Capítulo 3. Adorável

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Os dias passavam bem depressa e a rotina continuava a mesma; ia para a aula, as vezes encontrava o Landon no corredor, as vezes ele implicava comigo, e as vezes apenas sorria. Eu estava muito confusa com essas atitudes dele. E depois desses dias atípicos na minha rotina, eu só precisava da calmaria que a floresta me traz, por isso estava escapando do dormitório depois do horário permitido.

Estava no meio da floresta e ouvi passos atrás de mim, olhei sobre os ombros e não vi nada; as árvores estavam caladas então continuei meu caminho para a cachoeira. Chegando lá, subi em uma árvore. Florestas sempre foram o meu lugar seguro, sempre me senti como eu mesma perto das árvores, das flores e da natureza, e elas falam comigo quase sempre; porém hoje o ambiente estava muito calmo e eu ainda sentia alguém me observando.

Minha avó me disse que nos tempos antigos as ninfas da floresta e principalmente as da água andavam nuas, mas os humanos acabaram descobrindo a beleza sobre-humanas das ninfas e acabamos nos misturando e eventualmente nos cobrindo, sempre penso nisso e penso qual seria a sensação de andar sempre sem roupa pela floresta, sei que na natureza não há maldade, mas ainda há a possibilidade de encontrar alguém.

Estava tão perdida em pensamentos não conseguia ouvir nada das árvores e dos animais, não havia som naquela noite, talvez fosse o fato de a lua cheia estar chegando, ou a floresta estava brava por eu demorar tanto tempo para visitá-la, eu só não esperava que essa vida de universitária fosse tão rígida, precisava me acostumar primeiro a rotina e só assim, poderia vir com muito mais frequência.

— Vocês não vão me dizer o que está acontecendo? Estão muito caladas hoje — falei com a floresta que continuou calada. — Eu hein, vou voltar para o meu quarto, amanhã eu volto, mesmo sendo lua cheia, acho que não tem lobisomem por aqui que possa me fazer mal.

Peguei minhas coisas e fui embora, amanhã tinha aula de anatomia, dia de ver o garoto bonito de comportamento estranho.

Acordei mais calma, visitar a floresta sempre me faz sentir assim, estou me sentindo muito pela manhã. Cheguei à sala e o Landon já estava sentado no lugar da semana passada, não sabia se podia sentar ou não perto dele, então me sentei na sua frente. O ouvi bufar. Depois ele veio e se sentou ao meu lado. Tudo bem então! Pelo menos ele não ia me jogar uma cantada. Ele se sentou com a cabeça abaixada, como se estivesse com dor de cabeça.

— Você está bonita hoje — falou sem me olhar

— Obrigada — falei corando.

Meu Deus eu corei!

— Deu vontade de morder — Ele falou baixinho, quase não ouço.

Então resolvi não responder.

A aula começou muito bem, ele mal levantou a cabeça do caderno, parecia estar tentando se concentrar, ele estava mais estranho que o normal. No final da aula todos se levantaram menos ele, acho que ele estava sofrendo com algo, talvez uma dor de cabeça. Estava no meio do corredor quando senti ele pegando meu braço, olhei por cima do ombro esperando uma ofensa ou algo parecido.

— Você devia tomar mais cuidado ao andar na floresta a noite. Pode encontrar um lobo mau por aí — sussurrou no meu ouvido, e antes que pudesse responder ele me soltou e saiu.
Será que ele me viu ontem? Lobo mau? Que história maluca é essa?

Queria ir à floresta, mas estava com a frase do Landon na cabeça; não que eu estivesse com medo, já estava aqui há quase um mês e não vi nenhum indício de lobisomem ou algo parecido, talvez ele só me viu entrando na floresta. Estava na minha cama olhando para o teto e pensando em seus olhos azuis, tão claros que chegavam a ser brancos, ele é todo lindo e mesmo o sorriso arrogante era atraente nele, tem porte de líder e já o vi interagindo com os caras de sua fraternidade e ele parece ser centrado e maduro. Preciso parar de pensar naquele garoto, afinal ele me odeia! Beatrice entrou no quarto com uma cara exausta, quando me viu sorriu.

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