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O terrível dia seguinte chegou. E, ainda abalada e totalmente desequilibrada, Alice acordou em choque. Sua mente trabalhava a milhão, jogando aleatoriamente lapsos de memórias da noite anterior. Se sentou na cama e analisou o horário em seu celular, era cedo demais para estar acordada, mas ela tinha certeza de que não conseguiria voltar a dormir tão fácil. Analisou a poltrona à sua frente, lembrando de um pequeno fragmento de boa lembrança da noite anterior. Bruno...

A garota sabia que não conseguiria ficar sem dar explicações para ele, mas tentaria evitar isso o máximo que conseguisse. A única pessoa que tinha uma breve noção de como eram os pais de Alice, era Douglas. Apenas ele, e não era 100% ainda por cima. A morena guardava sua história junto a dor e sofrimento que passou por todos esses anos, e se sentia mais do que envergonhada em contar ela toda para alguém.

Naquela manhã, a Vieira checou seu e-mail e com calma analisou a mensagem que havia chego da instituição, pedindo seus dados, documentos, notas da época da faculdade e afins. Estava tão desnorteada que não conseguiu sentir a felicidade que esse momento deveria proporcionar à ela.

Passou o café da manhã com os fones de ouvido, evitando contato com a equipe ou o time. Precisava ficar sozinha para digerir tudo da noite passada. Se ela ficasse rodeada de pessoas, acabaria deixando seus dramas respingar nos outros. Bruno, o capitão, tentou ao máximo conversar com ela, pra entender o que havia acontecido. Mas a fotógrafa apenas se limitava com as palavras, inventando desculpas sobre estar ocupada e se afastando logo em seguida. E toda essa situação alugou um triplex na cabeça do Rezende. Não poderia negar, estava quase explodindo de curiosidade, e também de agonia e estresse. Na sua cabeça, só existia um pensamento: "Eu sempre me abro com ela, qual o problema dela em se abrir comigo também?". Estava ficando cada vez mais difícil de lidar com isso, por parte dele.

A verdade é que Bruno simplesmente não entendia que Alice funcionava no próprio tempo, e não quando os outros davam abertura. Ela precisava ter certeza de que estava em um terreno seguro e tranquilo antes de soltar a bomba e revelar tudo, até o fundo de alma.

Ela precisava de espaço, tempo e principalmente segurança.

Mais tarde naquele dia de véspera de jogo, Bruno optou por agir com cautela, e certa trapaça também. Se aproximou de mansinho de Douglas, sabendo que ele é o amigo mais íntimo de Alice no momento.

— Você bem que poderia me ajudar com uma coisa, né, Glinhas? — o capitão soltou em tom baixo enquanto coçava a nuca. Bruno não sabia esconder quando queria algo.

— Ihh, com esse tom você só pode estar querendo algum favor que vai custar minha paz e alma. Desembucha. — cruzou as pernas e aguardou o colega de equipe pedir o favor.

— Olha... — os olhos de Bruno brilharam — Eu sei que você é mais íntimo da Alice do que eu. — Douglas o olhou com uma sobrancelha arqueada, contestando a informação — No quesito amizade você é. Enfim, ela tá muito mal desde ontem, você viu o que rolou, e eu passei uma parte da noite no quarto dela, tomando conta dela... E hoje ela disse que iria me contar o que tá acontecendo, mas até agora nada. Douglas, me ajuda a saber o que aconteceu?! — o levantador despejou as palavras, todo esbaforido e desesperado para receber uma resposta logo. Estava por um triz de se pendurar no colega de time.

— Bruno, eu não posso fazer isso, por mais preocupado que eu esteja com ela também. É a privacidade dela, não posso forçar a barra, tadinha. — pousou a mão no ombro direito do amigo e o aconselhou — Eu tô quase tendo um treco de preocupação, mas não me sinto no direito de pressiona-la a falar algo. — o ponteiro suspirou.

— Pensa que é pro bem dela, por favor. Eu quero ajudar.

— Não sei, Bruno... — Douglas respondeu receoso e pensativo sobre o assunto. Ao mesmo tempo que ele sabia que fazer isso era errado, ele também queria saber o que estava acontecendo com a amiga.

Cruel Summer » {Bruno Rezende}Onde histórias criam vida. Descubra agora