Capítulo 1 - At Last

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Recomendo ouvirem All Of Me - Postmodern Jukebox, que é a canção que a Sophie canta :) tem no Youtube e no Spotify


Paris 1924

Benedict Bridgerton sempre fora uma criança tranquila.

Ele podia passar horas envolvido por lápis coloridos e um punhado de papel, ao contrário de seu caótico irmão mais velho, Anthony, que não compreendia como ele podia ficar tão imerso naquela "atividade tediosa". E então, eles normalmente brigavam. Porque sim, de fato ele era um menino quieto, mas ainda era um menino com irmão, e era isso que eles faziam.

Pintar continuou sendo sua atividade favorita, até certo dia. No dia em que sua nova babá, Anne - ele jamais a esqueceria - se sentou de frente para o piano velho e desafinado de seu avô e tocou uma música, na esperança de acalmar os meninos agitados. Funcionou para ele, e até para Anthony, que teve sua atenção capturada por alguns momentos. Ele sequer notou qualquer falha. Só havia o dedilhar suave dos dedos dela no teclado, e o som encantador que fluia pela sala.

Naquele dia, Benedict se apaixonou.

Não por Anne. Mas sim por aquele instrumento desafinado e arranhado que passou todos os seus poucos 6 anos de vida parados ali naquela sala, desde que eles ocuparam a velha casa. Ele não sabia que aquele móvel podia ser tão interessante.

Então, ele implorou para que Anne lhe ensinasse. E com o incentivo de seus pais, ela o fez. Durante anos, aquele fora seu foco, sua obsessão e seu maior prazer. Quanto mais ele aprendia, mais ele queria. Cada tropeço o fazendo se dedicar mais. Mesmo depois que ela foi embora, ele lia livros de música, porque era o que podia fazer. Na escola, ele conheceu outros garotos que também tocavam, professores que o ajudaram.

Sua família pensou que ele fosse ser arquiteto, como o pai, afinal, ele ainda desenhava muito bem. Mas Benedict queria mais.

Ele queria encantar pessoas como Anne fez com ele. Queria que multidões ouvissem sua música, que a melodia do seu piano fosse lembrada, ele queria ser reconhecido por aquilo que ele fazia de melhor.

Ele queria ir para Paris. A cidade iluminada, cheia de música e boemia.

Era loucura, ele sabia. Ninguém além de sua família o apoiava - seus pais sempre apoiaram os filhos - mas como não sonhar alto? Definitivamente ninguém esperava que ele deixasse para trás o país para ir atrás de seu sonho. A França era perto da Inglaterra, e não era uma viagem difícil, mesmo que ele morasse no interior. Como não se apaixonar por Paris depois de tudo que ele lera e ouvira? A arte, a liberdade, as festas, e os clubes de jazz.

Benedict era só um jovem, mas ele tinha certeza do que queria. E tinha certeza que seu destino estava em Paris. Ele finalmente chegou na cidade em 1922, e Paris era tudo aquilo que ele imaginava. A noite... ela fervia. E pela manhã ela era igualmente encantadora.

Ele estava ali na porta de seu destino.

Exceto que... ele logo descobriu que a vida podia ser bem mais complicada. A Paris que borbulhava à noite, ficava longe do bairro onde ele conseguia pagar um aluguel. Seu prédio ficava em um bairro do subúrbio que muitas vezes o lembrava de Londres. Ele conseguiu um emprego modesto em um cinema não muito distante.

O sucesso lhe pareceu distante, mesmo depois de ter atravessado o país para encontrá-lo.

Bonjour Amélie! - cumprimentou a moça simpática que trabalhava na bilheteria. Ela sorriu, suas bochechas cheias de sardas tomando um tom avermelhado. Ele gostava dela, mesmo que ela sempre parecesse tímida demais ao seu redor.

i hear a symphonyOnde histórias criam vida. Descubra agora