balinha de iogurte

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Eu amo observar ele em horas aleatórias do meu dia.

Hoje quando chegamos da smart ele quis me ajudar a lavar a louça, porque segundo ele “'tava’ muito atoa, e tinha que ajudar em algo”.
E pra falar a verdade tava sendo bom, é sempre muita louça, e confesso que me deu um pequeno dejá-vú.
Quem enxaguava a louça era a Letícia, me bateu uma saudade dela cantando Xamã comigo enquanto falava da água quentinha da torneira.

Mas admito que também éramos uma ótima dupla, ele cantarolava baixinho uma música do Lloyd enquanto o pano de prato pousava em seu ombro, e sua perna formava um 4 perfeito, já nos imaginava casados lavando louça na casa nova.

Estávamos lavando os últimos pratos, até que o telefone dele começou a tocar – como eu odeio esse toque de Iphone, tá atrapalhando meu momento romântico.

- posso atender depois – ele disse ignorando
Num gesto automático encostei na sua mão e disse:
- eu posso terminar sozinha, vai lá dhi – disse e sorri de cantinho

Ele parecia estar fugindo da ligação, ali da cozinha consegui ver que ele evitou atender, mas deixei isso pra lá.
***

Quando cheguei no quarto ele já tinha desligado, ele olhava pra fora da janela, em direção ao sol que rebatia em sua pele branquinha.
Ele tava com uma expressão séria, e assim que virou seu rosto em minha direção percebi que estava vermelho, e uma lagrima escorria de seu rosto.
Eu ia perguntar o por quê, mas acho que eu não tenho essa liberdade – é mesmo ele me vendo toda noite de baby dool vermelho de bolinha.

Ele percebeu que eu o encarava, então quando ele ia começar a se explicar eu disse:
- não precisa me contar, se não quiser – olhei pra baixo e continuei – posso te dar um abraço?

Acho que era a única coisa que eu poderia fazer, e então ele me abraçou com seus braços enormes, eu nem me dei conta no momento, mas esse foi o maior gesto de carinho que já compartilhamos, mas naquele momento eu realmente não pensei em mim, só queria conforta-lô.
- eu quero te contar – ele disse baixinho perto do meu ouvido – acho que...- ele hesitou – eu preciso falar com alguém.

Nos soltamos do abraço e com calma ele sentou na cama e deu dois tapinhas, me pedindo pra sentar ao seu lado.
Então ele começou:
- acho que eu consigo te contar qualquer coisa, só de te olhar da pra ver que você é uma pessoa boa, saca? – gostei tanto de ouvir aquilo – e acho que o maior problema é a minha mãe.

Ele disse e me olhou como se esperasse resposta, então eu assenti.

- acho que cê conhece o Netto, meu irmão – ele parou – acho que tudo começou quando eu nasci diferente do que ela imaginou – ele disse, respirou e continuou – cabelo liso, o olho verde, e bem gordinho. Quando eu era criança era fofo, e quando comecei a crescer deixou de ser.

- Ela sempre dizia que era pro meu bem, pra eu não ficar “feio”, "muito gordo", e que se eu não fosse atraente ninguém nunca ia me querer - aquilo me partiu o coração, a Dri era tão legal perto da gente e o Dhiogo sempre pareceu tão bem.

- eu até comecei a acreditar que era pro meu bem, mas aquilo tava fudendo com meu psicológico de uma forma - ele suspirou - eu era só uma criança.

- eu nem sempre fui esse padrão que 'cê' tá vendo, e ela me cobrava muito por isso – ele então pegou o telefone e me mostrou uma foto de quando era criança.

Ele tava surpreendentemente diferente, realmente bem gordinho, fazendo uma cara estranha e com uma blusa do super homem.

Eu segurei o riso, mas quando ele também riu eu não aguentei.
~ Eu tô com borboletinhas só de imaginar a Ju e o Dhi rindo juntinhos ~ 🦋🦋🦋 ciúmes também

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⏰ Última atualização: Oct 13, 2021 ⏰

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