Capitulo 2

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_ Oh. Vocês não sabiam? - ela nos olha e depois tosse.

_ Não... Por quê nunca soubemos disso? - pergunto.

_ Porque não podem... Esqueção isso. Vocês já podem se retirar... - ela diz enquanto olha no relogio.

_ Clarie, precisamos saber sobre isso! Nossas vidas que estão em jogo. - digo.

_ Garotas eu sinto muito, mas não posso falar mais nada. Desculpe. - ela diz e sai da sala.

Mas antes que possa atravessar a porta Ashyley segura seu pulso e a puxa de volta.

_ Você pode e vai nos contar. - ela diz entre dentes.

_ Agora não. Passem no alistamento e conto a vocês. - ela diz e anda para o corredor.

Ashyley e eu nos olhamos sem entender nada. Andamos o mesmo caminho de volta, mas agora somos mandadas de volta para nossas casas. Enquanto andamos Ashyley quebra o silêncio e fala:

_ Anne, eu estou com medo. - ela para de andar e olha pra mim.

_ Pelo o quê Clarie disse ou o teste? - pergunto.

_ Os dois, não sou treinada desde pequena igual a você e também se eu passar não quero matar pessoas. - ela diz e olha para o céu.

_ Ashyley, tenho certeza que você ira passar, e se passar, seremos aliadas lembra? Não te deixaria matar ninguém! - digo e volto a andar.

_ Não queria ter dezoito. - ela fala triste.

_ E eu não queria ter que nascer bem no dia do teste de alistamento. - digo lembrando que ainda é meu aniversario.

_ Hojê é seu aniversario? - ela pergunta, e eu balanço a cabeça em concordancia. _ Meus parabens Anne, que tal comemorarmos?

_ Comemorar? - pergunto.

_ Sim. Venha. - ela diz e me puxa.

Andamos por mais ou menos meia hora em uma rua deserta até chegarmos a um galpão enorme. Ashyley bate três vezes e depois duas vezes na porta, uma janelina se abre e alguém nos olha e a fecha.
Logo em instantes a porta se abre e entramos, o barulho que está lá dentro e ensurdecedor, luzes piscando no ritimo da musica, quase me perco de Ashyley. Logo chegamos a uma escada e subimos, lá no topo um grupo de quatro pessoas estão rindo e dançando, quando chegamos ao topo da escada Ashyley grita.

_ Gente, hojê temos uma aniversariante! Vamos comemorar. - ela grita e todos batem palmas.

Ela me puxa e me apresenta as quatro pessoas que estavam lá. Um garoto loiro chamado Mark, um moreno chamado Marvus, um com o cabelo raspado igual a corte de soldado chamado Drw e uma menina com pele morena chamada Ruby, todos me deram parabens até Drw me chamar para dança.
Fomos para o meio da pista, varias pessoas pulando fazia o espaço ficar pequeno e então levo um empurrão e vou em direção a Drw, que me segura e da risada.

_ Cuidado, não queremos entregar a filha do sargento machucada. - ele da risada.

_ Como sabe quem eu sou? - pergunto, porque só Ashyley sabia.

_ Eu sei de tudo sobre você. - ele diz e desaparece no meio da multidão.

Garoto estranho.
Logo Ashyley está me puxando para aprensentar-me um amigo.

_ Anne, esse é o Andrew. - ela me apresenta o garoto.

Mesmo com essas luzes piscando consigo velo, ele tem as feições duras, seu cabelo preto faz o ficar com um ar de seriedade, seus olhos cinza escuro o deixam com um ar de misterio. Percebo que o estou encarando e ele está com seu maxilir cerrado e me olhando. Olho para os lados e vejo que Ashyley está nos encarando.

_ Oh, desculpe. - ela diz e sai de perto de nos.

_ Quer se sentar? - pergunta-me Andrew.

_ Claro. - falo.

Ele me guia até uma mesa um pouco no fundo e pergunta-me o quê quero beber, peço um copo d'água e ele vai buscar.
Enquanto espero dou uma olhada na festa, com todos esses anos trancada em casa nunca fui a umas festa, meu pai sempre disse que os estudos vem antes da diverção.

