An Apocalypse Story - NCT Dream

O dia em que tudo começou.

JANE, 09:30, COLÉGIO.

Jaemin e eu estávamos na terceira aula do dia, era de se esperar que metade da classe já estaria de saco cheio numa sexta-feira nublada, onde todos provavelmente teriam algo melhor para fazer. Eu sei que eu tinha.
Desde que entrei no ensino médio estudar pareceu ser cada vez menos a minha prioridade, mesmo com meus pais exigindo notas que fossem, no mínimo, acima da média.
Jaemin não era o que chamamos de aluno modelo, mas isso porque ele não queria ser. Ele evitava levantar a mão para responder ou ir até o quadro resolver algum problema, ele se abstinha de chamar a atenção o máximo que podia, mas se quisesse tenho certeza de que poderia ser um dos melhores e mais memoráveis alunos do colégio.

Eu estava debruçada sobre a minha carteira, que ficava na terceira fileira de uma série de 5, no fundo; já não me dava ao luxo de prestar atenção em nenhuma palavra que o professor de matemática dizia. Enquanto brincava com uma tampinha de caneta foi que ouvimos, de repente, uma colisão contra a janela. Assim como eu, outros alunos olharam assustados na direção das grandes janelas de vidro que tomavam metade do perímetro da parede. Ali, bem no meio, uma rachadura ensanguentada, com penas pretas grudadas. Era um corvo.
Não dava tempo de pensar no porquê, de repente outra batida, e mais outra, e mais outra. Era uma cena além de nossa compreensão, inesperada. Dezenas e dezenas de corvos, voando em direção às paredes e qualquer coisa que estivessem em seu caminho. O vidro não iria aguentar, e tínhamos poucos segundos entre a absorção do medo e os estilhaços iminentes.
Jaemin sempre foi rápido em pensar no que fazer, e nessa situação não seria diferente. Antes que eu pudesse perceber ele já estava me puxando pela mão.
— Rápido! — sussurrou ele à medida que saímos pela porta de trás da classe.

Os olhos de todos ainda estavam vidrados nas diversas rachaduras nas janelas, mas Jaemin nem sequer pensava em olhar para trás.
Não muito tempo depois ouvimos o vidro sendo estilhaçado, milhões e milhões de minúsculos caquinhos de vidro voando por toda parte, abafados pelos gritos dos alunos que continuavam lá dentro.
Jaemin segurou meu pulso com mais firmeza, ele sabia que eu tentaria me desvencilhar dele a qualquer momento se fosse possível. Apesar de confiar cegamente nele, algum outro instinto acabaria falando mais alto.
Paramos em frente ao seu armário, a esse ponto o corredor já estava uma algazarra. Olhando para os lados podia perceber a pressa de todos, alguns sangrando por conta dos estilhaços que os acertaram, outros estavam apenas tentando se safar de ter o mesmo destino ou coisa pior.
Vi uma garota passar com outra as pressas, provavelmente indo para a enfermaria, enquanto tentava acalmar a garota que tinha um enorme pedaço de vidro preso em uma parte do pescoço. Pelo que vi de relance aquilo se tornaria fatal a qualquer momento, um mínimo esbarrão faria com que uma jovem vida fosse tirada num instante; e era exatamente isso que a garota tentava impedir a todo custo.
Quando as perdi de vista voltei toda a minha atenção para meu melhor amigo, que parecia bem mais calmo do que qualquer pessoa deveria estar numa situação repentina como essa.

— Jaemin, dá pra explicar o que tá acontecendo?! — perguntei quase que gritando ao meu melhor amigo.
— Eu não sei. — Respondeu ele sem tirar os olhos de seu armário.
Ele estava enchendo sua mochila de coisas que não eram cadernos e livros, mas que eu não consegui ver do que se tratavam pela velocidade em que eram transferidos de lugar.
— Só sei que não é normal. — finalizou ele, agora olhando seriamente para mim.

Então o alto falante soou, alto falante esse que só era usado para avisos importantes.

DONGHYUCK, 09:37AM, PARQUE DE DIVERSÕES.

— Ah, cara! Montanha russa de novo? É sério? — Renjun reclamou, frustrado.
Já era a terceira vez que Chenle e Jisung nos arrastavam para aquele brinquedo nas últimas duas horas.
Sexta-feira não era um dia tão comum para passeios, mas era ótimo estar fora dos limites da escola, pra variar.