Capítulo 9

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Capítulo 8

Jungkook

Jimin sai do banheiro, de cabeça baixa, e espirrando.

-Você precisa tomar algum remédio... ou pode acabar piorando. - falo preocupado.

- Não acredito que isso possa funcionar, mas eu não tenho nada a perder. Durante esses dias, eu achei uma sala de magia escondida na biblioteca, estava tentando achar uma cura para... - ele não consegue terminar a frase, e isso parte meu coração.

-Pode ter algum remédio por lá! Vamos procurar. - Aproximo-me de Jimin e sinto sua mão gelada entrelaçar a minha.

-Certo. - Tudo parece mágico aqui dentro.
A sala é enorme, cheia de frascos com cores diferentes, sem nenhuma janela e quase toda escura, se  não fosse pelas velas espalhadas nas paredes.
Há uma mesa embaixo de uma escada, que está toda bagunçada, com um livro aberto. Suponho que tenha sido Jimin,  tentando procurar alguma poção ou algo parecido.

-Esse livro é dividido em duas partes,  a mágica e a medicinal. A mágica foi a que mais me despertou curiosidade, por ter encantos permanentes , já li quase todas as páginas. E a medicinal ensina a fazer xarope, chá... com o intuito de curar dores físicas. Descobri algo sobre minha visão, mas se eu for contar com isso, nunca mais vou enxergar as cores novamente. - ele responde frustrado.

-Por quê?

-Abra na página setenta, capítulo nove.

Pego o livro e começo a procurar. O feitiço se chama "Ódio pela paixão" , e  aqui diz que é possível Jimin voltar a enxergar, mas apenas se ele encontrar alguém que o ame e faça com que ele se sinta amado, porém há algumas frases falhadas, o que dificulta muito a leitura.
Nessa parte, só consegui ler algumas frases soltas como " o ódio acabará" ,"confiança em seu parceiro", "morte como consequência "...
A última frase me assusta... muito.

-Não consegui ler essa parte, mas ela provavelmente não fará diferença.

Será que ele se sente tão inseguro a ponto de achar que nunca encontrará alguém que o ame?
Mesmo ele sendo um pouco fechado às vezes, tenho ótimas sensações perto dele, já rimos juntos, conversamos, pintamos... Julgo que todas as nossas brigas pararam de repente. 
Não vejo mais motivos para odiá-lo.
Ele não parece ter maldade no coração. Ele despertou em mim sensações diferentes...
Eu estou ficando maluco. Definitivamente.

- Não desanime! Quando sairmos daqui, certeza que você vai achar alguém que te ame. Você achará sua alma gêmea. - Tenho sensações horríveis ao proferir a última frase. O que está acontecendo?

-Jungkook, está tudo bem? Você parece pálido - ele diz preocupado.

-Sim! Deve ser porque eu não comi quase nada hoje. Aliás, nem você.

-É, você tem razão... Vamos descer e comer alguma coisa?

-Vamos tentar fazer um bolo? Sinto saudade de comer algo doce.

- Não faço a mínima ideia de como se faz um.- Ele ri

-Eu também não,  mas aqui tem livro sobre todos os assuntos possíveis. Com certeza tem algum de culinária. Não custa tentar.

Olho em seis estantes diferentes, e apenas na sétima, conseguimos encontrar um livro de receitas.

-Vamos transformar aquela cozinha em um caos. -  Jimin ri novamente.

Gosto de sua risada...

Descemos até a cozinha e separamos os ingredientes na bancada.

-Certo, aqui diz que precisamos de duas xícaras de farinha e... -ignoro Jimin e jogo o pacote de farinha de uma vez na tigela, fazendo com que eu suje metade da bancada, inclusive o rosto dele.- Jungkook! Caiu farinha no meu olho. - ele diz irritado e joga um pouco de farinha em mim também .

Não consigo conter uma gargalhada.

-Desculpa, esquentadinho. Acho que é o suficiente para dobrar a receita.

-Ah, você jura? Continuando...

Misturamos todos os ingredientes e colocamos para assar.
Quebramos duas xícaras, um prato e tem manteiga e chocolate até nas paredes. Como fizemos isso?

-Temos que arrumar aqui. Eu cuido dos cacos de vidro e você limpa a...Parede? Suja de manteiga. Como fizemos isso? - Ele me olha incrédulo.

-Fale menos e faça mais.- rio- Vamos ao trabalho!

Pego alguns produtos, e Jimin pega duas vassouras, dois rodos e uma pá.

Derramo o produto em um pano e começo a passar na parede enquanto Jimin recolhe os cacos de vidro  do chão.

-Terminei! Agora vou varrer isso aqui. - Ele derrama o produto no chão e começa a passar a vassoura. - Isso cansa...

- Vossa Majestade provavelmente não limpa o palácio com frequência. - provoco-o

-Pois é, você não foi o único mimadinho da realeza.

Depois de arrumarmos tudo, o bolo fica pronto.

-Coma primeiro!  -Jimin diz colocando um pedaço na minha boca.

-Estou surpreso... ficou gostoso!  - sorrio e ele também pega um pedaço. 
Eu realmente não imaginava que ficaria bom.

-Nossa! Estou sem palavras. Até que não somos um completo desastre juntos. - ele ri.

Um silêncio desconfortável surge enquanto ficamos nos encarando.

-Eu... nós... Quer pintar algum quadro? - ele toma a iniciativa e segura meu braço,  levando-me para o segundo andar.

-O que você gostaria de pintar? - Pergunto pegando as tintas e pincéis.

- Você vai ficar de costas, será surpresa. - Ele diz virando a minha cadeira para o lado oposto e indica que eu me sente. -Preciso da cor azul. - Ele pede e eu levanto minha mão com o frasco de tira e ele pega da minha mão.

Nunca ficamos tanto tempo naquela sala. Arrisco dizer que a pintura de Jimin durou 12 horas seguidas, pois já está começando a amanhecer,  e ele começou isso ontem, no final da tarde. A única coisa que fiz foi entregar as cores certas quando eu fosse solicitado.

-Terminei! Nossa... esse deu muito trabalho. Pode virar!

A pintura é linda! Somos nós dois, sentados na entrada do palácio com os nossos mais novos bichinhos no colo. Os detalhes em dourado fizeram muita diferença, e notei que Jimin pintou seus olhos de castanho, ao invés de pintá-los de violeta, que é como eles se encontram no momento.

-Que lindo, Jimin! Eu posso ficar com ele?

-Sim! Essa era a intenção,  eu fiz para você.

Não consigo me conter e lhe dou um abraço apertado.

-Obrigado... é o melhor presente que eu já ganhei.

-De nada! Eu quero fazer outros, mas até agora esse foi o mais bonito e detalhado.

O silêncio surge novamente.
Como se fôssemos dois adolescentes tímidos que nunca tiveram contato com mais ninguém.

-Vai ficar aí parado ou vai tomar alguma iniciativa? - Ele diz, ainda me encarando, enquanto termina de limpar os pincéis.

De onde Park tirou toda essa coragem?

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