- Issaac ! Pregaste-me um susto ! - Agora já sorria ao de leve, mas o meu coração ainda pulava assustado.
- Desculpa, não era essa a ideia. - Ele também sorria. - Que fazes aqui fora? - Perguntava enquanto observava o que nos rodeava, tentando perceber se estava lá mais alguém.
- Estava mesmo de saída. Ainda estou no processo de saber como voltar para casa. - Sim, isto fui eu a tentar ter alguma piada...
- Se quiseres levo-te a casa.
- Não te importas? - Os meus olhos esbanjavam desespero. Numa situação normal, eu diria 'não, obrigada, a minha casa fica muito longe', mas de que outra maneira chegaria a casa?
A viagem tinha a duração de 15 minutos. O inicio foi silencioso, mas passados uns minutos, Isaac tentou começar uma conversa. Vocês sabem como é. São atiradas ao ar perguntas, muitas delas acho desnecessárias. Outras são um bocado intrometedoras.
- Porque é que quiseste vir embora tão cedo? - Isaac não desviava o olhar da estrada.
- Não me estou a sentir muito bem. Preciso de descansar. - Não sou boa nisso de fazer conversa.
O silêncio voltou. Remexia os meus pensamentos, na esperança de encontrar algo para dizer, no entanto, isso só dificultava a situação.
- Não deverias estar com a Rosemary neste momento? A festa é na tua casa, com a tua namorada. - Caso se tenham esquecido, o Isaac e a Rosemary são um calsal que está sempre a acabar e a voltar. Apesar de namorarem, o Isaac não é bem o género de pessoa muito popular como a Rosemary é.
- Acho que também não me estava a sentir muito bem. Precisava de arejar, e encontrei-te. Não custa nada ligar o carro e deixar-te em casa, além disso, a Rose nem vai notar pela minha falta. - Soltou uma gargalhada, mas não era por ser divertido o facto de não ser sentida a sua falta. Era uma gargalhada com alguma raiva.
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Aceitei a proposta e fizemos aquela viagem ao som da rádio local. Quando faltavam cerca de cinco minutos para chegar a casa, Isaac desacelerou o carro, até este parar finalmente na berma da estrada. Ao longe via-se o Café do Motty, e a meros metros do carro encontrava-se uma cabine telefónica carregada de posters e autocolantes sobre serviços de limpeza. O carro não demorou a ficar inerte, mas não foi assim que o senti. Entrei num estado alarmante, porque vamos ser realistas: ninguém para o carro no meio do nada. Muito menos naquele espaço. Sim, ele podia ter fome e querer ir ao café mas se assim fosse porque não parou mais perto do mesmo? Também podia precisar de fazer uma chamada, no entanto, posso garantir que vi o telemóvel dele a dar sinal de mensagens ignoradas enquanto estávamos no carro.
-Isaac... porque paraste? - disse calmamente, observado os seus olhos. Estavam com um misto de raiva e tristeza.
- Eu nunca quis isto. Só queria que gostassem de mim. Só me queria sentir amado. - Suspirou. - Só queria ser amado. Ela apareceu e pensei que as coisas fossem mudar. Ninguém quer saber de mim. - O tom da sua voz ia aumentando. Tal como as lágrimas enraivecidas que caíam ao longo da sua face.
- Calma. - Sinceramente não sabia o que dizer. Começava a ficar em pânico. A tristeza dele não era uma tristeza normal (se é que isso existe). - Podemos ir ao café falar com mais calma, podemos conversar. Eu preocupo-me contigo! Anda, vamos sair. - disse, mas rapidamente ouvi as portas do carro trancar. - Isaac?! O que pensas que estás a fazer?!
Isaac limita-se a agarrar-me pela nuca, puxando-me contra ele. O que nos separava era o espaço onde se encontravam as mudanças. Entrei em estado de choque. Gritei o máximo que podia entre os beijos sôfregos, dei-lhe murros e tentei afasta-lo. Ele não reagia. Continuava violentamente a esmagar-me contra si. Esforcei-me mais. Porquê eu? Eu não lhe tinha feito nada! Apalpei o espaço que me rodeava tentando encontrar algo que me pudesse ser útil. Uma garrafa vazia de cerveja. Agarrei-a com tanta força que as minhas nocas dos dedos começaram a latejar. Num movimento rápido e desajeitado, levei a garrafa contra a sua cabeça.
- Porque é que ninguém me ama?! Nem mesmo tu?! Não disseste que te preocupavas?! - O máximo que consegui foi deixá-lo atordoado. Senti-me violada, o meu espaço tinha sido violado. Gritava, mas não reparei nisso até ele encostar a palma da sua mão à minha boca. - É ASSIM QUE QUERES ROSE? É?! - Rose? Tinha medo, as lágrimas fugiam de mim assustadas. - DESCULPA! - rapidamente acelera o carro, e este só volta a parar quando embate no muro do Café do Motty.
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Quis escrever algo diferente. Já que não venho aqui há algum tempo, porque não mudar um bocado o rumo da história ver o que acontece? Admito que foi um bocadinho violento mas espero que fiquem com curiosidade para o próximo capitulo :) Esta última parte foi escrita hoje, enquanto o início tinha sido começado há uns meses. Estava cansada dos romances bonitinhos xD
Se puderem deixem um comentário, alguma coisa que sirva para saber se gostaram ou não da reviravolta. Abreijos ! xx
btw não revi... ups
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Para te encontrar
General FictionNinguém esquece o seu primeiro amor. Evelyn Miller e Jonathan Young não são a exceção. O amor de ambos ficara enterrado, pensavam eles, quando Jonathan é obrigado a mudar de cidade. Anos mais tarde, este volta, e Evelyn não sabe como lidar com a su...