𝐅𝐮𝐤𝐮𝐦𝐚 𝐌𝐢𝐳𝐮𝐬𝐡𝐢 - 𝑅𝑦𝑜𝑚𝑒𝑛 𝑆𝑢𝑘𝑢𝑛𝑎

『𝐏𝐫𝐨́𝐥𝐨𝐠𝐨

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両
面
宿
儺

"Tentações como 𝒗𝒐𝒄𝒆̂
merecem pecados como 𝒆𝒖."

Mais um despertar perturbado, ao som de sua própria voz em grunhidos de desespero irreconhecíveis até mesmo para você.

A respiração ofegante e o corpo molhado de suor fazia com que não restasse dúvidas: mais um pesadelo a atormentou durante o sono.

Por mais que não se lembrasse do teor desses sonhos, tinha plena e absoluta certeza de que era sempre a mesma coisa; sempre estava fugindo de algo ou alguém e a única coisa que era capaz de lembrar ao forçar sua mente para tal era o par de olhos vermelhos que te encarava fixamente da escuridão.

Suspirou, sentindo o corpo relaxar aos poucos conforme a sensação de perseguição passava e se dava conta de que estava no mundo real, longe de quaisquer possíveis perigos que poderia ter em seus sonhos.

Seu banho estava morno, seu dia seria longo...

Mal começava mais uma manhã e já desejava que o dia terminasse novamente, a rotina ultimamente a estressava em dobro.

Durante o expediente que se arrastava, você sentia que não saía de sua energia a essência daqueles pesadelos, daqueles olhos... Não sabia como ou por quê, mas se sentia observada.

No horário de almoço, pesquisou sobre seu problema na internet a fim de buscar alguma solução. Porém, nada encontrou.

Até um artigo em específico chamar sua atenção.

Ele explicava sobre viagem astral. Como as pessoas possuíam habilidades de "sair do corpo" e visitar outras paragens espirituais e até mesmo dimensões enquanto dormem e na maioria das vezes de maneira inconsciente.

Você se perguntou se esse seria o seu caso, mas logo descartou a ideia, desacreditando de tudo isso e pensando que era apenas mais uma besteira aleatória da internet.

Voltou ao trabalho, forçando sua mente para a não pensar mais sobre o assunto. Afinal de contas, tinha mais com o que se preocupar...

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Chegou em casa abaixo de chuva, e após um banho e refeição quente, tudo com o que se preocupava era seu precioso descanso.

Desejava dormir, mas não se permitia. O medo de passar por aquilo de novo a impedia; só de imaginar sentir aquela sensação mais uma vez...

Seu corpo estremeceu.

Por mais que resistisse, uma hora ou outra o sono a dominaria e arrastaria para as sombras. Suas pálpebras pesadas não deram mais conta de manter-se abertas – e no momento, isso nem importava mais.

Para sua completa surpresa, dessa vez foi diferente.

Era como se de certa maneira estivesse acordada; não sabia explicar a sensação. Sentia seu coração bater forte no peito enquanto abria devagar os olhos, sem conseguir visualizar o ambiente ao seu redor.

Sentia como se estivesse flutuando no vazio e a única coisa que conseguia ouvir era o barulho de gotas d'água caindo lentamente, não muito longe.

De repente, tudo pareceu girar ao redor. O mundo se inverteu por completo, o susto e tontura a consumiam. Havia pânico também.

Quando menos esperava, estava em um local à meia luz. Olhou para baixo e viu água; o suficiente para que cobrisse seus pés. O chão embaixo dela era tão preto que você conseguia ver seu próprio reflexo com perfeição.

Ergueu os olhos e teve um vislumbre encantador e ao mesmo tempo terrível: à sua frente estava o par de olhos vermelhos que tanto lhe atormentara, mas dessa vez, seu dono também estava presente.

Sentado em um trono feito de uma pilha de ossos, em um templo imponente, estava ele. Os olhos reluziam intensos e o sorriso maquiavélico em seus lábios se alargava ainda mais a cada segundo que te olhava.

— Ora, ora... veja quem resolveu dar as caras por aqui.

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