He is here with me

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Quando acordei percebi que não estava na cela, nem na corte do Alvorecer ou Velaris.

Eu estava em um quarto branco com alguns detalhes dourados e laranja claro, não sabia onde era.

Antes de começar a me desesperar, percebi que o meu colar estava enrolado na minha mão, junto com o anel.

Eu levantei a minha mão pra olhar o colar, mas senti as lágrimas se acumularem nos meus olhos quando vi cicatrizes em volta da tatuagem de Grã Senhora.

Levantei o outro braço, e comecei a chorar baixinho vendo a mesma coisa. Eu não estava mais naquela cela, mas ficaria com as lembranças pra sempre.

- Thesan não conseguiu tirar. - Escutei a voz de um macho e escondi meus braços, olhei para o lado e vi um macho humano de cabelo e olhos marrom.

- Quem é você? - Perguntei com a voz baixa, minha garganta estava seca.

O macho se levantou da poltrona e pegou uma jarra de água e um copo que estavam na mesa ao lado da poltrona.

- Jurian. - Ele respondeu me estendendo o copo com água.

Minha boca salivou, eu queria muito beber, mas se eu pegasse o copo ele veria as cicatrizes.

Escondi os meus braços em baixo do cobertor que me cobria e olhei para o chão, me encolhendo.

Jurian suspirou e se sentou ao meu lado, ele levou o copo até minha boca me ajudando a beber a água.

Aceitei a ajuda, mesmo que meu lado orgulhoso e receoso reclamasse, eu não lembrava a última vez que bebi água.

Jurian me ajudou a beber água até esvaziar a jarra, e depois se levantou.

- Sua família quer te ver, mas só vão entrar se você quiser. - Ele falou com a voz calma e eu me ajeitei na cama, acenando com a cabeça para eles virem.

Ele abriu a porta e meus pais, irmãos e cunhado entraram.

Minha mãe estava vindo com pressa na minha direção, acho que para me abraçar e eu me encoli, ela parou na hora.

- Tenham calma com ela. - Jurian falou antes de sair do quarto.

- Melly... - Meu pai chamou e eu senti meus olhos encherem de água.

- Você tá com fome? - Henrique perguntou e eu assenti devagar.

Meu cunhado pegou uma bandeja que também estava na mesa perto da poltrona, e colocou encima das minhas pernas.

- Que lugar é esse? - Perguntei baixo me sentando pra comer.

- A corte crepuscular, você dormiu por algumas horas depois que Jurian e Lucien te trouxeram, os outros Grão Senhores estão aqui também. - Minha irmã respondeu.

Eu assenti de novo e peguei os talheres pra cortar a carne no prato, mas me arrependi quando minha mãe tocou minhas mãos com os olhos marejados.

Por reflexo, larguei os talheres e devolvi a bandeja para meu cunhado.

- Podem chamar Helion? - Pedi escondendo minhas mãos de novo, tinha perdido a fome mesmo estando a dias sem comer.

Minha família assentiu e saiu, eu sabia que tinha magoado minha mãe, mas não conseguia evitar me sentir assim quando olhavam para meus braços.

Depois de alguns segundos sozinha no quarto, o Grão Senhor da corte Diurna entrou me olhando com atenção.

- Me chamou, pequena? - Ele havia me apelidado assim quando construímos uma amizade, eu sempre ficava feliz quando me chamava assim, mas esse momento não era igual os outros.

- Pode fazer um feitiço pra esconder? - Perguntei levantando os braços, Helion suspirou se aproximando e olhando minhas cicatrizes.

- Isso vai ser para eles ou pra você? - Perguntou mas eu não respondi. - Posso. -

Helion tocou os meus braços, pedindo permissão antes e fechou os olhos, um brilho percorreu sua mão até a minha pele, e as cicatrizes sumiram.

Ainda conseguia sentir elas quando passada os dedos por meus braços, mas não conseguia ver.

- Obrigada. - Falei baixinho.

- Sabe que ninguém vai te obrigar a ver todos, né? Tudo no seu tempo. -

Eu sabia disso, mas queria ter a certeza de que todos estavam seguros e bem.

- Eu quero. - Falei e Helion assentiu suspirando.

- Vou avisar todos. -

Depois de alguns minutos que Helion saiu, Thesan entrou no quarto dizendo que iria me acompanhar até a sala, ele me deu um vestido branco solto e curto.

Estava nervosa e mechendo as mãos quando paramos em frente as portas fechadas.

- Thesan. - Chamei.

- Sim? -

- Quanto tempo passou? Desde... -

- Dois meses. - Ele me interrompeu antes de terminar algo que não iria conseguir dizer.

Eu assenti e indiquei para ele abrir as portas, quando ele fez, todos se viraram pra mim e deram suspiros aliviados.

Realmente todos os Grão Senhores estavam ali, até Tamlin parecia, feliz? em me ver.

Senti um corpo se juntar ao meu devagar, e quando respirei o seu cheiro meus olhos se encheram de água.

Nyx estava aqui, bem, seguro, me abraçando, eu o apertei contra mim, deixando as lágrimas caírem sem me importar com todos olhando.

Nyx segurou o meu rosto em suas mãos, ele também estava chorando quando beijou os meus lábios, um beijo calmo e carinhoso que eu retribui.

Me afastei quando senti aquele cheiro na sala, Nyx me olhou confuso, todos me olharam confusos, mas meus olhos estavam nele.

Rowan estava ali na sala, me olhando, pisquei algumas vezes pra ter certeza de que não era uma alucinação e recuei um passo.

- O que foi, Melly? - Nyx perguntou.

- N-não pode ser. - Gaguejei negando com a cabeça. - Você está m-morto. -

Todos na sala trocaram olhares confusos, Nyx olhava pra mim tentando entender, e Rowan tinha o cenho franzido tentando se aproximar, mas eu recuava.

- Eu não tô morto, moranguinho. - Ele falou e as minhas lágrimas começaram a cair desesperadamente.

- Eu vi com meus próprios olhos, aquela fêmea arrancou a sua cabeça. - Falei chorando mais ainda e todos arfaram, Rowan também tinha lágrimas nos olhos agora.

- Essa... fêmea, a manipulou pra abaixar a sua guarda. - Eris disse e eu olhei pra ele, juntando todas as peças.

Ele não estava morto, meu Carranam não estava morto. Busquei pelo laço pra ter certeza, e quando senti e vi aquele fio brilhando como uma estrela, mais lágrimas caíram.

Eu corri e pulei nos braços de Rowan, o abraçando e chorando, me permitindo desabar.

Ele não estava morto.

Ele está aqui, comigo.

Rainha do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora