01

2.1K 126 87
                                    

Assim que vejo Christopher chegar na área de desembarque, corro em sua direção e ele solta a mala para conseguir me segurar. Seus braços envolvem minha cintura com força e ele enfia o rosto em meu pescoço, arrepiando minha pele. Têm quase um ano que não nos vemos e eu estava morrendo de saudade dele.

Quando meu pai foi transferido de São Paulo para Ipameri em Goiás há cinco anos, eu quase infartei. Fui obrigada a deixar meus amigos e minha cidade maravilhosa para morar vir morar na roça – certo, não é exatamente uma roça, mas era isso que eu pensava na época e foi isso que eu gritei mil vezes com meu pai.

Entrei no colégio no meio do ano e me senti completamente perdida até conhecer Alfonso e Christopher, os dois eram melhores amigos e inseparáveis, foram basicamente criados como irmãos e me defenderam das garotas metidas no colégio. Foi assim que juntei a eles e nos tornamos um trio inseparável, não nos afastamos nem mesmo quando comecei a namorar o Alfonso há dois anos e meio, mas as coisas estavam mais difíceis de lidar depois que eles se formaram no ensino médio.

Christopher foi para São Paulo, queria estudar publicidade ou algo que o permitisse trabalhar enquanto viajava, tinha ganas de conhecer o mundo. Já Alfonso, se mudou para Goiânia na mesma época, desistiu de ir para São Paulo com o amigo, pois não queria me deixar, ele voltava todo final de semana para ficar comigo, mas as coisas já não eram mais as mesmas há muito tempo. Meu namoro está por um fio, um fio curto e prestes a se romper.

— Eu estava com saudade, pequena! — murmura enquanto me coloca no chão e sorrio largamente.

— Eu também estava.

— Não sabia que ia vir me buscar hoje...

— Eu sei que você veio antes para aproveitar seus pais, mas não ia conseguir esperar até sábado para te ver, então liguei para o tio Victor e perguntei se eu podia vir. Espero não te incomodar — digo, olhando-o de lado enquanto ele pega a mala.

— Você nunca me incomodou, Dulce — ele pisca para mim e sorrio ainda mais.

Christopher e eu seguimos para fora do aeroporto, onde o pai dele nos espera ao lado do carro. E os observo se cumprimentarem com abraços calorosos.

Ele preferiu pegar um voo para Caldas Novas para passar alguns dias em casa antes de seguir para Goiânia, onde o show do Villa Mix vai acontecer. Então temos uma hora de estrada até Ipameri e Christopher vai nos contando sobre a faculdade durante esse período.

Tio Victor me convida para ir almoçar com eles e tia Alexandra, mas eu recuso. Sei o quanto sente falta dos pais e sei que precisam de um momento juntos, eu vou passar o final de semana com ele em alguns dias, posso deixá-los terem um tempo por enquanto. Christopher sai do carro quando seu pai para em frente a minha casa e me abraça com força mais uma vez.

— Sei que você vai estar ocupado com sua família, mas se tiver algum tempo livre, me liga — peço.

— Pode deixar. De qualquer forma, nos vemos em três dias, está bem? Estou ansioso!

— Eu também — minto. Ele inclina a cabeça, mas fico nas pontas dos pés e beijo sua bochecha rapidamente querendo desconversar — Vou entrar, me liga qualquer coisa.

— Está bem...

Para ser sincera, não estou nem um pouco animada com esse show. Mas, infelizmente, meu ingresso já está comprado, Christopher veio para isso e levei semanas para convencer meu pai a deixar dormir no apartamento de Alfonso - algo que ele só permitiu porque Christopher estaria junto. Verdade seja dita, meu pai nunca suportou meu namorado.

Além disso, é o primeiro ano que eu poderia ir de Open Bar e não dependerei deles para beber. Eu ia me esforçar bastante para curtir a festa e esquecer os problemas do meu relacionamento. Até porque, eu sabia que ele não duraria muito mais.

Medo BoboOnde histórias criam vida. Descubra agora