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Sentindo seu corpo ser cutucado com cuidado, a morena lentamente abriu os olhos castanhos e tentou compreender o que acontecia ao seu redor. A figura alta de Douglas parado na sua frente com um prato na mão a deixou sem entender mais ainda. Quantas horas haviam se passado? Ela cochilou ou hibernou?

Ali, você perdeu a janta. Te procurei no prédio todo, garota. Quer me matar do coração?! — deu tapinhas nas pernas da amiga, para que ela as dobrasse — Me agradeça tirando fotos bonitas da minha cara nos jogos, viu. — entregou o prato de comida nas mãos delicadas da moça ao seu lado — Come tudo.

— Nossa, muito obrigada, Glinhas. Não sei o que seria de mim sem você. — dramatizou enquanto levava a primeira garfada até sua boca. Saboreando aquela comida maravilhosa. Ficaram conversando e fofocando até ouvirem alguém se aproximar do cômodo, e consequentemente quase o adentrar.

— Eita, não sabia que tinha gente aqui. — a voz de Lucas chamou a atenção da dupla no sofá. Ao se virar, Alice avistou a figura de seu outro amigo acompanhado de Bruno, que estava com uma expressão cansada e triste em seu rosto. E em silêncio. Lucas segurava um notebook embaixo do braço — Atrapalho?

— Jamais, Lucão. Entra aí. — a mulher respondeu, logo voltando a comer sua janta. Estava varada de fome e não pretendia desperdiçar.

Os dois amigos entraram no cômodo e se sentaram em outro sofá. Lucas abriu o computador e pareceu teclar algo rápido.

— O que vocês dois estão aprontando? — Douglas semi cerrou os olhos e analisou a dupla, fazendo pose de desconfiado e brincando com eles.

— Vou fazer chamada de vídeo com a Bia, quero ver as crianças. Já tô morrendo de saudade deles, acredita? Nem se passou muito tempo. — Alice reparou que os olhos do amigo brilhavam ao falar dos filhos e da esposa — Queria ter passado mais tempo com a Maya.

— Seus filhos são lindos, lembro que vi fotos na internet antes de vir pra cá. — a morena comenta.

— Quando voltarmos pro Brasil vou te levar em casa, Alice. A Bia vai adorar ter uma amiga fotógrafa. Já se prepara, viu. — ele alerta fazendo sinal com as mãos, a garota sorri como resposta.

— E eu tô doido pra ver meu afilhado. O Theo deve estar terrível sem você por perto. — Bruno finalmente se pronunciou, mostrando um pouco de bom humor na fala e na expressão facial.

Aquilo deu um certo alívio no pobre coração de Alice, mesmo sem ela perceber. A cara cansada do levantador havia lhe colocado uma pulga atrás da orelha. De fato, ela estava curiosa para saber porquê o jogador estava assim. E ele, Bruno, queria saber o porquê de Alice ser tão... Atraente? Ele não sabia como explicar o que sentia. Só sabia que ela tinha algo que lhe prendia a atenção. Eram dois curiosos que não se sentiam íntimos para perguntar sobre o outro.

Conversaram tanto que perderam a noção do tempo naquela noite quente de verão. Só se tocaram que precisavam voltar aos quartos quando o técnico Renan apareceu e lhes deu um leve esporro. Com o rabo entre as pernas, cada um foi para seu canto. Bruno e Lucas aproveitaram que o quarto de Alice ficava no caminho até o deles e fizeram companhia para ela.

Naquela madrugada abafada, Bruno Mossa de Rezende teve dificuldades para conseguir dormir. Ele fechava os olhos, rolava de um lado para o outro naquela cama de solteiro, tentava ao máximo esvaziar sua cabeça para se concentrar apenas em pegar no sono. Dentre muitos motivos para perder o sono, apenas dois estavam lhe pilhando mais: o primeiro era o peso que carregava por ser o capitão do time e ter que trazer o ouro olímpico. Bruno se cobrava muito, tanto que chegava a machucá-lo mentalmente. E segundo, ele não conseguia parar de pensar na nova fotógrafa da seleção. Ficava se perguntando por que raios essa garota rondava sua cabeça, e o que ela tinha para tê-lo deixado assim. Afinal, mal tinham conversado direito, ele não sabia dizer em que ponto estavam nessa "amizade".

Cruel Summer » {Bruno Rezende}Onde histórias criam vida. Descubra agora