Rainha do Alvorecer

Happy Birthday

Depois que parei de chorar, tomei banho e me vesti. Eu fiz de tudo pra tentar tirar o vermelho dos meus olhos, mas não consegui.

Não estava com a mínima vontade de descer, mas o meu estômago estava implorando por comida.

Eu me perdi pelos corredores da casa, cheguei a pensar que estava andando em círculos, quem é que faz corredores idênticos?

Quando finalmente achei o caminho certo e cheguei até a escada, ouvi barulhos abafados de conversas, fui me aproximando e travei com o que ouvi.

- Deveríamos interrogar ela, torturar, até descobrir de onde veio. - Ouvi a voz de Azriel quase em um sussurro.

- Ela é uma criança. - A voz de uma mulher.

- Nestha tem razão, não podemos fazer isso. O que nos resta é esperar. - Feyre falou calmamente.

- Vocês não vêem? Ela pode ser uma espiã infiltrada aqui, uma verdadeira ameaça. -

Quando Azriel disse isso eu explodi, entrei na sala de jantar e sem desviar meus olhos dele, disse:

- Rhysand, Feyre. Entrem na minha mente. -

- Você tem certe...-

- Tenho, podem entrar. - Cortei a Grã senhora ainda olhando fixamente para Azriel.

(Ativar música)

E então eu senti as garras deles deslizando pela minha mente. Todas as minhas memórias passaram pela minha cabeça, em terceira pessoa.

Vi quando eu nasci e tive quer ir para outra cidade de ambulância, e tendo três paradas cardíacas no caminho.

Quando meu pai me visitou no berçário, e eu segurei o seu dedo com a mão minúscula.

Meus primeiros passos, a minha primeira palavra. Meu aniversário de 1 ano.

Mais memórias, eu crescendo e crescendo. Meu pai dando um coelho a mim e a minha irmã quando eu tinha 5 anos.

Festas comemorativas na minha cidade, minha mãe arrumando meu cabelo.

Meu pai me ensinando a andar de bicicleta, a ler.

Eu e minha irmã brincando de escolinha.

Todos da minha sala me ignorando quando eu estava no primeiro e segundo ano.

Meus novos amigos, nós correndo e girando na chuva, jogando vôlei, brincando de bexiga de água.

A festa surpresa da minha professora do 5° ano.

Meu primeiro beijo.

E quando eu cheguei no 6° ano, quando conheci o meu primeiro melhor amigo.

Nossos abraços, eu correndo atrás dele quando me irritava. Fazendo trabalho juntos, indo tomar sorvete... E nossas brigas.

Vi quando comecei a ter depressão, eu não queria sair da minha cama, não queria comer.

Quando comecei a me cortar, meus pais brigando na sala e eu chorando no banheiro, sozinha.

Minha mãe falando pra mim sair da cama, meu pai me abraçando nas crises, meus irmãos tentando me animar.

No dia em que eu descobri com 13 anos com meus pais que nasci com uma falha no coração.