MAS QUE CARALHOS?
Eu chego em casa depois de um final de semana difícil, tentando me acalmar e com a cabeça a mil.
Olho para minha maldita cama e lá está.
Um bilhete extremamente fofo e este bendito diário.
Sério, você me persegue? Só pode, não é possível.
Imagina só: Você, leitor, passa um final de semana todinho repensando suas atitudes, se arrepende profundamente de ter feito as coisas sem pensar e ainda não é capaz de "aproveitar" (se posso dizer que ir em um parque velho é algo a ser aproveitado) todos os dias de descanso de uma semana difícil, que literalmente te aproxima mais, a cada dia, da morte.
O final de semana acaba e você tem que voltar para casa. A esse ponto, sua cabeça tá tão confusa que você não sabe que rumo tomar. Se sente arrependido por ter dito coisas e quer voltar atrás, mas, ao mesmo tempo, ainda sente rancor ao relembrar dos momentos, e pensa que aquilo tudo era o melhor a ser feito.
Então, você chega em casa, respira o 'arzinho' do conforto e se depara com a seguinte cena: seu quintal está todo pisoteado, suas tão belas plantinhas estão parecendo mandrágoras de Harry Potter (depois de serem pisoteadas por algum desalmado), o portão da sua garagem está entreaberto e o pobre cadeado está tão debilitado que aparenta ter tomado muitas cacetadas.
Bem, aqui eu preciso fazer uma observação: tive mais preocupação pelas minhas plantinhas, sempre cuido delas com tanta delicadeza...
Mas, meu Deus. Quando meu pai viu a garagem meio aberta, com o cadeado de lado, não se via homem mais triste na terra.
Parecia que tinha morrido alguém da família (olha só, daqui 5 dias...). Juro, não consigo imaginar qualquer momento da minha vida em que vi meu pai daquele jeito.
Ele nem se atrevia a abrir a garagem por completo e checar se a moto estava riscada ou se ela ainda estava ali.
Até que minha mãe advertiu "Para de drama Amor, você é um marmanjo feito" e ESCANCAROU o portão da garagem. Tenho dó do coitado do portão, tão novo e já tinha apanhado tanto...
Para o alívio do meu pai, a moto ainda estava ali, inteirinha. Quer dizer, é relativo.
Meu velho (vi essa gíria no Twitter e queria usar), quase chorando de alívio, engatinhou de joelhos até a moto e abraçou-a com tanta força que quase quebrou a pobrezinha no meio.
Enfim, basicamente, minha casa parece que foi invadida durante o fim de semana.
E o mais impressionante é que não levaram NADA!Na verdade, o mais impactante é ver esse caderno em cima da minha cama, porque a ideia que me vem à cabeça é que alguém INVADIU A MINHA CASA SÓ PRA DEVOLVER ESSE TREM!!!
E eu tenho quase certeza que foi exatamente isso que aconteceu...
Ai Deus!!!
Agora, eu tô mais confuso ainda!
Não sei se continuo escrevendo meus dias aqui, já que toda vez que apanho uma caneta e começo a anotar as coisas, me lembro daquela sensação horrível de sexta. Mas, junto, vem um sentimento de calma e alívio, como se esse caderno fosse a chave para tudo.
Eu só sei que eu nunca estive tão confuso na minha vida! É assim que se vive a adolescência?
E esse bilhete... ele só me faz pensar mais e mais em tudo que aconteceu. E me preocupar com novas coisas! AH EU VOU SURTAR!
(É legal pensar que eu tô escrevendo como eu não sei se vou continuar escrevendo né? Paradoxos são daoras!)
Bem, calma. Deixa eu pensar, ou melhor, escrever o que eu tô pensando.
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12 dias até minha morte
RomanceVocê já imaginou saber o dia de sua própria morte? É assim que começa a história de Lucas: um garoto de 16 anos que sempre soube o dia de iria morrer. Com medo do futuro, se isolou. Assim, morreria sozinho, sem afetar muitas pessoas em sua volta. Pe...