ℂ𝔸𝕆𝕊 - 𝕭𝖆𝖏𝖎 𝕶𝖊𝖎𝖘𝖚𝖐𝖊

𝐂𝐚𝐩í𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟎𝟓

Memórias da vida passada de [nome]

É hoje! É hoje o dia de me declarar para ele, Felipe, meu melhor amigo.

O dia estava ensolarado, mas o clima não se encontrava quente, apenas refrescante. A brisa fresca batia contra meu cabelo castanho o qual acabava por flutuar em sincronia.

Estava com tudo preparado, na verdade seria apenas uma carta com um lindo e chamativo envelope laranja cítrico com alguns detalhes em amarelo, podia parecer simples, mas era algo que transbordavam meus verdadeiros sentimentos pelo japonês. Felipe era um rapaz com uma beleza considerada extravagantemente perfeita, olhos dourados, cabelo curto e negro que voava quando a brisa batia e pele branca, seus finos lábios sempre tinham uma linha marota e sorridente desenhada que sempre mostravam seus caninos, parecia até um anjo.

Caminhei em passos apressados e ansiosos até a grande escola a minha frente, se não fizesse isso hoje, não sei se teria coragem para fazer em outro dia. Respirei fundo sentindo meu estômago revirar em inquietação, lá estava ele com seus amigos em um pequeno beco na escola suas motocicletas, como sempre, os acompanhavam.

- Lipe! - o chamei, suas íris ambares se encontraram com meus olhos, minha pupila rapidamente se dilatou, o garoto fez uma feição confusa e, então caminhou até mim, meu coração parecia querer sair pela boca, minha garganta secou e meu corpo enrijeceu.

- O que houve? - Me perguntou um pouco indiferente. Suspirei e lhe entreguei, com as duas mãos ao mesmo tempo, a carta com pressa, a mesma se encontrava um pouco amassada pelas agonias que passei no caminho. - O que é isso? - Pegou o papel colorido e o encarou como se tentasse adivinhar sobre o que se tratava.

- Uma de-declaração amo-morosa. - Gaguejei nervosa.

- Aaah! - Seus olhos cintilaram por um momento. - Da sua prima, certo? - Pude ouvir algo como vidro se quebrando dentro de mim.

- Como você... ? - Me interrompeu.

- Como eu soube? É porque se fosse sua, eu não saberia como rejeitar e, também, você não gostaria de mim, né? Já que é minha melhor amiga. E sua prima é tão... - Naquele momento, não pude controlar meus movimentos e instantaneamente acertei-lhe um tapa no lado direito de seu rosto, minha mão ardeu por um momento, mas não liguei, tudo por causa da raiva. Percebi os olhares assustados dos amigos do garoto - Por que me bateu?- Perguntou confuso e com a mão na bochecha.

- Espero não ver teu rosto nunca mais em minha frente, Felipe! - Saí de lá correndo, provavelmente não estaria presente na aula já que corri para fora da escola o mais rápido que pude. Escutei meu nome ser chamado pelo moreno, mas não queria ver a cara dele tão cedo.

Na verdade, era sempre assim quando me apaixonava por um garoto, ele acabava por começar a gostar da minha prima, mas não ousaria julgar, Fernanda era uma garota linda, cabelo com cachos meio abertos de coloração castanho escuro mediano na altura dos ombros, pele marrom clara, quando seus lábios sorriam seus olhos castanhos acompanhavam e, ela era sempre simpática e sorridente, aquilo me dava um pouco nos nervos, era totalmente perfeita, até suas notas eram exemplares. Fernanda era o motivo de maior parte de minhas inseguranças. Minha mãe sempre foi próxima da garota, muitas vezes me dizia que tinha que ser igual a minha prima, mas nunca melhor. Engraçado, não? E meu pai, digamos que não tenho uma convivência boa com ele, porém dá para o gasto.

Fui então na direção ao meu porto seguro, o hospital particular de Tóquio. Lá distraia minha cabeça aprendendo coisas básicas de curativos e outras coisas.

(QUATRO ANOS DEPOIS)

O clima estava gélido e úmido, a brisa fria e meio molhada beijava meu rosto levemente avermelhado por conta da baixa temperatura, meu cabelo se encontrava com os cachos desmanchados pela chuva grossa que tombava em mim. Meus olhos castanhos transbordavam rios salinos de lágrimas que desciam pela minha face, ergui meu rosto para observar o céu nublado com nuvens acinzentadas, logo sentindo as gotas refrescantes caírem sobre minha pele pálida.