Cruel Summer » {Bruno Rezende}

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Com uma rotina variando entre treinos, reuniões e compromissos, Bruno ainda assim arranjou tempo para poder estar ao lado de quem amava. Alice e sua família, apenas. Apesar de que, conforme o campeonato sul-americano cada vez mais se aproximava no calendário, menos tempo existia para deixarem de viver no automático. Tentavam aproveitar ao máximo cada mísero segundo que lhes era oferecido, porque sabiam que após o campeonato em Brasília, as coisas não seriam mais como antes. Bruno não estaria no Brasil e Alice começaria em seu tão sonhado emprego, e também se mudaria para o apartamento próprio. Não estariam mais naquele clima de amor vinte e quatro horas por dia, muito menos no clima de carícias e intimidades, já que não estariam mais perto um do outro. E com isso, Bruno mal podia esperar para apresentar a namorada para a família. Quanto à Alice, ela se limitou à apenas informar os pais de que iria trabalhar novamente com a Seleção, em Brasília. Apenas. Não revelou mais nada, queria deixar para contar o restante das notícias com Bruno, quando finalmente conseguisse o apresentar para a família.

Foram poucas as vezes que tocaram no assunto sobre a futura distância, era até possível contar nos dedos as poucas vezes. Bruno preferia muito mais reviver as memórias dos momentos que teve com Alice ao invés de pensar na realidade que os encontraria logo logo. Reviver memórias era algo muito mais cômodo e favorável para ele.

Em sua mente, ele revivia as tardes em seu apartamento na Zona Sul. Especificamente uma tarde, onde ele estava estirado no seu sofá e com um livro em mãos, Bruno alternava seus olhos entre as páginas e a doce cena de Alice estudando, sentada em uma das cadeiras da enorme mesa de jantar dele, com o notebook e algumas folhas de papel no campo de visão dela. Era impossível de descrever tamanha perfeição daquele momento para Bruno, ele poderia sentir seu coração bater, batida por batida, tudo por Alice. Mentalmente, ele pintava um quadro, uma obra-prima, da imagem de sua namorada sentada, com o cabelo preso em coque e os olhos castanhos fixados no seu estudo. Ah... E como não detalhar os tons de castanho dos olhos dela? Bruno havia decorado tom por tom, como se sua vida dependesse disso. Era algo impossível de se esquecer.

Esse amor havia deixado uma marca permanente em ambos.

Quando Bruno finalmente acordou de seus devaneios diários e se deu conta de que o tempo havia passado, já estava em pleno campeonato Sul Americano, em Brasília. Especificamente no meio de um treino, no momento em que é narrado.

— Por hoje foi o suficiente em quadra, rapazes. Descansem um pouco e passem na academia depois, pra finalizar. Depois, hotel e descanso. Só. — Renan ordenou, anotando algumas observações em sua prancheta.

Alice pendurou a alça de sua câmera em seu pescoço e desceu alguns degraus da arquibancada, indo em direção à sua garrafinha de água que estava no banco dos atletas, enquanto mentalizava palavras de coragem para finalmente conversar com seu namorado sobre um assunto extremamente importante. Bruno respirava fundo e se concentrava em controlar a respiração enquanto saía da quadra, estava cansado. Tudo que ele mais queria era poder sentar, relaxar e finalmente ficar com Alice pelo resto do dia e noite, jogando conversa fora. Inconscientemente, ele estava começando a ficar, aos poucos, cada vez mais dependente do afeto de sua namorada.

— Oi, amor. — Bruno murmurou, beijando o topo da cabeça de Alice. Já não faziam mais questão de esconder o relacionamento dos que viviam ao redor deles — Você tá bem? Sua carinha não me engana mais. — acariciou a bochecha rosada dela, dando um leve puxão como forma de anima-la.

— Oi, meu bem. — Alice ficou na ponta dos pés, o alcançando e depositando um breve selinho nos lábios de Bruno — Eu tô bem sim. — riu de leve — Só preciso conversar com você, nada sério. Tenho novidades. Das boas. — pegou a toalhinha branca das mãos dele e o ajudou a secar o suor que passeava pelo rosto pouco bronzeado do mais velho.