Laços.

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JANE, 09:52, COLÉGIO.

Os corredores de uma das escolas mais cheias de Atlanta se encontravam praticamente vazios agora, não fosse por mim e Jaemin e dois ou três professores que monitoravam tudo, abrindo cada porta para garantir que todos já haviam saído.
Meu melhor amigo se esgueirava atrás de armários e entre as mesas, eu fazia o mesmo seguindo suas instruções dadas no começo desse plano todo. Íamos para a enfermaria.
O caminho que sempre foi simples, por se tratar do lugar mais acessível da escola, agora parecia a quilômetros de distância. Era como se nunca fossemos chegar lá, e ficar abaixados a maior parte do tempo para não sermos vistos também não facilitava o processo.

Depois de alguns minutos conseguimos finalmente andar sem muita preocupação, os professores já haviam terminado a ronda daquele andar, então estavam agora ocupados com outras partes da escola; mas isso não deixava que baixassemos a guarda, estávamos preparados para correr ou arrumar alguma desculpa caso fosse necessário.
Jaemin e eu andávamos lado a lado, ele ainda segurava meu pulso desde o momento que o plano foi feito, e provavelmente seguraria até estarmos fora da escola ou até que ele precisasse das duas mãos para fazer algo.
Eu não me incomodava com isso, afinal ele sempre foi meu melhor amigo e o toque físico é sua maior forma de demonstrar; nada disso era desconfortável.

Ao olhar para o relógio do corredor, Jaemin nos instigou a apertar o passo, ele não sabia o horário que algo poderia acontecer, tudo o que sabia é que só estávamos perdendo tempo a essa velocidade.
Assim que fizemos uma curva brusca no corredor, com Jaemin um passo à frente de mim, demos de cara com um garoto. Eu já havia visto ele pelos corredores algumas vezes, e mesmo sempre rodeado de pessoas ouvi dizer que seu grupo de amigos estudava em outro lugar. O garoto de cabelos negros que estava sempre sorridente agora estava com um olhar preocupado, surpreso por nos ver.

Jaemin o cumprimentou rapidamente com a cabeça e voltou a me guiar, passando pelo garoto que também voltava a seguir seu caminho. Olhei para trás, ele fazia o mesmo enquanto seguia, quando chamou.
Jaemin e eu paramos, olhando para ele.
Ele se aproximou rapidamente de nós, esticando uma chave inglesa para que Jaemin pegasse, dizenho:

- Cuidado por aí, sabe, animais agitados sempre sinalizam algum desastre...

E após isso ele voltou a correr, desaparecendo do nosso alcance ao fazer a curva no corredor. Jaemin e eu nos entreolhamos e ele me entregou a chave inglesa, afinal já estava carregando peso demais.

É possível que o silêncio seja algo ensurdecedor? Porque naquele momento, ele era. Não ouvíamos absolutamente nada; não havia passos, não havia vozes, nem mesmo o som do vento existia naquele lugar. Era apenas o silêncio.
Jaemin parecia tão preocupado quanto eu, mas sendo como ele é, não deixaria isso transparecer para ninguém, muito menos para mim. Ele sempre me passou segurança, sempre esteve ao meu lado e sempre me assegurou que nunca deixaria nada acontecer comigo. Eu não era forte o suficiente para corresponder aquilo com tamanha certeza e determinação, mas sempre soube que, se fosse preciso, daria minha vida em troca da dele sem pensar duas vezes.

E essa sempre foi nossa dinâmica, desde a coisinha mais banal como uma advertência, até algo pior caso um dia acontecesse.

Em meio a todos os meus devaneios chegamos na porta da enfermaria, Jaemin exitou em abri-la assim que ouvimos barulhos vindos de lá de dentro. O minúsculo vidro da porta não dava visão para nada além de uma cortina que envolvia uma das macas; eram três no total, uma mesa ao lado da porta de entrada e, mais ao fundo, uma porta cinza que dava para o depósito de medicamentos. Não era tão cheio quanto o de um hospital, mas tinha remédios o suficiente para cuidar de cada aluno daquela escola.

Nós dois tentamos enxergar algo além daquela cortina, mas nada era possível fazer. Os grunhidos não eram tão audíveis, mas pudemos perceber que se tratava de um choro, abafado em algo.
Ele me passou para trás, pegando de volta a chave inglesa e me entregando sua mochila, ela não estava tão leve, mas também não pesava tanto quanto parecia.

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⏰ Última atualização: Dec 21, 2021 ⏰

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