Benedict esperou que ela aparecesse nas duas outras noites, mas ela não fez. Ele procurou ela silenciosamente pelo salão, sentado em seu piano, tentando não parecer estar realmente procurando por algo - não que ele tivesse muito sucesso.
E então finalmente na terceira noite, Sophie estava de volta.
Ela usava um vestido dourado reto e um arranjo de cabeça com plumas e pulseiras brilhantes. Junto ao seu cabelo loiro escuro, tudo nela parecia reluzir. Seus lábios estavam pintados em um tom de vinho que contrastava com todo aquele dourado. Independente da cor deles, o sorriso dela ainda era o que mais chamava atenção. Benedict não conseguia explicar a energia que existia em torno dela que aconteceu desde que ela pisou naquele salão.
Ela estava ao lado de Mayer e, após alguns pedidos do grupo ao redor deles, ela subiu no palco como de costume, e cantou. A música que ela havia escolhido, parecia um convite - um que obviamente não era direcionado à ele. E embora houvesse dançarinas ao palco junto dela, Sophie era tudo que ele conseguia prestar atenção, principalmente quando ela cantava:
Prazer em te conhecer, onde você esteve?
Eu posso te mostrar coisas incríveis
Magia, loucura, paraíso, pecado
Te vi ali, e eu pensei
Ai, meu Deus, olhe esse rosto!
Você parece o meu próximo erro
O amor é um jogo, quer jogar?
Era como se o ar ficasse diferente. Tudo orbitava em volta daquela mulher, bem ali no meio das pessoas, reluzindo com seu maldito sorriso. Ela não olhou para ele, e ainda assim parecia que ele era o objeto da canção.
De braços dados com Mayer, ela deu voltas no salão sorrindo, conversando e bebendo com as pessoas. Ele não esperava que ela dirigisse sua atenção a ele de qualquer forma, Benedict era um dos invisíveis. E no fim das contas, ele ficava bem em saber que de algum motivo, ela o ajudou a recuperar aquela velha sensação de que ele era capaz de muito mais. Ele havia voltado a dedilhar suas próprias melodias nas noites livres, e mesmo que não fizesse sentido, ele sentia que ela tinha sua parcela de participação nisso - ele não poderia esquecer de como ela o pediu para "sonhar alto". Então, ele estava conformado em poder admirá-la de longe
Foi uma surpresa então, quando, três dias depois, após ir ao cinema confirmar suas férias, encontrar Sophie parada em frente ao l'Improviste, que no horário da tarde, parecia um outro lugar visto de fora, mas sem nunca perder sua majestade.
— Sophie? - Ele se aproximou, pois aparentemente ela parecia meio perdida.
Na verdade ele quase não a reconheceu, o pequeno chapéu cobrindo seus cabelos louros, e a falta do pó de arroz que deixava seu rosto branco como porcelana. Ela se virou ao seu chamado e seus olhos se abriram em surpresa.
— Benedict! - ela sorriu ao lhe ver, e maldito fosse ele se somente o fato dela lembrar de seu nome não mexesse com suas entranhas.
— Está tudo bem? - perguntou, já que era ela quem estava parada no meio da calçada.
— Oh, sim, sim. - Estava só conferindo se peguei o necessário. - ela respondeu mexendo na pequena bolsa que trazia consigo.
— Bem... é, tome cuidado. À noite estranhamente costuma ser mais segura aqui. Pela manhã os batedores de carteira fazem a festa.
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i hear a symphony
FanfictionEm 1924, Benedict é pianista em um conhecido bar de jazz. Sem inspiração e desanimado com o futuro, sua música ganha outro sentido quando Sophie, a namorada de seu patrão, passa a frequentar o local. Juntos, os dois terão que decidir o que é mais im...