Shisui trabalhava sem parar, ia de um lado pro outro do balcão entregando drinques alcoólicos e sucos para os clientes que apareciam ali aos montes. Quando Shisui terminava de servir um, já havia mais quatro na fila. Pelo menos não estava trabalhando sozinho, dividia os afazeres com seu irmão mais velho, Izuna: enquanto ele se ocupava em servir as pessoas que estavam sentadas nas mesas postas por todo o salão, o mais novo servia as pessoas que se sentavam ao redor do balcão de mármore preto
Shisui suspirou e apoiou na parte mais baixa do balcão, sentiu suas pernas tremerem por não ter parado um minuto sequer. Começou a secar alguns copos e viu Izuna mexendo no celular e sorrindo para a tela do aparelho. Já sabendo do que se tratava, o mais novo se aproximou e puxou o rabo de cavalo baixo de Izuna que emputeceu instantaneamente.
– Estamos em horário de trabalho, dá pra deixar pra falar com seu namorado depois que essa correria acabar?
– Estamos em horário de trabalho — Izuna repetiu a fala de seu irmão com uma voz engraçada — você só enche o meu saco porque não tem ninguém pra fazer cair com os quartos, né?
Shisui enrolou a toalha e a bateu com força na coxa de Izuna, soltando um palavrão em seguida e voltando para perto do escorredor de copos ao lado da pia.
– Ainda não acredito que vai se casar com o Kagami. Ele é nosso primo!
– Não é de primeiro grau. E ninguém mandou ele ser irresistível.
– Deve ser porque ele é parecido comigo.
– Eca, Shisui! — Izuna fez uma careta de nojo — Se eu tivesse pensado por esse lado, eu jamais teria ficado com ele. Imagina só, ficar com alguém que parece o jaburu do meu irmão. Ha, ha — o mais velho deu um riso alto e irônico — Vai sonhando.
Shisui revirou os olhos e riu baixo, começando a anotar o pedido de mais um cliente.
Os dois se tratavam como se fossem gato e rato, mas, para Shisui, Izuna era o melhor irmão que alguém poderia querer ter. Izuna pensava o mesmo sobre Shisui.
Shisui só tinha a agradecer o mais velho por tudo. Shisui jamais teria conseguido um emprego tão incrível quanto aquele sem a ajuda de seu irmão. Na época, Shisui estava tão desesperado por um emprego, que quando Izuna apareceu no quarto dizendo que tinha recomendado Shisui para ser barman junto de si no hotel em que trabalhava, Shisui quase surtou. Já estava perdendo as esperanças, caso não conseguisse a vaga — seria sua décima segunda tentativa —, disse em alto e bom tom que iria desistir de tudo e começar a vender água de coco nas praias de Nova York. Por um triz, Shisui conseguiu a vaga. Dali pra frente foi só alegria. Adorava trabalhar como barman, e ainda ganhava uma boa grana por isso.
Shisui viu uns caras de terno saindo de seus carros pretos luxuosos e os observou entrar um a um pela porta de vidro da entrada. Todos carregavam câmeras profissionais e aquelas paradas para tirar foto com flash. Parecia que um evento super importante ia acontecer naquele hotel, e Shisui não sabia de nada.
– Izuna, o que tá acontecendo? — Questionou o mais velho assim que ele foi buscar mais algumas bebidas no balcão — Quem é toda essa gente?
– Eu sabia que tava faltando alguma coisa! Shisui, onde você tava quando o nosso patrão chamou a gente pra uma reunião urgente de última hora?
– Que horas foi isso?
– Hoje, mais ou menos as três.
– ...Puta merda.
Shisui pensou um pouco e se lembrou que nesse horário ele estava ocupado demais com um garçom gatinho no banheiro.
Entrou em desespero, achou que perderia o emprego e imediatamente sentiu a garganta secar. Queria sumir dali, queria nunca mais ser visto por ninguém. Tentou pelo menos saber do que se tratava aquele fuzuê todo.