Capítulo VI: Ririka

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* Pequeno gatilho com relação a assédio.

Ririka odiava sua família.

Eram constantes os abusos de seu pai, a loucura de sua mãe e a pobreza e miséria em que vivia. Pelo menos, havia o seu irmão mais novo, com quem podia contar e dividir as suas angústias.

Mas até isso tiraram dela.

Então, quando teve a oportunidade, fugiu de sua casa e arrumou um trabalho em um bar fútil e sujo.

Eram constantes os momentos em que mexiam com ela. Obviamente, ela não poderia revidar, já que necessitava de seu emprego. 

Ela era bem bonita e atraente; era baixinha e possuía boas proporções, com um longo cabelo loiro, ondulado, e olhos amarelados. Além disso, sua individualidade não afetava o seu visual, já que ela apenas fazia alguns espinhos saltarem pela palma de suas mãos.

Mas isso não era convite para nenhum bêbado.

Mas tudo mudou, um dia.

Ela estava trabalhando, normalmente, quando um homem nojento a agarrou por trás. Mesmo sabendo que isso poderia custar o seu emprego, ela tentou se livrar, dando-lhe uma cotovelada, mas não teve muito efeito.

Enquanto isso, os homens que deveriam ser amigos do que lhe agarrava, riam e gritavam.

Foi quando um outro homem, bem mais agressivo, puxou o bêbado, jogando-o ao chão.

Ririka percebeu que se tratava de um jovem com estatura mediana e diversas cicatrizes de queimadura pelo corpo. Ele tinha um cabelo preto — que, em sua opinião, estava muito mal pintado, já que via-se diversos fios brancos —, e olhos selvagens turquesa.

— Gosta de brincar com os mais fracos, é? — ele deu um sorriso, no mínimo, assustador, enquanto fazia chamas azuis aparecerem em seus dedos.

— Quem você acha que é, espantalho? Ela estava gostando.

— Eu não vi isso. — o recém chegado se agachou, fazendo com que as chamas ficassem bem perto do rosto do bêbado. — Quer virar um espantalho também, hein?

Com isso, o homem se calou e pareceu ficar extremamente assustado, se afastando.

— Agora você é o mais fraco! — o moreno riu. — Não mexe com os mais fracos de novo, ok? Eu fui piedoso dessa fez, mas da próxima não vai sobrar parte alguma de seu corpo.

E, então, virou-se para Ririka.

Diferente do outro momento, ele parecia bem neutro e livre de sua expressão assustadora.

— O-obrigada. — ela disse, ainda trêmula. — Muito obrigada.

— Por que só uma cotovelada? — foi a única coisa que saiu de sua boca.

— Hã?

— Por que só uma cotovelada? Você tem individualidade, uh? Por que não a usou contra ele?

— Se eu o machucasse de verdade, iria perder o emprego.

— Se não o machucasse, talvez tivesse perdido a vida. — ele retrucou.

Após o episódio, ela continuou o seu trabalho, reparando que o menino estava em uma das mesas, bebericando uma bebida alcoólica.

Quando todos os clientes saíram, ela percebeu que ele se encontrava no mesmo local, entretido com pequenas fagulhas entre os seus dedos.

— Vai avisar a ele que já vamos fechar. — o barman a instruiu.

Engolindo seco, ela se aproximou do jovem e, ao chegar perto da mesa, viu que ele percebeu ela lá, pois virou a cabeça, e focou os seus intensos olhos nela.

the villain's miracle [DabixChildReader]Onde histórias criam vida. Descubra agora