verdade, Naruto, onde a Hinata está? Esse teu papinho não me convenceu. Eu sei muito bem que ela nunca perderia uma luta sua — Sakura tentava entender o que estava acontecendo, se lembrou da conversa que teve mais cedo com Hinata, foi breve mas a amiga tinha deixado bem claro como estava ansiosa pela luta de Naruto. — Por que ela não veio?
— Eu vou te falar Sakura mas antes preciso de um favor seu, do Shikamaru e do Sasuke. — Naruto saiu andando em direção a uma sala, deixando claro que a conversa era particular. Passaram quase 30 minutos ali e quem passava pelo corredor podia ouvir os gritos furiosos da Sakura que num rompante de raiva abriu a porta e saiu furiosa vociferando em voz alta para quem quisesse ouvir que aquele cabeça oca, irresponsável iria se arrepender muito ainda.
Na sala o silêncio reinou por alguns segundos até que Shikamaru se pronunciou.
— Bom… não tem como discordar da Sakura, mas vou lá providenciar o que você está me pedindo — Saindo assim com as mãos no bolso da calça e um olhar preocupado, deixando Naruto e Sasuke a sós.
— Acha que tudo isso é uma loucura Sasuke?
— Como seu amigo devo te lembrar que você é um idiota — ele sorriu ao ver a cara emburrado que o Naruto fazia — Mas eu também sei que é o certo a se fazer, então estarei com você para o que der e vier e não se preocupe… quando a Saki se acalmar... ela vai ajudar.
Sasuke deu um tapinha no ombro de Naruto meio desajeitado na tentativa de animar o amigo. Ele definitivamente não era bom com esse tipo de gesto.
Naruto suspirou cansado, era tanta coisa para pensar mas ele nunca foi inteligente o suficiente para assimilar suas decisões.
Talvez se arrependesse do que estava prestes a fazer mas era um mal necessário.
Ele queria um recomeço e a chance de ser alguém na vida de Hinata, talvez quem sabe, ser mais que um amigo.
Será que era pedir muito?
Sempre faltou diálogo entre os dois, primeiro que em todas suas tentativas de aproximação Hinata parecia fugir dele como o diabo foge da cruz e aquilo foi o suficiente para Naruto deduzir que Hinata nunca iria desejar nada além do que sua amizade.
Mas ainda tinha as cartas.
Alguém o amava afinal e só Deus sabia como os sentimentos descritos nas cartas o faziam se sentir.
Por um momento ele se apegou a ideia de que a pessoa que as escrevia seria Hinata mas quando Shion confessou que era ela quem escrevia e não Hinata, Naruto se achou um estúpido por cogitar tal ideia.
E ele não queria ser a pessoa que rejeitou o amor de alguém, ele desejou com todas as suas forças corresponder Shion.
Shion o amava.
Era o que ele pensava.
Shion o fez acreditar que sim.
Mas nada disso importava, nem as cartas..
.
.
.
— Naruto! Abre essa porta! Naruto?!
Estava com as mãos vermelhas de tanto bater na porta de madeira maciça, acabou por desistir visto que pelo silêncio estaria sozinha no apartamento. Ele iria mesmo deixar ser machucado só porque ela havia desejado isso? Deixou as lágrimas escaparem e rolar sobre a face e se jogou no chão ao sentir um misto de frustração e raiva. Deu mais alguns socos na porta e um chute forte a fazendo soltar alguns palavrões ao notar que tinha chutado com força o suficiente para machucá-la. Se levantou e correu até o telefone na cabeceira da cama na esperança de chamar alguém mas o mesmo estava mudo, fazendo com que Hinata em um rompante de raiva arremessasse o aparelho na parede.
Naruto havia mesmo trancado-a no quarto?
Era difícil acreditar.
Gargalhou histérica ao notar que os punhos estavam ligeiramente doloridos e com alguns arranhões.
— Quem você pensa que é Naruto! Me deixar trancada aqui como uma criança de castigo — Hinata andava de um lado para o outro se dando conta que só existia uma forma de sair daquele quarto — Acha mesmo que uma porta vai me impedir de sair daqui? Está muito enganado garoto idiota, você não perde por esperar.
Correu para o closet trocando o conjunto de jeans e blusa por um vestido leve preto, prendeu o cabelo em um rabo de cavalo alto enquanto procurava seu tênis da cor branca.
Tudo pronto, agora não tinha mais volta.
Se apressou em direção à varanda do quarto sem pensar muito pois não queria correr o risco de esmorecer.
Deu uma olhada para baixo avaliando a altura em que estava e não conseguiu evitar sentir-se apavorada, afinal seu apartamento estava no sexto andar daquele prédio.
