— Até mais, cara! Não esqueça dos cuidados, viu? Retoque só daqui a um mês!
Jeon fechou a porta, alongando os dedos. A funcionária estava com um sorriso bobo no rosto, olhando para o chefe com segundas intenções.
— Acho que não é só a sua máquina que está quebrada. Meus dedos estão pegando fogo! Estão dormentes de tanta dor!
— Está na hora de arrumar novas, então.
— Realmente.
Sydney deu uma corridinha, abraçando ele num baque.
— O samurai ficou incrível! — Elogiar Jeon fazia com que ele ficasse sem jeito e ela adorava essa vergonha sem razão dele. — Vamos continuar de onde paramos? — foi direto ao ponto. Ele riu grave.
— Que diaba mais necessitada, hein? Não vou mentir. Quero substituir esse Guns N' Roses por gritos escândalos seus.
A investida na boca de Sydney foi intensa. Sentia sua bunda sendo esmagada por aquelas mãos enormes e a língua dele na metade de sua garganta. Ela colocou força no abraço quando ele lascou um tapa na nádega esquerda, balançando-a e pegando como se não fosse nada. O estilo de Jeon em nada era carinhoso, focando na dor e no prazer absoluto. De tudo aquilo não era ruim. Syd até que gostava de ser tratada feito uma puta por ele. Trazia uma emoção, um perigo que alfinetava seu púbis. Garota de gostos peculiares essa.
— Você deixou minha boca seca, Syd. Está toda rachada e machucada por sua causa.
— Deixo ela bem molhadinha pra você, o que acha, huh?
Ficou na ponta dos pés, tendo a sua base toda colada no tronco robusto de Jeon. Lambeu por fora aqueles lábios feridos, sendo atrevida a ponto de roçar as bocas e negar um beijo. Com a estimulação de mais um tapa, parou os joguinhos, movimentando a boca na dele, um beijo de virar a cabeça de um lado para o outro.
— Eita caralho! Bora beijo triplo? — O sino mais uma vez acabando com a cena.
Aquele voz irritante só podia pertencer a um idiota. Jeon larga Syd, que revira os olhos, virando para o pestinha que adentrou no pior momento.
— Park Jin, você marcou um horário, ou só estava passando e decidiu importunar meu dia?
— Não fica com ciúme não, Jey-jey. Vim visitar a Syd. E eu não conheço nenhum Jin, meu nome é Park Jimin.
— Tsc! Tanto faz. — Vira-se para a garota. — Tenho umas paradas para resolver. — Vira de volta para o estraga prazeres. — Vou te deixar aos cuidados da minha diabinha. — JK dá batidinhas que mais pareciam murros nos ombros de Park e sai tirando do bolso um maço de cigarro, acendendo e dando uma tragada amarga.
O sorriso falso dela para Jimin seria doloroso se ele tivesse o mínimo de noção de leitura corporal. Felizmente lançou um encantador de volta, deixando Sydney desarmada.
— E aí? Vai fazer uma hoje? — pergunta ela despretensiosa.
— Que tal você escolher? Vai ser mais empolgante, não acha?
— Sim! — respondeu quando na verdade queria dizer não. — Vem comigo, fofucho.
O levou para a tal sala escarlate, pedindo para que se sentasse enquanto ela pegava um álbum com diversas opções. Mostrou a ele, que folheou, mas não encontrou nada de seu agrado. Devolveu a ela, cravando seus olhos na boca furada de Sydney e tendo dificuldade de se comunicar, quase igual no dia que se viram pela primeira vez.
A fila para a entrada da Tullip's estava dobrando a esquina. Por sorte Sydney e suas amigas tinham chegado mais cedo. A matraca corria solta na roda das meninas com destaque às risadas exageradas de Syd. Prestes a entrar, o segurança barrou todas elas, chamando outro grupo que estava atrás.
"Vai deixar as princesas passarem na frente só porque a minha imagem de mulher empoderada e segura de si não te agrada, gorila?", apelou ela. "Minhas vadias e eu ferimos tanto assim sua masculinidade frágil?"
Como era de se esperar, aquela afronta elevou a raiva no leão de chácara, que não pensou duas vezes antes de pegar ela pelo braço e lançar para fora da fila. Tirou a correntinha, deixando as amigas dela passarem, que nem sequer esperaram para ver se estava tudo bem. Aquilo foi cruel e Sydney não merecia ser tratada como um saco de bosta, não de novo.
Caída e entorpecida na calçada com mais de duas dúzias com pena dela, mas sem ter culhões de ir lá ampará-la, Syd se levantou sozinha e chamou aquele homem de tudo quanto é nome até perder a voz. Ele chegou a telefonar para a polícia, mas ela nem percebeu, pois estava ocupada tentando lembrar de mais ofensas.
No lado de dentro um cara esbelto, mulherengo e cretino estava dançando com duas piranhas jovens. Estava entorpecido pela bebida, pelas luzes estroboscópicas e pelo esfrega-esfrega. Sua cabeça girava e sua temperatura aumentava a cada flash, uma sensação incrível. Mas aí sentiu o estômago revirar e pediu licença às duas.
Correu para a saída lateral de emergência, vomitando perto da lixeira assim que abriu a porta. Apoiou-se nos joelhos, limpando o suor da testa com as costas das mãos. Essa não era a primeira vez que tinha excedido a quantidade de álcool que dava conta. A parede na sua frente serviu-lhe de amigo da vez, permanecendo encostado ali e mega zonzo por um tempinho. Foi uma gritaria e um linguajar impróprio que o fez despertar. Chegou até a saída do beco em que se encontrava, visualizando pernas nuas com uma cobra enrolada e uma adaga a atravessando na coxa esquerda, um salto "cheguei-chegando" mais uma borboleta no peito do pé, um vestido preto de alça fina, um jardim de margaridas em um ombro e umas caveiras mexicanas no outro, um bracelete de cipós com espinhos e uma cruz no antebraço. O rosto dela é que verdadeiramente tocou seu coração. Fino, delicado, carregado de uma sombra escura que destacava os olhos de cigana e uma argola no lábio inferior. A verdadeira divindade da tesão acumulada.