_ Impressionada? - pergunta-me um garoto que até o momento não havia notado a sua presença.

_ Um pouco. - digo virando o rosto.

_ Primeira festa? - ele pergunta.

_ O quê isso te interessa? - falo um pouco mais rude que o normal.

_ Calma ai, não quero o sargento atraz de mim. - ele diz e ri, como se isso fosse uma piada.

_ Me deixa garoto. - falo e viro meu rosto.

Andrew está vindo com dois copos, um com água e outro que parece ser chá. Ele me dá um leve sorriso e olha para a minha esquerda que é onde está o garoto. Andrew coloca os copos na mesa e cerra os punhos, sua expressão ficou mais dura, seu olhar penetrante em direção ao garoto, me pergunto o quê esse garoto fez para Andrew ficar assim quando o vê?
Tomo a iniciativa e puxo Andrew para dançar, não quero nenhuma briga.

_ O quê aconteceu ali? - grito pelo som alto.

_ Problemas particulares. - diz Andrew e olha na direção oposta a minha.

E a conversa parou por ai. Dançamos mais alguns minutos até eu precisar ir ao banheiro, Andrew me mostrou o caminho e eu fui. Quando cheguei parei na frente do espelho e me olhei, meus olhos escuros abatidos, meu rosto palido demais, meus cabelos avermelhados presos em um coque mal feito com uma mecha em frente ao meu olho esquerdo. Minha roupa como sempre uma blusa de manga e uma calça jeans. Os traços do meu rosto fino e delicado, diferente do meu pai e irmão. Quando era menor gostava de imaginar como minha mãe era, se era ruiva igual a mim ou se seus olhos eram claros. Nunca vi nenhuma foto dela e não me lembro das vezes que a vi. Agora prefiro deixar isso de lado, não quero mais saber como ela era e lembrar-me de que ela está morta.

Sou tirada de meus pensamentos quando um casal entra no banheiro, seco as lagrimas que sairam sem eu perceber, entro em um box e espero eles sairem, mas isso não acontece, ouço um barulho e depois outros, saio do banheiro e me deparo com uma cena: Um homem de aparententemente meia idade agarrando a Ashyley.

_ Me larga! - ela pede.

_ Cala a boca. - ele diz agarrando seus braços.

_ Deixa ela. - falo e o homem desvia o olhar que estavá em Ashyley para mim.

_ O quê você tem a ver com isso garota? Isso é entre mim e ela! - ele diz, seu tom de voz expressando a raiva que sente.

_ Ela é minha amiga, e pelo o quê estou vendo você não está em direito de reclamar. Então largue-a. - digo meio que rapida de mais.

Ele me olha com todo o ódio que pode, solta Ashyley mais não tira o olhar de mim. Ela corre até meu lado e me abraça, não tenho tempo de recuar.

_ Isso não vai ficar assim. Você me paga garota. - ele fala apontando o dedo no meu rosto.

_ Isso não vai ficar assim mesmo. - digo com raiva.

Ele sai do banheiro, olho para todos os box e não tem ninguém além de nós no banheiro.
Ashyley escorregou até cair sentada no chão, colocou a cabeça entre os joelhos e então começou a chorar silenciosamente. Sentei ao seu lado, não sabia o quê fazer, estiquei a mão, mas voltei a traz quando o movimento da respiração dela pelo choro me assustou. Encostei a cabeça na parede e olhei para o teto, dei um suspiro e começei:

_ Quer falar sobre isso? - pergunto.

_ Não. Consigo. - ela fala pausadamente pelo choro.

_ Quem era ele? - pergunto contendo a curiosidade, quero saber quem é ele.

_ Não sei.Vamos falar de outra coisa. - ela diz e eu balanço a cabeça em concordancia mesmo sabendo que ela não pode ver por estar com a cabeça baixa.

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Sem Capitais. Escrito Por Flavia Pereira De Moraes.
Direitos autorais resguardados pela LEI N° 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998.
Diga não ao plágio!!

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