06

1.5K 112 102
                                    

Arregalo os olhos quando Nina se solta da coleira e começa a correr que nem louca pelo parque. Sequer hesito em começar a correr atrás dela, porque minha prima vai me matar se algo acontecer com essa pestinha.

Ouço algumas pessoas rindo de mim, algumas até tentam me ajudar a pegar a cadela, mas ela vai se esquivando. Céus, preciso entrar numa academia, estou sedentária demais, a um passo de me jogar no chão e implorar a todas as coisas mais sagradas do mundo que Nina venha até a mim.

Um impacto forte na lateral do meu corpo, me faz gritar surpresa enquanto caio com tudo na grama com um corpo desconhecido em cima de mim. Quer dizer, desconhecido? O perfume, que tanto venho lutando para esquecer nos últimos meses, atinge minhas narinas com todas as notas. Minha boca se abre e arregalo os olhos ao encarar o rosto de Christopher acima de mim, ele está tão surpreso quanto eu e também não parece saber o que dizer.

Um latido fino chama a minha atenção e olho em direção a Nina que magicamente desistiu de correr para longe de mim e agora está bem ao meu lado ofegante e com a língua para fora, provavelmente desesperada para tomar uma água gelada. Christopher levanta e estende a mão para me ajudar, mas eu a ignoro e me ajoelho pegando Nina em meu colo e encaixando a coleira nela, dessa vez me certificando de deixá-la bem justa.

— Desculpa, eu não te vi... Eu estava correndo e você apareceu do nada... — ele murmura quando desiste de manter a mão esticada.

— Percebi ou teria corrido para longe de mim, não o contrário — não consigo evitar o tom magoado em minha voz.

Depois de conferir mais de uma vez se teria algum jeito de Nina escapar daquela coleira outra vez, tento me levantar, mas assim que apoio o pé esquerdo no chão, sinto uma pontada tão forte no tornozelo, como se tivessem enfiado muitas agulhas ali e se não fosse por Christopher, que rapidamente me segurou, eu teria caído de cara no chão.

— Acho que você machucou o tornozelo...

— Parabéns pelo diagnóstico, deveria estar estudando medicina — comento ácida tentando me afastar dele, mas seu braço está firme em volta da minha cintura — Será que pode me soltar? Eu consigo me virar sozinha...

Os lábios dele se esticam rapidamente em um sorriso que ele tenta disfarçar, mas não consegue fazer antes de eu perceber. Ele não me solta como eu pedi, em vez disso, se abaixa e passa o braço livre por trás dos meus joelhos, e solto um gritinho de surpresa por ele estar me pegando no colo. Quase solto a coleira da Nina por impulso, mas meus dedos a apertam com força antes que escape por completo.

— O que você está fazendo? Me solta!

Christopher me ignora por completo e começa a andar em um ritmo que Nina consegue nos acompanhar. Ele para alguns metros a nossa frente quando encontra um banco livre e me coloca sentado ali, com as pernas para cima. O fuzilo com o olhar, apesar de estar tentando me ajudar, não o quero perto de mim.

— Não precisa ficar tão assustada perto de mim, Poncho não precisa saber que nos encontramos assim — suas palavras me pegam de surpresa. Primeiro, porque são ácidas e irritadas, e ele não tem motivo para falar assim, já que foi ele quem me cortou de sua vida. Segundo, porque não entendo o motivo de Alfonso ser inserido nessa conversa.

Há quase oito meses, Christopher foi embora prometendo que voltaria para mim, mas ele nunca voltou. Pelo contrário, na manhã seguinte eu acordei e vi que tinha sido bloqueada em todas as suas redes sociais, tentei ligar, mas o número parecia ter sido desativado. Ele não voltou para o Natal ou Ano Novo, nunca me mandou uma mensagem ou ligou. Ele fez comigo o que fazia com todas as garotas, e eu fui uma idiota por pensar que seria diferente para ele.

Medo BoboOnde histórias criam vida. Descubra agora