Busca policial

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   Estava desesperado atrás de sua filha, acordou o quarteirão inteiro enquanto gritava por seu nome durante a madrugada adentro, mas não se atreveu a se molhar, apenas gritava ameaças às vezes querendo assustá-la para que aparecesse com medo. Quando o dia raiou e já estava rouco de tanto gritar achou melhor ligar para a polícia.

Em poucos minutos a polícia já estava em frente à casa, no interior não é muito comum crianças serem sequestradas – ao menos foi a história contada – esse era um dos grandes motivos de tantos pais deixarem a cidade.

- Como alguém pode ter levado a minha princesinha? – estava aos prantos – eu passei a noite tentando encontrá-la.

- Fique calmo senhor, nós vamos encontrá-la! – o policial que era pai entendia o sofrimento do homem à sua frente, então lhe disse as palavras ao qual gostaria de ouvir se estivesse em seu lugar – o sequestrador não deve estar muito longe, mas iremos precisar da ajuda do senhor.

- Claro! – estava um pouco receoso do que poderiam pensar caso não concordasse – o que precisarem, apenas quero ela de volta!

- Preciso que me diga exatamente como foi à noite para termos onde começar, enquanto isso irão analisar o quarto de sua filha atrás de pistas, podemos ir para a delegacia se o senhor preferir!

- Não! – não iria abandonar a casa cheia de policiais – eu gostaria de ficar aqui para sentir que ela voltará logo.

- Mas é claro senhor – mesmo pensando ser estranho o seu comportamento não deu importância, pois cada um possui apegos diferentes nessas horas – então pode me contra o que houve? No seu tempo, fique tranquilo!

Sua história não poderia ser diferente da que havia contado para a telefonista quando ligou, felizmente lembrava-se da história tão detalhadamente como se já tivesse vivido antes.

Contou que havia dormido enquanto assistia à televisão, pois estava cansado de um dia puxado de trabalho e que estava em um sono profundo. Enquanto contava resquícios da história para o policial, os peritos no quarto de Valéria examinavam suas caras bonecas que havia ganhado como prova de amor de seu pai ao longo dos anos. Não encontraram nenhum vestígio de que alguém esteve naquele quarto, exceto os próprios moradores da casa. Possuíam mais perguntas do que respostas.

Assim que os policiais voltaram para a delegacia o pai de Valéria se encontrava estressado, bravo e angustiado por conta de todos os transtornos resultantes de uma única noite, não sabia como iria se acalmar, pois sua filha não estava lá. Pegou as chaves do carro e dirigia como nunca antes, inconsequente! Sem perceber terminou no parquinho infantil ao qual levava sua filha em alguns finais de semana, sentou-se entre os arbustos e observou as crianças acompanhadas dos pais, irmãos ou babás. Observava todas as crianças com um brilho no olhar, se mexia no banco como se houvesse perdido o poder de ficar parado, suas mãos tremiam, sua respiração ficava ofegante, não sabia como deveria agir, como se houvesse perdido a prática de se controlar, afinal, por que se controlar quando pode fazer o que quiser – este era o seu pensamento recorrente – levantou-se do banco como um impulso que o deixou desnorteado, por alguns poucos segundos não sabia o que deveria fazer ou aonde deveria ir. De repente uma bola bate no seu pé e um pequeno garoto corre para pegá-la.

- Olá! – dizia agachado e estendendo sua mão com a bola – que bola bonita! – terminou a frase com um simples sorriso.

- A minha avó quem me deu! – dizia estendendo suas mãos em direção à bola, sua voz era meiga e doce ao mesmo tempo enrolava as palavras.

Após pegar a bola começou a andar em direção ao meio do parque para continuar a brincar.

- Ei! – gritou – o que acha de brincarmos com a sua bola?

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