Rainha do Alvorecer

this can't be real

Melinda estava na varanda de sua casa, no último capítulo do livro Corte de chamas prateadas.

Seus três cachorros -Faísca, Apolo e Dadinho-  estavam brincando ao seu lado, enquanto seus pais brigavam na cozinha.

Sua mãe -Juliana-, tem depressão e bipolaridade embora não assuma isso, ela ficou doente anos depois de Melinda nascer. Pode se dizer que a garota sente culpa por isso, sente culpa por ver sua mãe sofrer tanto, recebendo xingamentos todos os dias de Laércio e Alberto - Seu pai e seu irmão mais velho -

Melinda e sua irmã do meio -Katarine(Ine)- são melhores amigas, brigam muitas vezes, mas isso é normal entre irmãs. E tem Henrique, -seu cunhado- 

Amanhã será o seu aniversário de 18 anos, e, mesmo que não tenha muitos amigos, ou uma família que ajuda sua saúde mental, ela os amava. E estava tudo pronto para o dia seguinte.

Quando Melinda terminou o livro percebeu que ia ficar com uma ressaca literária horrível, ela fechou o livro e deu um beijo de despedida na capa, deixando cair uma lágrima.

Começou a brincar com seus cachorros, mas estava sentindo uma sensação entranha. Ela olhou para o livro ao seu lado e arregalou os olhos, fios de luz dourados começaram a circular a garota.

Seus cachorros começaram a latir e a última coisa que viu, foi um céu estrelado.

𝑁𝑦𝑥

Nós estávamos todos na sala quando minha tia Mor chegou com uma fêmea desmaiada nos braços. Meu pai e minha mãe se levantaram de imediato.

- Quem é essa, Mor? - Minha mãe perguntou

- Eu não sei, estava caindo do céu e eu amorteci sua queda com meu corpo. -

- Ela é humana, porque uma humana caiu do céu de Velaris? - Papai se aproximou e olhou para Az, o mesmo atravessou, provavelmente para investigar.

- Ela está ferida? - Cassian perguntou.

- Não, mas como podem ver, ela não acorda, eu tentei acordar essa garota e não consegui. -

- Leve-a para um quarto, Mor. Vou chamar Madja. - Meu pai
disse saindo.

[...]

Depois da nossa melhor curandeira examinar a garota, disse que ela estava bem e ia acordar amanhã de manhã.

Eu não sabia o porque, mas não conseguia ficar longe dela, era como se algo me puxasse.

Meu tio Azriel iria ficar de guarda a noite no quarto dela, não gostei de ideia mas entendia, era pra nossa segurança.

𝑀𝑒𝑙𝑖𝑛𝑑𝑎

Abri meus olhos e pisquei várias vezes me acostumando com a luz do sol, eu não estava no meu quarto, e não reconhecia de quem era. As paredes eram da cor creme, as janelas eram enormes do chão até o teto. E os móveis exóticos.

Nunca estive nesse quarto, olhei pela janela e vi montanhas. Eu não estava em casa, não estava na minha cidade.

Levantei meu tronco e olhei para uma poltrona, arregalei meus olhos com o que vi. Um homem de asas, dormindo, ou melhor, fingindo dormir e falhando miseravelmente.

Reparei nas pedras azuis e nas sombras em suas asas, não era possível. Ele não podia existir, Azriel não existe.

Ou eu estava sonhando, ou fiquei louca.

Me sentei na cama o observando, e me arrependi completamente quando ele desapareceu e apareceu novamente, me colocando contra a parede com uma adaga no meu pescoço.

𝐸𝑟𝑎 𝑠𝑜́ 𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑚𝑒 𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎𝑣𝑎

- Quem é você e o que está fazendo aqui? - Ele rosnou na minha cara.

Meu sangue ferveu e respirei fundo sentindo a adaga cortar minha garganta e o sangue escorrer.

Não respondi ele, o que fez suas sombras se agitarem e eu percebi que Azriel estava com raiva.

Mas eu estava mais, queria os meus pais, meus cachorros, minha família.

Ele apertou mais a lâmina e eu sorri.

- Vamos lá, me mate. -

Vi choque passar pelo seu rosto mas desapareceu tão rápido como apareceu, ele se afastou e a porta se abriu.

5 pessoas entraram no quarto, prendi a respiração, eu sabia quem eram.

Rhysand, Feyre, Mor, Amren e... Nyx. O último me encarava sem parar.

- Peço desculpas por meu mestre espião, você pode ser uma ameaça a nós. - Rhysand disse colocando as mãos nos bolsos.

Encarei Azriel e ele me encarava com um olhar mortal, revirei os olhos e limpei o sangue da ferida superficial no meu pescoço.

- O que você é? - Amren perguntou olhando pra mim, eu apontei para minhas orelhas e levantei as sombracelhas, revelando o óbvio.

- O que Amren quer dizer, é porque você caiu do céu. - O Grão senhor se pronunciou novamente.

Prendi a respiração, de novo. Eu cai do céu? Isso não é possível... ou é. Já que agora eu estou na frente dos personagens de acotar.

Se fosse em outras circunstâncias estaria surtando, mas nesse momento eu estou desesperada.

- Você está com dor? - Mor perguntou, eu neguei com a cabeça.

- Acho que ela não fala. - Cassian disse e eu revirei os olhos e bufei escutando um rosnado.

- Pare de rosnar, está parecendo um animal. - Falei fuzilando Azriel com o olhar.

- como ousa?.. -

Ele foi cortado por Feyre.

- Vimos que ela fala, Cass. Qual o seu nome? - Ela perguntou me entregando um copo de água, aceitei hesitante, tentando dar um sorriso pequeno em agradecimento.

- Melinda. - Falei baixinho.

- É um lindo nome. Eu sou Feyre, esses são Rhys, Amren, Mor, Cassian, Nyx e Azriel.  - Feyre disse sorrindo apontando para cada um, mas eu já sabia disso.

- Onde conseguiu esse colar, Criança? - Me virei para Amren vendo ela olhando para o meu colar.

Era um pingente de Lua feita com cristal, e tinha pequenos diamantes na lateral. Meus pais me deram de presente no meu aniversário de 14 anos.

Senti meus olhos lagrimejando ao lembrar que hoje é meu aniversário de 18, e eu estou longe deles.

- Foi um presente dos meus pais. -

Vi ela assentir devagar e olhei para o men...Macho ao seu lado, era Nyx, e ele estava me encarando desde que entrou sem falar nada.

- Você deve estar com fome, se arrume e venha tomar café conosco. - Rhys disse e estralou o dedo fazendo uma calça, um croped e um tênis preto aparecerem na cama.

Assenti vendo todos deixarem o quarto, e quando saíram, permiti desmoronar.

Eu não queria estar aqui, pelo menos não hoje ou longe da minha família.

Eu queria acordar com minha irmã me assustando, queria receber abraços dos meus pais e do meu irmão.

Queria sentir meus cachorros pulando e me lambendo. Eu queria estar na minha casa.