Capítulo 1

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>10 anos depois<

Jimin

  Embora eu não esteja nem um pouco animado, hoje é um dos dias mais importantes para o meu reino, a minha coroação.
Haverá uma festa que durará duas semanas e os reis de todas as direções foram convidados.
  Meu irmão proibiu todas as festas desde o dia do ataque do Rei Min, há dez anos atrás. Foi um dos piores dias da minha vida.  Eu sobrevivi, mas como consequência disso, me tornei um ser diferente. Alguns me chamam de príncipe marinho, pois a cor dos meus olhos mudou para azul.
Passei a enxergar tudo em preto e branco e nenhum mago do reino conseguiu explicar o motivo ou achar alguma cura.
  No começo confesso que entrei em desespero, pois eu amava admirar o pôr do sol e as paisagens do reino, mas com o tempo eu me acostumei.
  Parece que com o passar dos anos a dor vai embora, e, junto a ela, nossos sentimentos também.
Não estou nem um pouco alegre com a ideia de me tornar rei. Meu irmão vivia ocupado convocando reuniões, ordenando batalhas e subestimando reinos. Sinto que esse não é o meu lugar.
   No momento em que minha mãe faleceu com uma doença rara, quando eu tinha apenas 12 anos, passei a ficar trancado no meu quarto, lendo livros e, esperando o tempo passar, fiz algumas aulas de magia, porém não aprendi muitos feitiços a não ser o básico.

  Dois empregados do palácio chegam aos meus aposentos para avisarem que é hora de eu me arrumar, pois a comemoração começa em duas horas.

  Fico me questionando sobre o que possivelmente aconteceria se eu fugisse. Iriam atrás de mim? Seria considerado uma desonra gigantesca? Eu estaria sozinho? Minha relação com Namjoon nunca foi muito boa, então eu nunca tive a chance de fazer essas perguntas.
O único tópico o qual estou ciente, é que, por tradição, preciso casar com algum príncipe, para juntar nossos reinos. Não é necessário amar ninguém para isso, se fará o bem a todos, preciso cumprir ordens contra minha vontade.
Até o momento, o príncipe de uma ilha distante foi o mais mencionado durante as reuniões. Suponho que terei que passar o resto de minha vida ao lado de alguém que não conheço.

Escuto batidas na porta:
-Já está pronto, irmão ? - Namjoon pergunta, do outro lado.
-Quase! Preciso apenas de cinco minutos- Respondo antes de começar a me vestir de fato.

  Acho irônica a intimidade que nós temos e a maneira a qual ele se dirige a mim, como se fôssemos melhores amigos, tendo em vista que sou sete anos mais novo.
Eu passei minha vida inteira sozinho. Enquanto ele orgulhava nosso pai guerreando em batalhas, eu era julgado por gostar de aproveitar os momentos simples, pensando na melhor parte das histórias.
"Saia dessa biblioteca"
"Faça algo de útil"
"Seja que nem sei irmão"
Eram frases que eu costumava ouvir.

"Você é suficiente"
"Eu te amo do fundo do meu coração"
"Não dê ouvidos a seu pai"
"Guie seu caminho da maneira que você achar melhor"

Eram frases que minha mãe me dizia.
Mas infelizmente ela se foi...


  A realidade é que as pessoas sempre serão julgadas por fazerem o que gostam, não importa o que seja.

  O motivo dele abdicar do trono nunca foi um mistério. Quando pequeno, ele foi amaldiçoado, e o único jeito de preservar nosso povo, seria se ele deixasse de governar quando atingisse 37 anos, e isso acontecerá ano que vem. Muito arriscado esperar.

Coloco uma faca pequena escondida em minha roupa, desde aquele acontecimento traumatizante, nunca mais saí desprotegido.
Se eu não tiver alguém para me ajudar, farei isso por conta própria.
Saio do quarto e sou acompanhado por dois soldados até o salão principal. Músicos estavam tocando uma das minhas canções  favoritas. Eu gostaria de dançar um pouco, para ver se eu me distraio, mas infelizmente preciso receber todos os convidados que ficarão aqui no palácio durante a coroação , até o último dia de festa.
Recuso-me a falar com Jeon Jungkook. Por mim ele nem estaria aqui, mas tradição é convidar todos os reis da ilha, e ele foi coroado  muito cedo, há nove anos atrás, já que Yoongi havia enlouquecido após saber que eu estava vivo.
Não contei a Namjoon que Jungkook traiu minha confiança, mas ele estaria aqui de qualquer maneira. É tradição convidar a todos.

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