katsuki esfregou os olhos com a palma de uma das mãos, e o semblante irritado de ter sido acordado se transformou em uma feição assustada ao perceber o que o fez despertar.a chuva caia lá fora de maneira forte, e katsuki bakugou temia chuvas mais do que tudo. quem se importa com vilões? bakugou não os temia. nenhum deles era forte o bastante para mantê-lo calado, de qualquer maneira.
sentou-se na própria cama, enrolado com o cobertor, parecendo uma criança medrosa. o loiro pega um de seus travesseiros e o dobra, pondo sua cabeça dentre a dobra que fez, de maneira que o resto da almofada cobrisse seus ouvidos. para que não pudesse ouvir mais nada.
o que é complicado, pois mesmo que não escute, saberá que está chovendo. e suas lembranças são barulhentas o suficiente para não precisar ouvir a chuva que cai do lado de fora.
sentiu seu corpo tremendo, e chamou mais nomes explícitos que o normal, xingando e amaldiçoando tudo e todos. qualquer um que passasse pela porta do quarto de bakugou, sentiria uma energia negativa saindo de lá.
— porra, logo aqui. — disse, pois toda vez que chovia, estava em casa, com sua mãe e seu pai. todos conhecem a relação de mãe e filho desses dois, mas mitsuki parece outra pessoa quando o adolescente a procura por causa dos trovões que incomodam os seus ouvidos.
só conseguia dormir quando a mãe o abraçava, e claro que surtava no dia seguinte, dizendo que não era criança, e ela gritava com ele na mesma altura. no fundo, são uma família unida. mas no momento, quem ele poderia procurar?
não. ele não. o ruivo não. bakugou acenou muitas vezes em negação, mediante à ideia de ligar pra kirishima, às 4 horas da manhã, para mostrar-lhe sua fraqueza.
mas katsuki sabe que kirishima não contaria para alguém sobre isso, e nem zombaria dele por ter medo de chuva. porque eijiro nunca o zomba por nada. nunca faz piada de si.
estão namorando faz um ano, e para a felicidade de bakugou, não tinha chovido em nenhuma das noites em que dormira no quarto de eijiro.
quanto mais se recusa a ligar, mais lembra que o ruivo tem um corpo forte que cobre todo o seu, que vai abraçá-lo e fazer com que ele se sinta confortável. porque mesmo não admitindo, é assim que katsuki se sente nos braços de eijiro. ele nunca diria isso. mas sabia que, caso alguém perguntasse pra ele, o rubor nas suas bochechas daria uma resposta por si só. outra resposta também seria a que katsuki daria, quando explodisse a cara do intrometido que fez essa pergunta.
involuntariamente, seus dedos seguraram o aparelho celular à sua esquerda, o corpo se movendo, mas a cabeça repetindo "não, não, não. não ligue". mas sabia que queria ligar. porra, queria que kirishima viesse. queria que eijiro o protegesse da chuva.
e se achava tão imbecil a ponto de precisar de cuidados pela merda de uma chuva. é só água, certo? ele pode aguentar.
o barulho de trovão soa do lado de fora, e katsuki diz pra si mesmo "eu não posso aguentar". então, liga. se irrita quando toca duas vezes e o ruivo não atende, já que costuma atender no primeiro toque, porque vive grudado no celular.
katsuki ia desligar quando a voz sonolenta de eijiro o assustou.
— oi? — questionou, procurando alguém do outro lado da linha. aquele idiota.
— kirishima?
— bakugou? é você? tá tarde. — diz, e o loiro consegue ouvir que ele está se ajeitando. talvez esteja sentando na cama da mesma maneira que katsuki está sentado.
kirishima tem pesadelos constantes, e toda vez que acorda, se senta como bakugou, porque se lembra da pessoa que faz com que ele se sinta seguro. porque eijiro o chama em seu quarto quando algo que lhe causa medo, o aflige. então não seria estranho chamá-lo para seu quarto, certo? eles são namorados, afinal.
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herói da madrugada.
Fanficé uma noite chuvosa no dormitório da 3-A. e katsuki teme a chuva mais que tudo. nunca admitiria isso em voz alta. mas estava com medo da chuva, e precisava se acalmar, e pensava em chamar alguém para lhe ajudar. talvez um certo ruivo servisse pro...