Jogou o tênis para a sacada da sala que ficava mais ou menos à um metro de distância de onde ela estava.
Sim, Hinata iria pular de uma sacada para a outra.
Deu uma olhada no relógio do pulso e se deu conta que já estava atrasada quase trinta minutos, com certeza a luta já tinha se iniciado.
Respirou fundo e subiu no parapeito de ferro que circulava a sacada, por sorte tinha uma samambaia pendurada rente à parede de seu quarto onde conseguiu apoio necessário para ficar em pé, mesmo que fosse um apoio frágil. Sabia que não deveria olhar para baixo pois corria o risco de entrar em pânico. Respirou fundo mais algumas vezes e começou a contar.
— Um! — O vento estava frio e forte, não conseguia controlar o tremor que fazia suas pernas bambear e os pés com a sensação de pesarem como blocos de pedras — Dois! —
Por um milésimo de segundo imaginou-se despencando e seu corpo esticado sem vida no concreto, balançou a cabeça para espantar tais pensamentos pois precisava sair viva de lá e quando encontrasse seu marido iria fazer ele pagar por tamanha infantilidade. A culpa era dele. Tudo bem! Tinha que admitir que talvez, fosse mais sensato voltar atrás e esperar ele, mas… por outro lado, aquilo fez Hinata se sentir desafiada a fazer algo, não podia ficar parada — Três… — Planejou pular no cinco mas no impulso ela acabou indo no três, quando seus pés tocaram em falso na varanda da sala, Hinata desabou indo de encontro ao chão, machucando os joelhos e os braços, levou alguns segundos para retomar o controle de seu corpo, não acreditando que ela realmente havia feito tamanha loucura.
Quando sentiu que o enjoo causado pelo medo havia se dissipado, colocou-se em pé e foi cambaleando em direção à porta de vidro da sacada da sala pois esta nunca era trancada, adentrou o local e constatou que Naruto havia levado sua bolsa e celular além de ter danificado a fiação do telefone residencial. Correu até a gaveta de chaves que ficava na mesa do escritório abrindo e constatando que só havia a chave do carro do Naruto já que o seu ainda estava na oficina.
— Que seja então! — Pensou alto ao pegar a chave, também pegou o blazer de Naruto que estava jogado no sofá já que ela tinha esquecido o seu, foi em direção à saída e destrancou a porta do apartamento com sua digital.
Agradeceu mentalmente por não ter tido que esperar tanto pelo elevador. Apertou no botão para o estacionamento e deu uma rápida conferida na sua aparência… bom, nada mal para quem tinha acabado de pular de uma sacada de um prédio para outra, até que estava bem. Talvez não tão bem assim, já que sentia seu corpo dolorido e nas juntas dos dedos machucados podia-se ver sangue seco e um de seus abraços e joelho estavam esfolados, colocando em seguida o blazer para esconder os ferimentos.
Quando o elevador chegou no estacionamento tocou o botão do controle para desativar o alarme, foi quando viu a Lamborghini Elemento de Naruto que combinava muito bem com ele.
Mas não com Hinata, era o que ela pensava.
Havia sido encomendada e feita especialmente para Naruto Uzumaki, o carro era feito em fibra de carbono na cor laranja com detalhes sutis em preto.
Hinata riu nervosa quando constatou que o carro seria visto até do centro espacial da Nasa pois era um carro muito chamativo, assim como o dono e provavelmente todos a veriam dirigindo aquilo.
E isso era apavorante, pois Hinata sempre fugiu de tudo que a colocasse em evidência e também tinha o fato que a potência daquele carro era algo que lhe colocava medo.
Nunca foi fã de carros esportivos, sempre preferiu os clássicos, mas não tinha jeito, entrou no carro e colocou o cinto de segurança dando partida logo em seguida. Se sentiu tonta quando percebeu que tudo naquele carro lembrava Naruto, desde o designer até o cheiro de carro novo misturado com o perfume caro que ele usava.
Manobrou com destreza para fora do estacionamento subterrâneo, mas de nada adiantaria pois as ruas estavam lotadas já que em breve seria Natal. Hinata constatou que talvez conseguisse chegar em trinta minutos na arena, se sentiu envergonhada ao notar os olhares que o veículo em que estava recebia por onde passava, por sorte os vidros eram esfumaçados e lhe davam a privacidade que tanto preza.
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Nocaute.
RomanceNaruto é um lutador de boxe que está no seu auge do sucesso, casado com Hyuga Hinata por um casamento de contrato. Mesmo que tudo fosse faixada, ela nutria um sentimento verdadeiro por ele. O rapaz não sabia, ou talvez era cego demais para não ver o...