Juntou as sobrancelhas quando viu que um homem enorme estava indo para cima dela. Cambaleou um pouco, mas conseguiu chegar perto e intervir.
"Te contratei... Para expulsar escrota gente... Demitir vou eu você se trabalho seu não direito fizer... Tendeu, seu salafrário!?", inverteu a ordem das palavras de tão bêbado.
"Sim, senhor Park".
Imediatamente o segurança se afastou e a garota custou a encarar seu salvador. O sorrisinho grogue dele poderia ser considerado um de seus charmes.
"Eu te agradeço mesmo. Estava prestes a tirar meu salto e enfiar na bunda daquele idiota. Você me impediu de ir presa.", ela riu alto, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
"Em troca coração meu acorrentado foi por você, docinho.", o bafo de álcool batendo contra a testa dela.
"Jesus, você bebeu além da conta. Melhor ir para casa. Só não esquece de passar no mercadinho e comprar um remédio para ressaca.", o aconselhou, tentando descobrir onde era o fim da fila.
Sua noite não ia como planejara, na verdade ela perdeu a vontade de curtir as últimas horas do dia. Suspirou fundo e olhou para o sujeito na sua frente que não conseguia ficar de pé sem balançar como um pêndulo.
"Meu irmão dono daqui é. Comigo vem! Dou a você uma gratuita entrada!", Sydney não conseguiu segurar o riso, apoiando-se nele de leve quase o derrubando. "Falando sério estou! Acredita não?"
"Eu acredito, só não acho que seja uma boa ideia você voltar lá pra dentro."
"E pra onde mais vou eu se não ali?"
Quando ele foi apontar, o braço de repente pesava 30 quilos e seu corpo teria despencado se ela não o tivesse segurado pela gola. Com o impulso reverso, cambalearam para trás e acabaram esbarrando em um carro estacionado na calçada. Ele apoiou as mãos no capô e ficou olhando direto nos olhos dela, dizendo tudo aquilo que não se podia expressar em palavras. Mas então rapidamente virou pro lado e vomitou mais um pouco.
Sydney ficou morrendo de dó. Seus PTs já tinham sido bem piores que o do homem que acabara de conhecer, mas ainda sim aquilo ali estava sendo um vexame. Ela sabia que tinha que retribuir o favor de alguma forma e não simplesmente o abandonar naquele estado deprimente. E foi o que fez. Pegou o braço dele e apoiou em seu ombro, caminhou com ele balbuciando trocentas cantadas de barzinhos flopados e deu sinal para um táxi. Enfiou ele no banco de trás e entrou junto.
"Para aonde?", queria saber o taxista.
O bebum parecia estar em seu 15º sono, a cabeça esmagada contra o banco. Seria inútil tentar descobrir onde ele morava. Na brincadeira talvez pudesse dar o endereço de um shopping center. Logo decidiu o levar para a própria casa.
Chegando lá, nenhuma conversa rolou. Estava sonolento e somente deu tempo de o colocar no sofá e pegar uma coberta antes dele ferrar no sono de vez. Foi na manhã seguinte, quando ela serviu um chá para amenizar a dor de cabeça que sentia, que ele disse com os dentes à mostra que se chamava Park Jimin. A partir daí tiveram as apresentações e convites de ambas as parte — ela oferecendo um combo generoso de tattoos e ele entrada Vip na boate do irmão. Obviamente rolou também a parte do sexo, drogas e rock n' roll, mas sem as drogas e o rock, apenas muito sexo toda vez que se encontravam. Chegava a ser engraçado. Eles necessitavam de estarem ligados assim que se viam, podendo ser na doceria da esquina, na estação do metrô, embaixo do prédio dela e em qualquer lugar possível de se fazer ao menos um vuco-vuco rápido.
Atualmente o vendo ali, sentado na maca com o mesmo sorriso bobo, Sydney se lembrou das noitadas que tiveram e acabou por enrubescer. Jimin curtia testar coisas novas com ela, incluindo brinquedinhos. Nunca admitira, mas ser agradada e totalmente endeusada por Park a fazia se sentir realmente uma Afrodite da vida. Lutava para não gostar do garoto, mas gostava. Se ele notou o rubor, fingiu que não.
— Ei, Syd! Já sei o que eu quero! — o jeito empolgado dele sempre a contagiava.
— É mesmo?
— Quero uma rosa como a sua, mas no meu pescoço embaixo da orelha. O que acha? Vai ficar bem bacana, neh? Um sombreado cairia bem, certo? Talvez colorido fique muito destacado por conta do meu tom de pele. Consegue fazer a linha fininha? — modo faladeira on.
Ela o olhou por um tempo. Tatuagem combinando é o tipo de clichê de casal que ela odiava, mas acaba por não dizer nada. Pegou seu equipamento e se preparou para mais um desenho.
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❝𝐓𝐚𝐭𝐮𝐚𝐝𝐨𝐬 𝐩𝐨𝐫 𝐏𝐞𝐭𝐚𝐥𝐚𝐬⚥❞
Fanfiction[THREESHOT] Clientes surgiam com as mais inusitadas ideias em mente. Desejavam imortalizar em seus corpos símbolos que iam de religiosos a macabros. Lá, natimortos na cadeira, recebiam uma tortura paga e depois ficavam contentes. As mãos tinham de s...