Capítulo 14. Em Casa.

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Não estava acreditando nisso, minha irmã estava me chantageando. Eu sempre soube que ela é uma víbora, mas me chantagear é o cúmulo do mais absurdo que já vivemos juntas. Fiquei a viagem inteira sem dizer uma só palavra, meu cunhado sorria feito o um idiota que é, ele é uma verdadeira marionete nas mãos de Echo e isso chegava a ser ridículo. E me irrita um pouco.

Assim que cheguei em casa, sai do carro o mais rápido possível, não olhei ninguém ou sequer agradeci a dupla de víboras que me trouxe em casa. Estava indignada, revoltada com a situação entre minha irmã e eu. Entrei no bosque que tem atrás da minha casa antes mesmo de ver alguém. Eu estou brava e sei que se visse minha mãe com aquela atitude toda que ela tem eu vou pirar. Sentei no chão cheio de cascalho e fiquei olhando o céu, esse lugar sempre foi meu porto seguro em casa, sempre foi o lugar onde eu poderia fugir dos problemas que é ser filha de uma ninfa da montanha perfeita, ou irmã de outra ninfa perfeita também. Eu sou uma ninfa mediana comparada as duas. Meu pai é um elfo, um pai maravilhoso, mas assim como o meu cunhado ele é enfeitiçado e dominado de uma maneira até irresponsável. Minha mãe o tem sobre suas mãos.

Por vezes eu penso que nunca vou conseguir ser feliz da maneira que eu sonho; quero alguém que me ame, que dê sua opinião, mas não se submeta a mim por causa dos meus poderes ou qualquer coisa sem sentido sobre ser um ser poderoso. Eu sou motivo de piada na minha família por pensar assim. E agora eu tenho que participar de uma festa de noivado onde eu não pretendo me noivar com ninguém e sorrir para tudo como se eu o meu desejo, sendo que meu coração tem dono e eu não quero desistir dele. Landon me enfeitiçou, eu estou completamente apaixonada por ele e não consigo pensar em uma maneira em que minha família possa aceitá-lo.

Ouvi um barulho próximo, mas continuei sentada onde estava.

— Algum problema, Musinha? — Era a minha avó.

— Muitos vovó, são muitos — falei suspirando.

— Quer conversar com a vovó sobre isso?

Minha avó é a única em casa que sabe a verdadeira personalidade da Echo, é a única que me ajuda quando a Echo acaba com meu dia.

— A Echo está me chantageando – falei derrotada, pois é assim que me sinto.

— Sobre o que? — Perguntou visivelmente preocupada.

— Conheci um garoto na faculdade, mas ele é um lobisomem.

Todo mundo sabe que a minha família não gosta nada de lobisomens e vampiros por causa da minha tia, irmã gêmea da minha mãe que se envolveu com um e fugiu rompendo o noivado com um fae muito rico da família Bartus.

— E esse garoto lobisomem é o que seu?

— Amigo, eu acho — falei olhando para o céu, pensando em tudo que nós dois vivemos e fizemos até agora. Todos os nossos momentos. A minha avó sorriu e sentou-se ao meu lado.

— Parece mais do que isso — disse sorrindo e eu corei desviando os olhos.

— Não, somos só amigos mesmo.

— Tudo bem, se você acredita. Mas eu vim aqui te chamar para entrar, sua mãe está ansiosa para te ver.

Está ansiosa, mas não pode vir ela mesma me chamar.

— Já vou indo, só me dê alguns minutos — falei. Ainda estou um pouco furiosa com a Echo.

— Ok, mas não demore.

Apenas assenti e continuei sentada olhando o céu e o bosque a minha volta. Já estava sentindo falta da faculdade, sentia falta de Landon.

Entrei em casa pouco tempo depois que vovó me deixou, não dá pra testar a paciência da minha mãe. Estavam todos na sala conversando animadamente, minha mãe sorriu quando me viu.

— Musa, você está diferente. Mais radiante — disse minha mãe me observando.

Minha irmã sorriu de lado.

— Obrigada Mãe.

Fui dispensada logo que abracei a todos, como se eu fosse descartável. Tomei um banho e deitei na minha cama.

Na hora do jantar a minha irmã me olhava vitoriosa e eu não sabia porquê daquele ar vencedor que ela estava ostentando e sinceramente preferia não saber, porque conhecendo Echo, uma hora ou outra eu ficaria sabendo.

— Musa, como você com toda certeza já deve estar sabendo, no próximo final de semana faremos uma festa para lhe apresentar os futuros pretendentes a noivo. Já que você não quis escolher por si mesma como sua irmã fez.

O que minha mãe jamais entenderia é que eu já tinha um pretendente em mente, mas ele nunca seria aceito por ela, então escolhi não expressar esse pensamento em voz alta. Apenas assenti e soltei um suspiro. Eu não estava interagindo com a minha família, eu não queria saber de nada deles se o único assunto fosse noivado e isso estava começando a ficar visível.

O maldito dia da festa chegou, uma festa exagerada que a minha mãe estava colocando todo mundo louco, principalmente eu. Ela escolheu um vestido verde esmeralda, tomara que caia e longo para mim usar. Coloquei meu cabelo de lado com vários cachos, maquiagem realçando os olhos e um batom vermelho. Estava me sentindo ridícula. E não porque acho que estou feia ou não goste de me arrumar, mas porque eu não queria estar naquela situação de jeito nenhum. Minha irmã por outro lado estava parecendo uma princesa que ela pensa ser, em um vestido azul Royal. Estava esperando os convidados chegarem quando minha irmã se aproximou de mim sorrindo.

— Finja estar feliz e que está aceitando isso ou eu mesmo vou cuidar para que a mamãe saiba do seu amiguinho Lobo — sussurrou baixinho.

— Eu te odeio — falei segurando o choro.

Estava morrendo de ódio. E nem sei o motivo dessa chantagem toda.

Ela apenas sorria feito a psicopata que é. Às vezes eu a odeio de verdade.


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